Nome científico: Leandra australis (Cham.) Cogn.
Nomes populares: pixirica, cabeludinha-do-cerrado ou do brejo, tinge-língua, mexerica, peludinha e caraxingui (que vem do Tupi-Guarani e significa “erva de fruto que tinge”).
Família botânica: Melastomataceae
Distribuição geográfica e habitat: nativa, não endêmica do Brasil. Encontrada no Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Planta heliófita, ruderal, desenvolvendo-se em orla de matas e capoeiras na Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual.
Características gerais: as plantas de L. australis são arbustos pequenos, comuns em beira de estradas, caminhos e trilhas. Possuem folhas ovais com uma coloração verde escura característica, e venação basal ou curtamente suprabasal. As inflorescências possuem indumento vermelho escuro a nigrescente e flores com corola alva e estames amarelos. Pode ser confundida com L. xanthocoma, que difere pelos estames maiores (anteras com até 5,0 mm de comprimento) e ovário com 4 lóculos. São subarbustos a arbustos de 0,5-3,0 m de altura. O ramos jovens são cilíndricos, com indumento estrigoso a hirsuto (tricomas com 3,0-4,5 mm de comprimento), estrelado, moderado a denso. Folhas: pecíolos com 0,8-2,4 cm de comprimento; lâmina medindo 6,5-10,5 x 3,0-6,0 cm, membranácea, oval, com ápice agudo a acuminado, margem denticulada, base obtusa, nervuras 5 a 5+2 basais a curtamente suprabasais; face adaxial com indumento estrigoso, moderado a denso, tricomas com 2,0-3,3 mm, face abaxial com indumento pubescente, esparso a moderado, tricomas com 1,5-2,0 mm, e estrelado, moderadamente denso. Panículas com 10,5-16,5 x 4,5-8,5 cm; brácteas com 2,0-4,3 X 0,6-1,0 mm, lineares a lanceoladas, ápice aristado; bractéolas com 0,8-1,5 x 0,4-0,6 mm, oblongas a lanceoladas, ápice aristado. Flores: pentâmeras, hipanto com 3,5-4,3 x 2,0-3,0 mm, campanulado, indumento hirsuto, moderado, e estrelado, esparso; cálice com tubo de 0,3-0,5 mm, lacínias internas com 1,0-1,5 mm, triangulares, ápice agudo, lacínias externas com 2,3-3,0 mm, lineares, ápice aristado; pétalas com 3,3-4,3 x 1,0-1,4 mm; 10 estames, com conectivo medindo 2,5-3,8 mm, dorsalmente espessado, inapendiculado; antera com 2,5-3,8 mm, amarela; ovário medindo 1,8-2,6 x 1,3-1,7 mm, trilocular, ápice glabro, estilete com 7,0-10,0 mm, glabro. Frutos: medem 5,0-6,0 x 4,0-4,5 mm, contendo 150-300 sementes, medindo 1,0-1,2 x 0,5-0,7 mm, piramidais a reniformes (CAMARGO, 2008, p. 42).
Clima e solo: é de clima subtropical, adaptando-se também ao tropical. É esciófita. Prefere os solos areno-humosos e úmidos.
Usos: os frutos maduros são ricos em antocianinas, que são um importante composto alimentar. São comestíveis e popularmente chamados de tinge-língua, por causa da coloração roxo-escura dos frutos. Os frutos também servem para o fabrico de geleias, sucos, sorvetes, licores e polpa congelada.
Curiosidades: floresce e frutifica praticamente o ano todo. A dispersão é zoocórica, ou seja, feita por animais.
Habitat: espécie autóctone que cresce espontaneamente em toda a Mata Atlântica sul-brasileira, em matas secundárias, capoeirões e capoeiras.
Fitologia: planta arbustiva, perene, ereta, com cerca de 60 a 100 cm de altura. O caule é cilíndrico e muito viloso. As extremidades dos ramos é avermelhada ou arroxeada. As folhas são longo-pecioladas, opostas, lanceoladas, acuminadas, base obtusa ou arredondada, pubescentes em ambas as faces, com duas nervuras principais originárias de uma mediana. As folhas medem cerca de 8 a 10 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura. Flores alvo-pubérulas dispostas em panículas terminais agrupadas nas extremidades dos ramos. Fruto tipo baga, suculenta, pubescente, violácea, quase negra, medindo cerca de 0,3 a 0,5 cm de diâmetro.
Clima: é de clima subtropical, adaptando-se também ao tropical. É esciófita, ou seja, tolerante à sombra e à luz solar.
Solo: Prefere os solos areno-humosos e úmidos.
Propriedades etnoterapêuticas: as folhas são usadas para regular o ritmo cardíaco e infecções urinárias e genitais; externamente, são utilizadas no tratamento de moléstias da pele. Popularmente, também é utilizada como hipocolesterolêmica, ou seja, para reduzir os níveis de colesterol no sangue.
CAMARGO, E. A. O Gênero Leandra, seções Carassanae, Niangae e Secundiflorae (Melastomataceae) no Paraná. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2008. 70p.
SOUZA, M.L.D.R., Baumgratz, J.F.A. 2010. Leandra in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.)