Em um momento em que cresce o debate sobre a queda das populações de insetos no mundo e suas possíveis causas, o Brasil avança nos estudos científicos sobre suas abelhas nativas. O fomento à geração de conhecimento vem, sobretudo, por parte de iniciativas privadas e não governamentais, contrapondo o contexto atual de redução da verba pública para a pesquisa no País.
Um exemplo é o surgimento de ferramentas digitais que oferecem um caminho mais curto para acessar o conhecimento científico disponível sobre abelhas e polinizadores.
Nesse cenário, a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) lança hoje a marca InfoA.B.E.L.H.A., plataforma que incorpora dois sistemas de busca desenvolvidos pela A.B.E.L.H.A.: Sistema de Informação Científica sobre Abelhas Neotropicais, lançado em 2016, com dados sobre as espécies de abelha, como registros em coleções, estudos, distribuição geográfica, fotos, entre outros; e Sistema de Informação sobre Interações Abelhas – Plantas no Brasil, lançado em 2017, que reúne dados sobre a Interação de mais de 900 espécies de abelhas com mais de duas mil espécies de plantas. Os dois sistemas mantêm os seus nomes, mas ganham agora um “apelido”, uma forma mais simples de identificação: Info A.B.E.L.H.A. – Neotropicais e Info A.B.E.L.H.A. – Abelhas-Plantas.
O objetivo da nova marca é popularizar e estimular o seu acesso para um público mais amplo. “A ferramenta já é bem conhecida e utilizada no meio acadêmico e governamental. Mas queremos que seja útil para todos os interessados no tema, como ambientalistas, professores e alunos do ensino médio e, principalmente, agricultores e criadores de abelhas”, diz Ana Lucia Assad, diretora-executiva A.B.E.L.H.A..
Ela explica que o Info A.B.E.L.H.A. é um aliado para conservação das abelhas nativas do Brasil. “Em um momento de crescimento da meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão), é importante que os criadores trabalhem apenas com espécies nativas da sua região, para evitar possíveis desequilíbrios ecológicos. Esse cuidado é possível graças à indicação de distribuição geográfica oferecida pela plataforma”, explica Assad.
Também agricultores podem usar a ferramenta, por exemplo, para identificar quais as espécies de plantas nativas e abelhas ocorrem nas áreas de seus cultivos, sendo útil para recuperação de áreas florestais e tomando precauções na aplicação de defensivos.
O sistema agrega, organiza e compartilha dados sobre taxonomia e ocorrência das espécies nativas do Brasil. É a maior fonte agregadora de informações sobre espécies neotropicais do Brasil e uma das maiores do mundo.
Ao pesquisar uma abelha pelo nome científico ou popular, o usuário da plataforma tem acesso a um amplo conteúdo, que inclui um inventário de todos os registros da espécie em coleções no Brasil e no mundo, estudos e teses relacionados, fotos e ocorrências geográficas, além de uma relação de plantas visitadas pelos respectivos insetos. Informações que antes estavam dispersas.
As plataformas foram elaboradas em parceria com o Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA), entidade com experiência em desenvolver ‘e-infraestruturade dados’ e ferramentas sobre biodiversidade de acesso aberto e gratuito.