Por Rafael Castro, EPTV2 –
Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), desenvolveram uma película invisível comestível que dobra a vida útil do morango. Os cientistas, em parceria com a Unesp de Araraquara, criaram a substância a partir de ingredientes de origem vegetal.
A solução aquosa é composta de óleos essenciais de hortelã e capim, cera de carnaúba, uma palmeira típica do nordeste, amido de araruta, uma planta medicinal e os nanocristais de celulose, com partículas mil vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo.
Morangos com película comestível duram até 14 dias, segundo pesquisadores da Embrapa em São Carlos — Foto: Rodrigo Sargaço/EPTV.
Os morangos são mergulhados na substância e, em meia hora, ela seca e forma a camada protetora, que não muda o sabor da fruta.
Por ser um dos alimentos mais sensíveis à variação de temperatura, o morango estraga muito rápido. Com a nova tecnologia, os pesquisadores descobriram que é possível até mesmo dobrar o tempo de vida útil logo depois da colheita até a chegada ao consumidor.
“Na geladeira, o morango ele dura aproximadamente cinco dias. Com a aplicação do revestimento, a gente conseguiu prolongar essa duração por até 14 dias. no campo. O produtor também vai conseguir observar esse incremento na durabilidade do morango, mesmo armazenando ele em condições de temperatura ambiente”, disse o Josemar Oliveira, pós-doutorando na Embrapa Instrumentação.
Os resultados foram publicados na revista científica ‘International Journal of Biological Macromolecules‘. Os pesquisadores explicam que a película forma uma barreira que limita a entrada de oxigênio.
Pesquisadores da Embrapa criam película que aumenta a durabilidade do morango — Foto: Rodrigo Sargaço/EPTV
“Isso vai fazer com que o morango entre em contato com pequenas quantidades de oxigênio. Ele vai respirar de uma forma mais lenta e vai fazer que ele deteriore, estrague, mais lentamente. Além disso a gente tem uma ação que evita a perda de umidade, evitando que a fruta fique mais murcha. Por fim a gente tem a possibilidade, devido à presença dos óleos essenciais, de controlar o desenvolvimento de fungos que são os principais problemas do morango durante o armazenamento”, explicou Oliveira.
A próxima etapa é produzir a película em larga escala e, para isso, os cientistas dependem de investimentos da indústria. A ideia é usar a substância logo após a colheita, como se fosse um spray.
“O custo ainda precisa ser avaliado, mas existem várias vantagens. Com uma maior durabilidade do produto, o produtor também pode armazenar mais na propriedade e também conquistar outros mercados porque você pode levar a distâncias maiores esses produtos com qualidade”, disse o pesquisador da Embrapa Instrumentação Marcos David.