Nome científico: Jatropha curcas L.
Nomes populares: pinhão-manso, pinhão-da-índia, pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, pinhão-dos-barbados, pinhão-branco, pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, purgante-de-cavalo, figo-do-inferno, mandobi-guaçu, medicineira, pinhão-croá, purgueira ou purga.
Família botânica: Euphorbiaceae
Características gerais – a CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, publicou uma apresentação sobre essa fruta, que ganhou notoriedade quando foi apontada como uma das alternativas mais promissoras para a produção de biocombustíveis. Essa fama decorreu do fato de ser uma planta de cultivo economicamente viável tanto para pequenos agricultores familiares quanto para grandes empreendedores rurais. A apresentação da CATI, em forma de perguntas e respostas, é reproduzida a seguir.
O que é pinhão-manso?
É uma espécie da família das euforbiáceas, a mesma da mandioca, da seringueira e da mamona. Trata-se de um arbusto grande, com altura variando entre 3 e 5 m, rústico, com origem na América tropical, de onde foi levado pelos navegadores portugueses para todas as demais partes tropicais do mundo.
Qual a sua utilidade?
O pinhão-manso foi, por muito tempo, usado como cerca-viva e quebra-vento, em virtude da rapidez de seu crescimento, tanto na altura quanto no diâmetro de seu caule. No entanto, foi o alto teor de óleo de suas sementes, entre 35% e 38%, aliado à característica de queimar sem liberar fumaça (ou seja, sem lançar resíduos na atmosfera), que fizeram dele um dos mais conhecidos biocombustíveis de origem tropical. Já foi muito usado em candeeiros domésticos e em iluminação pública e é, ainda, usado na fabricação de sabões para uso doméstico. Na medicina humana e veterinária é usado como purgante, além de ser útil na indústria de produtos químicos derivados do seu óleo. Não é comestível, sendo tóxico para humanos e animais.
No Brasil onde ocorre o pinhão-manso?
Ocorre naturalmente em diversos estados brasileiros, onde é comum ser encontrado como cerca de divisas e, nos quintais mais antigos, próximo a antigas moradias, onde era usado como fonte caseira de óleo para queimar. Nos estados que fazem divisa com o Paraguai, é muito comum, inclusive em aldeias indígenas.
Quais as características dessa planta?
É uma planta arbórea de rápido crescimento, semidecídua, ou seja, possui folhas que caem em determinada época do ano. As folhas, verde-escuras e brilhantes, apresentam recortes nos bordos e formato de palmas. Apresenta dois tipos de flores (femininas e masculinas) de cor amarelo-esverdeada. A florada é longa, sendo a polinização feita por abelhas e outros insetos. Cada inflorescência, em forma de cacho, dá origem a 10 ou mais frutos. Os frutos são cápsulas ovoides, achatadas nas extremidades, com 2,5 a 3,0 cm de comprimento por 1,8 a 2,2 cm de largura. As sementes secas têm de 1,5 a 2,0 cm de comprimento por 1,0 a 1,3 cm de largura. O tegumento é rijo e quebradiço e uma película branca cobre a amêndoa, rica em óleo.
O óleo do pinhão-manso pode ser usado como combustível de motores?
Sim. Como todos os óleos ou graxas, ele pode ser usado na produção de biodiesel. Este se obtém a partir de uma reação química entre um álcool e um lipídio, na presença de um catalisador. Há notícias do uso de seu óleo in natura, em substituição ao óleo diesel durante a Segunda Guerra Mundial, com resultados satisfatórios.
Quais as vantagens do pinhão-manso sobre as outras culturas?
Sendo uma planta arbórea, pode ser instalada em terrenos que não sejam propícios à motomecanização, como áreas montanhosas, encostas, etc. Por contribuir para o aumento da área reflorestada, ajuda no sequestro de carbono, reduzindo o efeito estufa.
Como é feita a multiplicação do pinhão-manso?
O pinhão-manso pode ser multiplicado por meio de sementes, por estacas provenientes da poda de árvores adultas, micropropagação in vitro ou cultura de tecidos. As sementes podem ser plantadas diretamente no campo ou gerar mudas para posterior plantio, o que é mais seguro. As estacas podem ser enraizadas em sacolas plásticas com substrato ou plantadas em covas diretamente no campo. Esse tipo de estaca não confere à planta uma raiz pivotante, o que é uma desvantagem.
