Nome científico: Eugenia pyriformis Cambess
Nome popular: uvaia, uvalha, ubaia, uvaia-do-cerrado, ubaia.
Família botânica: Myrtaceae
Distribuição geográfica e habitat: encontrada no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. No Brasil, ocorre na Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista, no Cerrado e na Mata Ciliar.
E. pyriformis é a espécie mais comum de uvaia, embora existam outras espécies. Das frutas nativas dessa família, é uma das mais reputadas e conhecidas, embora pouco cultivada. Recente publicação da Sociedade Brasileira de Fruticultura dá informações sobre essa fruta (SARTORI E OUTROS, 2010). Esses autores citam a existência de vários tipos e variedades de uvaia (ver INFORMAÇÕES ADICIONAIS, ao final deste artigo).
Fruta: no geral, é de tamanho pequeno, com peso médio entre 20 e 25 g, casca lisa e fina, amarela a alaranjada, contendo uma a três sementes por fruto. O rendimento de polpa é bom, com até 80% do peso do fruto, e as cascas são comestíveis também. Como o fruto é mole, é fácil separar a polpa e a casca das sementes.
Clima e solo: pode ser encontrada em temperaturas entre 9,4 a 26,4 °C, com chuvas uniformemente distribuídas na Região Sul e periódicas, nas demais regiões. O regime de precipitação pluvial média anual pode ocorrer desde 1.100 mm no Estado de São Paulo, a 2.300 mm no Paraná. Suporta geada. Requer solos de alta fertilidade, bem drenados, úmidos, com textura areno-argilosa. Pode ocorrer em solos graníticos até eruptivos, sedimentares e aluvionais.
Propagação: para obter as sementes, é preciso despolpar a fruta manualmente em água corrente. Porcentagem de germinação: superior a 40%. Emergência: entre 10 e 40 dias. Tempo para a produção das mudas: 7 a 8 meses. Sementes/kg: 1.170 unidades.
O fruto é muito perecível, devendo ser colhido com cuidado e transportado em caixas, em pequenas camadas, para utilização imediata, ou congelamento. Os usos mais comuns são para suco, geleia, doces, licores, sorvetes e outros produtos.
A polpa do fruto pode ser conservada a -18oC, em sacos plásticos, em câmaras frias ou freezer comum, podendo ser utilizada para se fazer os produtos usuais.
O uso medicinal da uvaia ainda não é conhecido.
Como não há produção comercial importante, mas apenas de plantas esparsas em pequenos pomares, a uvaia não aparece regularmente nos mercados, apesar de ser bem reputada nas regiões onde há produção, principalmente para se fazer sorvetes.
Curiosidades: É polinizada principalmente por abelhas. A dispersão é por gravidade ou zoocórica, realizada por aves e mamíferos. A denominação do gênero Eugenia é dedicada a Francisco Eugenio de Saboya – Carignan, chamado “príncipe de Saboya, generalíssimo imperial de notável talento militar e protetor das artes”; o epíteto pyriformis significa fruto em forma de pera. O nome popular uvaia deriva do tupi iwa, ubaia ou ybá-ai, e quer dizer fruto azedo.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.
Vitaminas – vitamina A – 0,03-0,23 mg; vitamina B1- 0,04 mg; vitamina B2 – 0,04 mg; vitamina C – 30-200 mg; B3 – 0,5 mg.
Minerais – cálcio – 10 mg; fósforo – 15 mg; ferro – 0,3 mg.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.
É fruta ácida, que os indígenas denominavam de “iwa’ya”. Entendiam que era só uma fruta que seria comida junto ao pé. Só isso? Não. Lembro-me de que, quando iniciei a coleção de árvores frutíferas, gostaria de ter uma uvaieira. Não sei como, mas certo sábado, estava na propriedade junto a um poste de eletricidade, quando encontrei uma pequena planta de uvaia. Plantei-a com cuidado. Como chegou até ali? Talvez por um pássaro que trouxe a semente de um lugar distante. Trata-se de uma uvaia comum, ácida, com casca fina e muito sucosa. Posteriormente, ganhei duas mudas de uvaia que me disseram ser de fruta grande e doce. Só tinha aquelas duas mudas, pois a planta-mãe havia morrido. Aliás, destas duas, uma também morreu, a outra produziu frutas grandes, enrugadas, sabor delicioso, pouco ácidas e frutas firmes. Pelas características, foi denominada Uvaia-Rugosa-Doce. O gosto pelas uvaias foi crescendo. Adquirimos a Uvaia-Rugosa, Uvaia-Rugosa-Azeda, Uvaia-Rugosa-Doce-Tardia, Uvaia-Amarela-Clara-Doce (quase sem acidez), Uvaia-Pera (esta provavelmente deu o nome científico à fruta de Eugenia pyriformis), Uvaião (fruta bonita, ácida, com sabor residual que lembra cebola), Uvaia-Rugosa-Precoce, Uvaia-Perinha (Eugenia lutescens, que junto com a Uvaia-Rugosa, originou a Uvaia-Rugosa-Doce) e Uvaia-de-Patos, enfim, temos vinte variedades de uvaia. A mais recente é a Uvaia-da-Casca-Dura, que além de saborosa, tem maior tempo de sobrevida. Hoje, as uvaias são usadas na indústria rural para a fabricação de sucos, sorvetes, mousses e licores, além da cosmetologia, na fabricação de xampus, condicionadores, sabonetes e hidratantes. Na próxima safra, iremos analisá-la sob o ponto de vista farmacológico e químico. O Uvaião, em início das pesquisas, já mostrou apresentar uma essência útil na perfumaria. Talvez daqui a um ou dois anos, poderemos orgulhar-nos desta fruta brasileira, deixando assim de ser conhecida somente como uma fruta ácida.
Foto 1. Uvaia doce de Patos, MG. Foto 2. Frutos de uvaia comum, Foto 3. Frutos de uvaia Perinha. Foto 4. Frutos de uvaia rugosa. (Fotos: Dr. Sérgio F. Sartori)
Fonte: Dr. SÉRGIO F. SARTORI, médico, presidente da Associação Brasileira de Frutas Raras.