Uma nova variedade de laranja chamada “vermelha precoce”, um mutante espontâneo, está em estudos no Instituto Agronômico (IAC- APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e demonstrou possuir mais que o dobro de carotenoides totais, de betacaroteno e de licopeno, na polpa dos frutos, em relação à laranja Sanguínea de Mombuca, outra laranja de polpa vermelha. Com essas características, esse novo material terá ainda maior conteúdo de nutrientes que os da laranja Sanguínea de Mombuca, que por ter polpa e suco na cor vermelho claro, já apresenta teores mais elevados de carotenoides totais e de alguns carotenoides específicos, como o licopeno, normalmente ausente na polpa das laranjas amarelas. A conclusão das pesquisas do novo mutante deverá ocorrer nos próximos anos.
Enquanto a “vermelha precoce” segue em estudos, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do IAC-APTA, tem pesquisado três outras variedades de laranjeiras de polpa vermelha, ainda pouco exploradas no Brasil: a Sanguínea de Mombuca, a Baía Cara-cara e a Valência Puka. Neste mês de agosto é possível ver as laranjas vermelhas em campo, no Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do IAC, em Cordeirópolis, interior paulista.
Até o momento, dentre essas três variedades, apenas a Sanguínea de Mombuca possui os registros necessários para a comercialização de borbulhas pelo Instituto. Porém, espera-se que, até 2020 as demais variedades possam ser registradas e comercializadas aos produtores do estado de São Paulo e do Brasil.
Além da polpa vermelha, a Sanguínea de Mombuca possui frutos com formato esférico, tamanho médio, maturação precoce e média de 55% de suco. “O peso médio do fruto é de 140 gramas, com média de oito a dez sementes. Já o suco, tem bom sabor, com doçura (10-11º brix) e acidez (1,0%) no ponto certo”, diz Latado. Dentre as variedades de polpa vermelha, apenas a Sanguínea de Mombuca já possui plantios comerciais nos pomares paulistas, que somam cerca de um milhão de plantas. A maioria está em fazendas pertencentes às indústrias e os frutos são destinados à produção de suco pasteurizado, segundo o pesquisador.
As laranjas de polpa vermelha, originadas de várias regiões do mundo, incluindo o Brasil, produzem frutos com cor vermelha na polpa e suco laranja escuro, independentemente da região de cultivo. O princípio ativo diferencial é o licopeno, assim como ocorre nos tomates e melancia. Estudos no Centro de Citricultura do IAC com a quantificação de carotenoides em frutos de Sanguínea de Mombuca mostraram que ela apresenta entre 10% e 73% a mais carotenoides totais do que o da laranja Pêra. “Os valores variam de 8 mg a 12 mg de carotenoides totais por litro de suco”, diz Latado.
“O diferencial se confirma também nas análises dos sucos dos frutos da Valência Puka, que apresentou teores de licopeno entre 0,5 mg e 3 mg por litro de suco”, explica. Nessa mesma análise, a laranja Pêra apresentou valores quase não detectáveis pelo método adotado.
A possibilidade desse grupo de laranjas contribuir para o aumento do consumo de citros ocorre porque alguns dos principais carotenoides presentes em maiores teores nesses frutos, o licopeno e os carotenos, apresentam funções nutricionais e medicinais. “O licopeno aparece atualmente como um dos mais potentes agentes antioxidantes naturais, sendo sugerido na prevenção de carcinogênese e aterogênese devido à sua capacidade de proteger móleculas, inclusive o DNA, da ação de radicais livres, conforme consta na literatura”, diz Latado.
O pesquisador relata que mais de 39 diferentes carotenóides já foram identificados em suco de laranja e alguns são precursores da vitamina A, outros possuem somente ação antioxidante, sendo que o licopeno é o principal deles. *IAC/APTA