04/09/2016 – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP
Hora de abrir mercado para as nozes e castanhas. Para debater as potencialidades nesse campo, foi realizado, na segunda-feira 29 de agosto, na sede da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), em São Paulo, o V Encontro Brasileiro e I Encontro Latino Americano de Nozes e Castanhas.
“Mais do que um encontro, aqui temos o sonho de transformar essa atividade, vista por muitos como de fundo de quintal, em negócio”, disse o vice-presidente do Ciesp e diretor de Nozes e Castanhas do Departamento de Agronegócio da Fiesp (Deagro), José Eduardo Camargo. “O potencial é muito grande”.
Também presente à abertura do evento, o presidente do Conselho Superior de Agronegócio (Cosag) da Fiesp, João de Almeida Sampaio Filho, lembrou da participação de Camargo num evento do setor, há alguns anos. “Na época, havia uma sensação de euforia em vários setores, como algodão e eucalipto, por exemplo. Todo mundo citando boa rentabilidade de produção em sua área”, disse. “Quando o Camargo levantou a mão e contou o que estava acontecendo com as nozes e castanhas, todos ficaram quietos. São muitas as oportunidades”, explicou.
Para Sampaio Filho, há espaço para novas culturas em São Paulo. “Olhamos muito para a soja e para a laranja, mas cabe diversificação”, afirmou. “As castanhas e nozes têm tudo para emplacar no estado, pois aqui temos gente preparada para produzir e mercado consumidor”.
Nessa linha de oportunidades, foi apresentado um panorama dos destaques nacionais na área.
Representante da Pecanita Agroindustrial, do Rio Grande do Sul, Claiton Wallauer destacou a produção da noz pecan. “A noz pecan ainda é pouco conhecia no Brasil”, disse. “A nossa meta é trazer cada vez mais renda para o pequeno agricultor, assumir o desafio da sustentabilidade do campo”, explicou.
Segundo Wallauer, o crescimento da produção, no caso da pecan, é de 500 a 600 hectares por ano em novas áreas de cultivo.
A floresta em pé
Gerente de Desenvolvimento do Ciex do Amazonas, Daniel Benzecry destacou a produção de Castanha do Brasil ou do Pará.
“A castanha do Brasil é o principal produto ecologicamente amigável que se conhece hoje, a maior fonte de renda do interior do Amazonas”, disse.
De acordo com Benzecry, a coleta da castanha depende da floresta, da preservação das árvores. “Quem trabalha com castanha do Brasil tem interesse de manter a floresta em pé”, explicou.
Uma curiosidade: a Bolívia, dona tem 70% da produção mundial, segundo números de 2015, é uma grande compradora da castanha do Brasil. “Cerca de 90% da castanha com casca que sai do Brasil vai para a Bolívia e para o Peru, com 17 mil toneladas exportadas por ano para os dois países”, disse. “Assim temos uma ideia do nosso potencial, do quanto nós podemos processar aqui”.
As possibilidades são grandes também quando o assunto envolve macadâmia. Segundo Ricardo Picard, da Tribeca Agroindustrial e Comercial, do Rio de Janeiro, a noz representa 2% das vendas mundiais da área. “Temos experiências boas no Brasil, onde pequenas e médias empresas podem ter um bom retorno a médio prazo, com a produção podendo durar 70 anos”.
A macadâmia é originária da Austrália e o consumo do alimento no Brasil é de três gramas por pessoa por ano.
Com vocês, o Baru
Diretor comercial da Flora do Cerrado, de Goiás, Peter Oliveira é um entusiasta do baru, castanha extraída do fruto de uma árvore, o baruzeiro, considerada um símbolo do cerrado brasileiro.
“O baru vem ganhando espaço, é uma joia do cerrado”, disse. “Entre os benefícios para quem consome o produto estão o fato de que ele é antioxidante, rico em cálcio, fósforo e manganês, ajudando a combater a anemia e sendo capaz de fortalecer os ossos”.
Hoje, há produção do baru nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
O exemplo do Chile
Do Centro Oeste brasileiro para o Chile, a experiência do país na produção de nozes foi apresentada pelo diretor embaixador para o Chile do International Nut and Died Fruit Council (INC), Siegfried Von Gehr.
Os chilenos conseguiram elevar as suas exportações do produto de US$ 20 milhões para US$ 300 milhões em dez anos. Hoje, o país é dono de 6% da produção mundial de nozes e de 11% das exportações.
“Vendemos para o exterior 90% da nossa produção”, explicou Gehr. “Somos um país pequeno, com 18 milhões de habitantes, não conseguimos consumidor tudo”.
As explicações para o bom desempenho na área? Uma combinação de clima e vontade do governo e da iniciativa privada. “Temos um clima mediterrâneo na zona central do Chile, muito propício à agricultura”, disse Gehr. “E incentivamos a produção de muitas formas, como a partir de uma lei que só permite a venda de alimentos saudáveis, como frutos secos e sementes, nas escolas chilenas”, afirmou. “Combatemos a obesidade infantil e valorizamos o consumo desses alimentos”.
Para o presidente do Datagro, Plínio Nastari, o Chile “deve servir de inspiração para o Brasil”. “O crescimento médio no consumo das nozes e castanhas no mundo está entre 6% e 8% ao ano”, disse. “Temos espaço para crescer”.
O Brasil exportou US$ 150 milhões em castanhas e nozes em 2015, sendo a castanha de caju o principal item nacional a ser vendido lá fora. “Não estamos falando de produtos exóticos, mas de alimentos com alto potencial de negócios”
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