Nome científico: Passiflora edulis Sims; P. alata Curtis
Nomes populares: maracujá, fruta-da-paixão (denominação encontrada na maioria das línguas, como passion fruit, em inglês; fruit de la passion, em francês; fruta de la passion, em espanhol; e passionsfrucht, em alemão)
Família botânica: Passifloraceae
As espécies que têm maior importância econômica e são produzidas no Brasil são: maracujá-amarelo, maracujá-roxo (P. edulis) e maracujá-doce (P. alata), todas nativas. Há ainda outros tipos ou espécies, como a P. quadrangularis L, o maracujá-melão, cultivado em pomares caseiros.
O nome original maracujá é de origem indígena. Significa, em tupi, “alimento em forma de cuia”.
O maracujá-amarelo predomina no cultivo comercial no Brasil, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Pará. O roxo é cultivado em alguns outros países, tais como Austrália, África do Sul, EUA (Havaí) e Quênia e tem pequena importância ainda no Brasil.
O maracujá-doce tem importância limitada, mas já aparece regularmente nos mercados e é usado como fruta fresca, ao contrário do amarelo e do roxo, que servem mais para suco e outros tipos de consumo.
Na década de 1990 foram obtidas pelo IAC de Campinas e pela Embrapa variedades de maracujá amarelo e roxo, que têm sido cultivadas e deram impulso à cultura.
No Brasil a área de cultivo tem crescido e situa-se torno de 45 mil ha, com predominância nos estados do Nordeste. O Sudeste é a segunda região mais importante e o Norte a terceira, totalizando uma produção nacional de mais de 600 mil t anuais.
Os frutos do maracujá doce medem cerca de 10 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro, são ovais ou piriformes, têm casca alaranjada quando maduros, espessa e perfazendo até ou mais de 60% do peso do fruto. Têm polpa adocicada, agradável, aroma forte e o arilo, que envolve as sementes, pode ser comido com colher. O estado de São Paulo fornece mais de 90% do maracujá-doce comercializado no CEAGESP, cuja maior oferta ocorre entre dezembro e janeiro e abril e maio.
O amarelo é vendido durante o ano todo, mas concentrado de agosto a maio, com picos em dezembro e fevereiro e março. Usam-se caixas de 3 a 3,7 kg, com 9 a 24 frutos por caixa.
O maracujá amarelo atinge o ponto de colheita com 55 dias após a florada, mas pode ser colhido até em 45 dias em algumas condições. O nível ótimo de qualidade é atingido aos 60 dias, e deve ser colhido antes de cair da planta, quando maduro, quando terá atingido seu peso máximo e maior rendimento de suco e açúcares.
Um índice de ponto de colheita é o teor de cor, ou seja, quando o fruto tiver 65% de amarelo, a massa do fruto situar-se de 212 a 215 g e seu diâmetro medir entre 7,8 a 7,9 cm.
A comercialização é feita em caixas de papelão, em 4 categorias, dependendo do tamanho e qualidade do fruto (MELETTI & al, 2010).
Além da caixa, outros tipos de embalagem são utilizados, sendo recomendada a refrigeração para melhor conservação.
Foto 1: maracujá-doce com sua cor avermelhada, polpa e sementes. Foto 2: maracujá-amarelo e frutos com defeitos (enrugados ou manchados). Foto 3: maracujá-amarelo enrugado à esquerda e normal à direita – note-se a maior quantidade de suco e polpa no fruto normal. Foto 4: maracujá-amarelo cortado mostrando polpa e casca enrugada.
Usos: Os maracujás têm uso medicinal, pelo fornecimento de maracujina, culinário, ornamental, alimentar, como para sucos, doces, geleias, néctares, refrescos e sorvetes.
Os dados médios do fruto de maracujá-amarelo são os seguintes: 68 kcal, 82,8 % de umidade, proteína – 2, lipídios – 2,1, carboidratos – 12,3, fibras – 1,1g.
Minerais – os mais importantes são: cálcio – 5 mg, magnésio – 28 mg, fósforo – 51 mg; ferro – 0,6 mg e potássio -338 mg.
Vitaminas – riboflavina (B2) – 0,05 mg, vitamina C – 19,8 mg, vitamina A – 420 UI, tiamina (B1) – 51 mcg; niacina (B3) – 1,51 mcg.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.
“Para conhecer a grande variabilidade dos maracujás, a caracterização de algumas das espécies tem sido a partir de exemplares mantidos em coleções e Bancos de Germoplasma, sendo que as mais representativas estão na UNESP, Campus de Jaboticabal, no IAC – Instituto Agronômico de Campinas, no IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná, no CNPMF – Centro Nacional de Mandioca e Fruticultura da EMBRAPA, no CPAC-EMBRAPA, na ESALQ – Universidade de São Paulo e na UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense. A cultura adquiriu expressão econômica a partir de 1996, quando uma ampliação significativa na área cultivada e na produção conduziu à profissionalização da atividade. Esta transformação resultou da popularização do consumo do maracujá in natura nas grandes cidades e a consequente menor dependência das indústrias extratoras de sucos. A fruta pouco comum nos mercados de atacado e varejo do País passou a ter espaço garantido, em função da crescente demanda por frutas frescas”. (MELETTI, L.M.M., OLIVEIRA, J.C. & RUGGIERO, C., In: Maracujá, 2010).
COQUEIRO, A.Y.; PEREIRA, J.R.R.; e GALANTE, F. publicaram em 2016 uma revisão bibliográfica sob o título “Farinha da casca do fruto de Passiflora edulis f. flavicarpa Deg (maracujá-amarelo): do potencial terapêutico aos efeitos adversos“, cujo resumo é o seguinte:
O maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg) é considerado um alimento
funcional, visto que, além de funções nutricionais, desempenha ações em vias metabólicas
específicas. A farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg) é rica
em pectina. Esta fibra reduz a absorção de glicídios e lipídios, influenciando no metabolismo
destes nutrientes. Portadores de patologias associadas às alterações no metabolismo glicêmico
e lipidêmico têm utilizado este recurso de forma indiscriminada. Porém, substâncias designadas
glicosídeos cianogênicos, presentes na casca do fruto são tóxicas ao organismo e prejudiciais à
saúde. Ademais, o uso exacerbado de agrotóxicos na produção do maracujá é preocupante e a
ingestão destes compostos também pode acarretar complicações à saúde. Portanto, o objetivo
do presente trabalho foi sintetizar o conhecimento disponível referente aos efeitos terapêuticos
e colaterais da suplementação com a farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f.
flavicarpa Deg). Foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados indexadas SCIELO,
LILACS e PUBMED, sem limitação quanto ao período de publicação. Os estudos inclusos no
trabalho, de forma unânime, apresentam eficácia da suplementação com a farinha da casca
do maracujá-amarelo. A trituração da casca do fruto, realizada no processo de obtenção da
farinha, é incapaz de promover redução de glicosídeos cianogênicos e agrotóxicos, permitindo
que os indivíduos submetidos à suplementação estejam susceptíveis aos efeitos tóxicos
destes compostos. Dessa forma, o desenvolvimento de estudos que avaliem a toxicidade da
suplementação por períodos crônicos é de suma importância. Referente ao uso de agrotóxicos,
a produção da farinha com frutos orgânicos pode ser uma alternativa para atenuar a toxicidade,
sendo necessária a elucidação desta hipótese através de estudos.
O trabalho completo pode ser acessado no seguinte link: http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v18n2/1516-0572-rbpm-18-2-0563.pdf