Uma vespinha tem ajudado produtores de laranja a controlar o greening, doença que causa sérios prejuízos nos pomares de laranja. Em quatro anos, mais de 3milhões de insetos foram criados no laboratório Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), em Araraquara (SP).
As vespinhas, cujo nome científico é Tamaríxea radiata, não passam de um milímetro. Elas são usadas para combater o psilídeo que transmite para os pés de frutas cítricas uma bactéria que causa o greening, doença que mata a planta, deixando as folhas amareladas e afetando o desenvolvimento dos frutos.
A vespa deposita seus ovos na ninfa do psilídeo, que é a fase antes do inseto tornar-se adulto. A larva da vespa se desenvolve dentro da ninfa e se alimenta dela até crescer. A ninfa parasitada morre e assim é interrompido o ciclo de reprodução. “Cada vespinha consegue parasitar até 400 ninfas do psilídeo”, disse o pesquisador Renato Bassanezi.
O controle é de 70% a 80%, explicou a bióloga colombiana Clara Delgado. Ela trouxe para a região uma larga experiência de trabalho com a vespinha, na época em que morou na Costa Rica. Hoje, ela é responsável pelo laboratório de controle biológico do Fundecitrus, criado há quarto anos especialmente para multiplicar a vespa.
As vespas criadas no laboratório são soltas em locais que ficam em volta das plantações comerciais e onde não há controle sistemático do greening.
Um exemplo são os pés de murta plantados na calçada de um bairro de Gavião Peixoto. O lugar fica a cerca de 2 km da plantação de laranja mais próxima. A ideia e evitar que os insetos que possam infestar uma planta cheguem até lá. “O psilídeo gosta muito dessa planta para se reproduzir”, disse Bassanezi.
A soltura acontece quando o Fundecitrus identifica um aumento na quantidade de insetos que causam a doença. Esse controle é feito com a ajuda dos produtores. Eles têm espalhado na plantação armadilhas que atraem o psilídeo pela cor amarela, e ficam presos na cola do papel.
A cada 15 dias, o produtor conta quantos insetos há na armadilha e manda a informação para o site do Fundecitrus. A partir disso, inicia-se uma ação coordenada de controle do inseto.
É preciso que em uma mesma semana todos os produtores em um raio de 5 km façam a pulverização para matar o psilídeo, além de outras ações de controle do greening, como substituir as plantas doentes por mudas sadias.
A ação coordenada entre produtores e o Fundecitrus tem resultados positivos. Na Fazenda São Judas Tadeu, em Boa Esperança do Sul, achar uma planta atingida pelo greening é cada vez mais difícil. Elas representam hoje 1% dos 182 mil pés de laranja lá plantados.
O administrador da fazenda, Donizete Aparecido de Oliveira, contou que há três anos o percentual de plantas infectadas era maior. “Chegamos a erradicar mais de 3%. É um grande prejuízo porque leva três anos para a planta começar a produção”, disse.
Fonte: G1