De 4 a 8 de fevereiro, em Cascavel (PR), a Embrapa Mandioca e Fruticultura vai participar da 31ª edição do Show Rural Coopavel. O evento visa fortalecer e ampliar as produtividades de várias culturas da região oeste do Paraná e deve atrair 520 expositores, com expectativa de movimentação financeira entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.
Experimentos com a cultura da mandioca foram implantados na Vitrine Tecnológica do evento, como variedades apropriadas para o Centro-Sul do país e uma câmara de multiplicação rápida, com as manivas em brotação. No estande, diversas tecnologias sobre as culturas do abacaxi, banana e mandioca vão ser divulgadas.
Abacaxis BRS Imperial e BRS Vitória – Variedades resistentes à fusariose (principal doença da cultura no Brasil) desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético criado em 1984. O plantio dessas cultivares dispensa a utilização de fungicidas, o que possibilita a redução nos custos de produção, e contribui para reduzir a poluição ambiental e aumentar a segurança alimentar. Os frutos não possuem espinhos nas folhas, o que facilita a colheita e pós-colheita. Podem ser destinados ao mercado de consumo in natura e à agroindústria. Obtido do cruzamento das variedades Perolera e Smooth Cayenne, o BRS Imperial produz frutos menores que os da variedade tradicional Pérola e de cor amarelo intenso enquanto os frutos do BRS Vitória são maiores e têm polpa branca, sendo resultante do cruzamento da cultivar Primavera com a Smooth Cayenne.
BRS Princesa – A banana tipo Maçã teve o cultivo cada vez mais reduzido devido à alta suscetibilidade ao mal-do-Panamá, doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. cubense, que provoca perdas de 100% da produção e ainda permanece no solo por décadas. Para enfrentar essa doença devastadora, a Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvolveu a BRS Princesa, que tem porte médio a alto e características de tamanho, formato e gosto muito similares aos da Maçã. Seu plantio vem sendo direcionado principalmente para regiões produtoras e consumidoras de banana Maçã. Produtores de diversas partes do país já plantam a BRS Princesa e a comercializam em grandes mercados.
BRS CS01 (mandioca para indústria) – Para atender à elevada demanda por materiais com alta produtividade, elevado teor de amido (carboidrato utilizado em indústrias alimentícias, de mineração, exploração de petróleo etc.) e resistência às principais doenças, a Embrapa desenvolveu sua primeira variedade de mandioca para a indústria. Recomendada para os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, a BRS CS01 apresentou, no segundo ciclo (colheita aos 18 meses), produtividade até 93% superior às variedades hoje plantadas nesses estados.
Na região, estão concentradas as indústrias responsáveis por cerca de 80% da produção brasileira de fécula de mandioca, mas a produção de raízes baseia-se em poucas cultivares, plantadas em grandes áreas. Em consequência disso, têm surgido vários problemas, associados principalmente a pragas e doenças, que diminuem a produtividade, prejudicando o rendimento das indústrias e reduzindo o lucro dos agricultores.
Os cruzamentos foram feitos na Embrapa Mandioca e Fruticultura, e as plantas provenientes das sementes obtidas nesses cruzamentos foram levadas para avaliação na Embrapa Agropecuária Oeste (MS) e áreas de parceiros.
BRS 396 e BRS 399 (mandiocas de mesa) – As duas variedades apresentam elevado potencial produtivo, precocidade (colheita a partir dos sete meses após o plantio), polpa das raízes de coloração amarela, reduzido tempo para cozimento, boas qualidades culinárias, arquitetura pouco ramificada (favorável aos tratos culturais) e facilidade de colheita (raízes mais horizontais, que favorecem o arranque). A BRS 396 apresenta moderada resistência à bacteriose e resistência ao superalongamento, enquanto a BRS 399 é resistente aos dois problemas. Essas foram as primeiras cultivares de mandioca recomendadas pela Embrapa para Paraná e Mato Grosso do Sul. Em relação à BRS 396, obteve-se produtividade 40% superior à cultivar-padrão, bastante difundida na região, enquanto para a BRS 399 a produtividade foi, em média, 73,6% superior à cultivar-padrão.
Reniva – A “Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária” é uma estratégia para promover efetivo ganho de qualidade e produtividade no sistema de produção da mandioca, ao promover maior sustentabilidade e competitividade para esta cultura e disponibilizar manivas em quantidade suficiente e nos períodos de maiores demandas, em função das melhores épocas de plantio. A ideia nasceu na Bahia, a partir do trabalho da equipe de transferência de tecnologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura, reunindo diversos parceiros, tanto públicos como da iniciativa privada, e está se difundindo pelo país.