As mudas de laboratório devem ir ao campo bem enraizadas e em sacolas com substrato. Qualquer que seja o método escolhido, as árvores matrizes, destinadas a serem fornecedoras de sementes ou estacas, devem ser de origem conhecida, livres de doenças, bastante produtivas e com alto teor de óleo na semente.
Qual é o espaçamento recomendado para o plantio no campo?
Diversos são os espaçamentos indicados para o plantio. Em solos de pouca fertilidade, indica-se o espaçamento de 3 x 3 m ou 3 x 2 m. Nos terrenos mais férteis, a indicação é de 4 x 3 m ou 4 x 4 m. Deve ser dada preferência aos espaçamentos maiores, para evitar o sombreamento das plantas, uma vez que a espécie é bastante exigente em sol, além de facilitar os tratos culturais mecanizados.
Como deve ser o solo para o plantio?
Esta é uma cultura que não prospera em solos encharcados. Os solos escolhidos devem ser permeáveis, com boa consistência física e baixa compactação. Devem ser corrigidos em área total, elevando se o pH a 5,5.
Há necessidade de correção do solo e adubação?
Em se tratando de plantio comercial, busca-se sempre alta produtividade. Por isso, é preciso fazer análise de solo e, em função da interpretação dos resultados, proceder às correções aplicando-se calcário, de preferência o dolomítico, em área total, elevando o índice de saturação por bases a 60%. Quanto às adubações, também serão recomendadas em função da análise de solo. Porém, no plantio, em qualquer situação, é sempre recomendável a aplicação de 20 litros de esterco de curral por cova ou equivalente, além das adubações minerais de fundo, com fósforo e potássio.
Quando e como deve ser o plantio definitivo?
A época correta para o plantio é no período das chuvas, ou seja, nos meses de outubro a fevereiro, em covas previamente preparadas e marcadas em nível, evitando-se problemas com erosão nos primeiros anos da cultura. Os plantios podem ser feitos abrindo-se somente as covas em áreas de pastagens degradadas, pedregosas ou de topografia inclinada, corrigindo-se o solo nas covas e, anualmente, em toda a área de maneira superficial.
Qual é a produção?
A primeira colheita dá-se já no primeiro ano, de início pequena, aumentando ao longo das sucessivas safras até estabilizar-se entre os 5 e 6 anos. Poderá produzir, em média, 6 a 7 toneladas de amêndoas por hectare, sempre no primeiro semestre do ano, em três ou quatro colheitas. As amêndoas possuem de 35% a 38% de óleo, gerando produtividades em torno de 2.400 kg de óleo por hectare. O subproduto é uma torta rica em nitrogênio, fósforo e potássio, portanto, um excelente adubo. No futuro, se inativados os seus princípios tóxicos, a torta poderá ser fornecida aos animais. A casca é excelente fornecedora de energia e pode ser queimada em fornalhas de caldeiras.
Como é feita a colheita do pinhão-manso?
A colheita é feita manualmente, fazendo-se vibrar (chacoalhar) o pé ou os ramos, o que provoca a queda dos frutos maduros. Recomenda-se colocar “panos” sobre o solo, semelhantes aos usados na colheita do café, para facilitar a coleta. Em seguida, são levados a um terreiro, ou secador, para completar a perda de umidade, antes de serem armazenados. No futuro, máquinas de derriçar azeitonas e café, que funcionam por abanamento da árvore e dos ramos, poderão ser testadas nessa operação.
Há trabalhos realizados em São Paulo com o pinhão-manso?
Sim. Há pesquisas em andamento no IAC, em universidades e na iniciativa privada. A CATI, por intermédio do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), tem plantas matrizes e está formando áreas para servirem como produtoras de sementes em diversas regiões do estado, e encontra-se aparelhada e em condições tecnológicas e pessoais de produzir mudas, também por cultura de tecidos.
A CATI trabalha com outras oleaginosas?
Sim. Produz sementes de amendoim, soja, mamona e nabo forrageiro, que são vendidas nos Postos de Sementes e de Mudas da CATI. Também podem ser encomendadas nas Casas da Agricultura presentes na maioria dos municípios paulistas.
Crédito das fotos publicadas no início do texto: à esquerda, Embrapa; à direita, Bruno Galveas Laviola.
Mais informações – podem ser obtidas nas unidades da CATI, pelos telefones (16) 3626-0235, (16) 3626-2659 e (19) 3743-3825 ou pelo e-mail cps_ex@cati.sp.gov.br.