Pesquisadores do interior de São Paulo criaram uma cera que aumenta a duração das frutas. Tudo com um ingrediente que vem da natureza. O segredo está numa película que reveste a fruta.
No laboratório da Embrapa em São Carlos, os cientistas mergulharam os alimentos numa cera líquida feita com carnaúba – palmeira típica do Nordeste. Em meia hora, a substância seca e forma a camada protetora.
Para chegar à mistura, a equipe extraiu o pó da cera de carnaúba. Com a ajuda da nanotecnologia, os pesquisadores quebraram as partículas num tamanho mil vezes menor do que a espessura de um fio de cabelo.
“Ela controla a quantidade de oxigênio que entra nos frutos, diminuindo a quantidade de oxigênio, a gente vai reduzir o metabolismo do fruto, e consegue conservar por mais tempo”, explicou a pesquisadora Marcela Miranda.
A principal vantagem da nova técnica é aumentar o tempo de conservação. Dependendo do tipo, uma fruta dura em média uma semana. Se ficar na geladeira, até mais. Agora, as frutas revestidas com a cera de carnaúba podem durar mais que o dobro em temperatura ambiente e o sabor não muda nada.
Dá para ver diferença. Uma laranja que ficou duas semanas e não foi revestida com a cera está mais madura. Outra tem a película e está mais verdinha. As nanopartículas da carnaúba também deixam a fruta mais brilhante.
“Essa é uma cera 100% vegetal e, ao contrário da maior parte das ceras, ela não tem outros produtos sintéticos, sendo, portanto, uma cera segura para o consumo”, disse o pesquisador Daniel Corrêa.
A cera já começou a ser produzida no mercado. Até o fim de 2019 deve ser usada no processamento de frutas. Um dos benefícios é evitar o desperdício de alimentos.
“As perdas pós-colheita no Brasil são muito elevadas para frutas e hortaliças, com cerca de 40% a 50% do que é produzido jogado no lixo. Essa tecnologia vai contribuir tanto para o mercado externo quanto interno e o maior beneficiário é o consumidor, que vai ter um produto de melhor qualidade, uma vida de prateleira mais longa e isso com uma série de vantagens”, concluiu o pesquisador Marcos David Ferreira.
Fonte: Jornal Nacional/G1