(10/01/2011 – EPTV – Emissoras Pioneiras de Televisão)
Além de derrubar a produção das frutas, os pesquisadores ainda não encontraram a solução para o problema. Os pés carregados de lichia dão a impressão de mais um ano com fartura da fruta doce que ganhou o paladar brasileiro, mas depois da safra recorde em 2009, a sequência foi quebrada por uma praga invisível com consequências desastrosas.
O produtor Antônio Carlos tem 1.900 pés de lichia em Mogi Mirim, interior de São Paulo, e perdeu 75% da produção: “Um ácaro que nós não conhecemos e além do mais ele é 60 vezes menor do que o menor existente no país”, conta Seu Antônio Carlos. Mesmo em pomares onde os pés estão podados e com defensivo o ácaro pode se infestar e atrapalhar a produção. “O ácaro espera o broto e quando ele sai infesta o fruto, que pega uma cor marrom perde o valor de mercado”, explica Seu Antônio Carlos. Apesar da experiência de 14 anos colhendo a fruta, Seu Antônio já fez várias tentativas para conter a praga, mas não conseguiu resultado: “Comecei a jogar cal agora, não sei mais o que tentar”.
Pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas identificaram plantas atingidas em 29 municípios do interior de São Paulo e sul de Minas Gerais. A praga é conhecida como ácaro da erinose e ataca as folhas e os frutos da lichia e como é bem pequeno não dá para ver a olho nu. Os primeiros sintomas são bolhas, em seguida a planta é coberta com uma espécie de ferrugem aveludada. “Inicialmente a gente observava umas verrugas na face interior, onde o ácaro vive, elas fazem com que a folha não realize fotossíntese”, explica o pesquisador Adalton Raga. Apesar de várias experiências em busca de um inimigo natural, os pesquisadores ainda não encontraram a solução: “É difícil controlar a praga porque o ácaro se esconde na erinose e então nenhum produto consegue ter contato com ele, e dessa maneira o bicho não morre”.
O produtor Luis Martins conseguiu manter a produção aplicando defensivos e fazendo a poda dos galhos atingidos pelo ácaro: “Tenho que passar na produção toda com freqüência, para verificar e tirar folhas doentes, foi a única maneira que encontrei para controlar”. Apesar do esforço, 25% dos pés não produziram. A perda deve ser repassada para o consumidor: no ano passado o quilo da lichia foi vendido a R$ 3, este ano pode chegar aos mercados por R$ 20. “A China convive com esse ácaro há 50 anos, se ela convive nós também podemos conviver”, diz Seu Antônio Carlos.