Mesmo se fazendo presente na culinária e na agricultura familiar do Nordeste, há registros do umbu desde o Brasil Colonial, quando também era chamado de “ambu”, “imbu” ou “ombu”, termos estes que derivam da palavra tupi-guarani ymbu, cujo significado é “árvore que dá de beber”.
Por armazenar até 1,5 litro de água e reservas nutritivas nas raízes modificadas, o que permite resistir à seca, a fruta alcança maior resistência ao estresse hídrico, como explica a nutricionista clínica e engenheira de alimentos, Juliana Nogueira*, que também ressalta o valor socioeconômico do fruto.
“O umbu é uma espécie frutífera nativa do umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), planta tropical endêmica, xerófila lenhosa e perene, que produz os frutos em épocas de baixa precipitação. Ele possui um papel importante no Nordeste, como recurso nutricional e fonte alternativa comercial para agricultura familiar durante a quadra não chuvosa”, justifica.
COMO PLANTAR?
As sementes de umbuzeiro germinam apenas em condições específicas de umidade, temperatura e luz, preferencialmente no início do período de chuvas e sem a necessidade de desmatar a área de plantio.
Segundo a professora do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), Larissa Morais Ribeiro da Silva*, o plantio deve ser feito após o uso da fruta.
“Recomenda-se que depois disso, as sementes sejam guardadas por um período de seis meses antes do plantio. Para apressar essa germinação, pode ser feito um corte inclinado na parte distal do caroço (oposta ao pedúnculo do fruto)”, explica.
QUANTOS TIPOS EXISTEM?
O gênero Spondias possui aproximadamente 18 espécies, a exemplo do umbu, cajarana (S. lutea L.), seriguela (S. purpurea L.), umbuguela (Spondias sp.), cajá-manga (S. cytherea Sonn.) e umbu-cajá (Spondias sp.), que são frutos diferentes.
PARA QUE SERVE?
As vitaminas A e C presentes no umbu, em especial, estimulam o sistema imunológico, a cicatrização, a formação do colágeno e a absorção de ferro, combatem a ação dos radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e doenças como o câncer.
Ao mesmo tempo, explica Juliana, as vitaminas do complexo B presentes no fruto atuam no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, enquanto as do A também previnem doenças da córnea. Além disso, têm alta concentração de fibras, o que estimula o bom funcionamento do sistema digestivo e potencializa a saciedade.
“É fonte de fibras (2g a cada 100g) e oferece uma sensação maior de saciedade, reduzindo o consumo de calorias diárias por controlar o apetite e auxiliando na perda de peso”, complementa.
COMO COMER?
Com polpa branco-esverdeada, suculenta e agridoce, a maneira mais comum de apreciar a fruta é in natura, ou seja, sem ser processada depois de retirada do pé. No entanto, o umbu vai bem no preparo de sucos, chás, pudim, mousse, sorvete, geleia, compota, vinhos, vinagres, refrigerante, cachaça, além da tradicional umbuzada.
Como fazer umbuzada?
Para quem não conhece, a umbuzada (ou imbuzada) é uma bebida tradicional da Bahia preparada a partir do cozimento do umbu com leite e açúcar. Semelhante a um smoothie, essa bebida é rica em cálcio, potássio, vitaminas e é uma ótima opção para o lanche da tarde. Que tal experimentar?
Ingredientes: – 500 g de umbu
– Água para cozinhar
– ½ xícara de açúcar demerara
– 1 xícara de leite vegetal
Para preparar, comece cozinhando o umbu em uma panela com água até que ele mude de cor. Depois, espere esfriar, remova a polpa e bata no liquidificador junto com o leite e o açúcar. Em seguida, é só colocar na geladeira para servir geladinho. Fica delicioso e é bem nutritivo!
COMO PREPARAR O SUCO?
Rico em vitaminas e antioxidante, o umbu deve ser lavado com água potável e sanitizado através da imersão em uma solução à base de cloro para destruição dos micro-organismos, antes de ir para o liquidificador.
Conforme Larissa Morais, a solução pode ser preparada utilizando água sanitária, quando no rótulo constar uso permitido para alimentos. Os frutos devem ficar submersos por 15 minutos e, em seguida, deve ser feito o enxágue com água potável.
Processo concluído, é hora de cortar a fruta em pedaços com ou sem casca, retirar o caroço e bater a polpa no liquidificador com água. Depois, o suco deve ser adoçado e servido gelado.
Fonte: Diário do Comércio.