João da Cruz fica de olho na lavoura todos os dias. Tanto cuidado é para garantir o perfeito desenvolvimento da uva Pilar Moscato. São quatro hectares plantados com essa variedade, que tem como principal característica a doçura. A expectativa é tirar da lavoura 40 toneladas de uva, o dobro da produção do ano passado.
O parreiral é coberto com uma tela, uma proteção para evitar pássaros e granizo. Durante três meses, os cachos ficam protegidos com um saco de papel especial contra umidade e têm ainda uma cobertura plástica. A distância entre uma linha e outra é de 40 centímetros, para melhorar a incidência da luz solar, o que aumenta a quantidade de açúcar na uva.
A colheita, que começou em janeiro, só termina no fim de abril. Os cachos só são retirados dos pés quando atingem 18% de teor de açúcar. A uva é doce como mel, não tem semente e tem bastante polpa.
O índice de açúcar é medido por um equipamento chamado refratômetro. Para saber se a uva está no ponto, um teste é feito em um gomo da parte de cima do cacho, que é mais doce, e em outro de baixo. As frutas de variedades comuns costumam ter no máximo 14% de açúcar, as da Pilar Moscato passam de 20%.
A variedade é uma mutação espontânea de uva Itália. Ao longo de sete anos, produtores do município aprimoraram as técnicas de manejo e descobriram que, para chegar ao tamanho desejado e ao sabor diferenciado, é preciso produzir menos em cada pé.
Com tantos cuidados específicos, o custo de produção hoje é até três vezes maior do que nos parreirais de variedades mais comuns.
Em Pilar do Sul, 20 agricultores trabalham com essa variedade. A produção é vendida para mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.