Foto: Thiago Fernandes
Ao analisar amostras de coleções botânicas coletadas em áreas de Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro, duas plantas chamaram a atenção de pesquisadores, que suspeitaram serem novas espécies, até então não descritas pela ciência. Todavia, para se ter certeza disso eram necessários mais amostras e trabalho em campo.
Foi o que fez então um grupo de sete cientistas do Jardim do Botânico do Rio de Janeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Universidade Federal do Ceará (UFCE).
Em visitas a algumas áreas protegidas nos municípios de Niterói e Maricá, no litoral fluminense, os pesquisadores encontraram o que buscavam e o resultado do esforço é a descoberta de duas novas espécies de árvores frutíferas: a uvaia-pitanga (Eugenia delicata) e a cereja-amarela-de-niterói (Eugenia superba).
A primeira delas, a uvaia-pitanga, na imagem mais acima, tem frutos alaranjados e azedos. O tronco de sua árvore tem cerca de 12 metros de altura. A floração das pequenas pétalas brancas ocorre entre os meses de maio e setembro.
Já a árvore da cereja-amarela-de-niterói apresenta uma estatura maior, por volta de 15 metros de altura, com um tronco avermelhado. Seus frutos são amarelados e amadurecem a partir de janeiro.
As duas novas espécies pertencem ao gênero Eugenia, que possui mais de 400 espécies na flora brasileira, entre elas, pitombas, uvaias e pitangas. Ambas foram localizadas em áreas do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Parque Natural Municipal de Niterói, Monumento Natural Municipal da Pedra de Itaocaia e na Área de Proteção Ambiental do Morcego, da Fortaleza de Santa Cruz, dos Fortes do Pico e do Rio Branco.
Frutos da cereja-amarela-de-niterói (Foto: Divulgação/Thiago Fernandes)
Entretanto, no artigo científico na revista científica Kew Bulletin, em que descrevem a descoberta, os pesquisadores alertam que as árvores já devem ser consideradas ameaçadas de extinção, pois foram encontradas em fragmentos de florestas, em áreas de ocorrências limitadas e em pequenos números. No caso da cereja-amarela-de-niterói foram achadas somente quatro árvores adultas.
Apesar de estarem dentro de reservas de proteção, os cientistas explicam que elas estão sujeitas a ameaças como incêndios florestais.
“Como ambas as espécies possuem frutos comestíveis, incentivamos seu cultivo como árvores ornamentais e frutíferas para promover sua conservação ex-situ”, dizem os cientistas no artigo da Kew Bulletin. Ex-situ significa o cultivo, no caso de plantas, fora de seu ambiente natural.
A Mata Atlântica é um dos maiores biomas do Brasil, mas hoje conta com somente cerca de 12% de sua área original. Entre 2020 e 2021 houve um aumento de 66% na destruição de sua vegetação, em relação ao período anterior (2019 – 2020). Em apenas um ano, a perda de florestas nativas chegou a 21.642 hectares, o equivalente a mais de 20 mil campos de futebol.
Um dos exemplares da Cereja-amarela-de-niterói: pesquisadores ficaram impressionados com sua imponência, daí o nome científico Eugenia “superba”.
Fonte: https://conexaoplaneta.com.br/blog/descobertas-duas-novas-especies-de-arvores-frutiferas-na-mata-atlantica/