03/09/2013 – Globo Rural
Pomares inteiros estão dominados pela praga. Ácaro atinge as folhas e prejudica o desenvolvimento dos frutos.
O patrimônio precioso que Ernesto Maeda construiu ao longo de toda uma vida de trabalho conta com 2,6 mil pés de lichia. A fazenda dele fica em Bastos, interior de São Paulo, onde foram plantadas as primeiras mudas da fruta no Brasil na década de 1960.
Em 2007, uma espécie de praga, o ácaro Aceria litchii, foi identificado em várias plantações do país, chegou ao interior de São Paulo, que hoje é a maior região produtora do Brasil, e atingiu os pés de lichia da fazenda de Ernesto. De 150 toneladas da fruta colhidas por ano, a produção caiu para 90 toneladas.
O ácaro começa na folha da lichia, cria rugas marrons e aveludadas. A praga pode se espalhar por outras folhas, o que impede a fruta de se desenvolver. Muitas vezes, ela cai do pé antes mesmo de se formar e no mês de novembro, época em que acontece a colheita, muitos pés estão tomados pelo ácaro. Ernesto até tentou combater o problema com inseticidas, mas não obteve resultados.
Uma universidade de Marília também têm vários pés de lichia e estuda o desenvolvimento da fruta, mas segundo o engenheiro agrônomo Ronan Gualberto, o ano passado a praga prejudicou 100% da colheita. Ele diz que as frutas infestadas não são prejudiciais à saúde, mas que o aspecto deixado pelo ácaro impede a comercialização.
Especialistas têm recomendado aos produtores prejudicados que façam a poda total da folhagem no mês de janeiro, quando seria o fim da época de colheita.
A maior preocupação dos produtores é que ainda não existe nenhum remédio licenciado para combater a praga no Brasil, que tem hoje, aproximadamente, 160 mil árvores da fruta.
A poda drástica, como recomendam os agrônomos até pode ser uma alternativa de prevenção do ácaro para produtores menores, mas para as grandes plantações, como a fazenda de Ernesto, em Bastos, uma poda significaria um investimento enorme para cuidar de todos os pés de lichia. Além de São Paulo, Minas Gerais e o Paraná também se destacam na produção da lichia.