Nome científico: Hancornia speciosa Gomes
Nomes populares: mangava, mangauva, catu, fruta-do-doente, tembiu, tembiu-catinga, mangaba-da-restinga
Família botânica: Apocynaceae
Origem: Ocorre no Brasil e na Bolívia. No Brasil, ocorre nas restingas e tabuleiros litorâneos e no Cerrado.
Características gerais: É uma árvore de porte médio, com 2 a 10 m de altura, mas pode chegar a 15 m, com copa maior em largura que em altura, com porte harmonioso pela formação da copa e numerosos ramos, mas a folhagem é esparsa. Planta lactescente, exsudação de látex esbranquiçado no tronco e folhas, quando feridos.Tronco: tortuoso com casca rugosa e áspera. Folhas: são simples, glabras, coriáceas, brilhantes de forma elíptica, oblonga ou elíptico-lanceolada, com limbo medindo de 3,5 a 10 cm de comprimento e 1,5 a 5 cm de largura. A coloração é verde-escura a oliváceo-escura na face superior e mais clara na inferior, pecíolo com 9 a 12 mm, fino, glabro e biglanduloso. As folhas novas são de cor avermelhada, o mesmo ocorrendo quando senescentes. Flores: ocorrem em inflorescência em dicásio terminal, com até 5 flores ou isoladas, em forma de sino, com corola branca ou amarela, posteriormente rósea, aromática, hipocrateriforme, de pré-floração contorcida. Frutos: do tipo baga, de forma elipsoide ou arredondada, com tamanho variável de 2,5 a 6 cm, com peso variável de 3 a 104 g e cor externa da casca amarela, esverdeada ou com manchas ou estrias de cor avermelhada. A polpa é sucosa, viscosa, doce-acidulada, branca e envolve numerosas sementes. A mangaba tem uma peculiaridade na sua venda: ela é oferecida aos consumidores em pequenos paneiros revestidos de folhas de bananeira, sendo encontrada nas feiras e mercados nos meses do inverno amazônico (dezembro a março).
Usos: A utilização mais comum é em sucos, sorvetes, doces, vinhos e licor. Pode ser consumida ao natural. A média de composição do fruto é de 77% de polpa, 12% de semente e 11% de casca, podendo ir até a 80% de polpa em alguns tipos, 9 a 14% de carboidratos e 49 a 60 unidades de calorias. Tem um bom valor alimentar, baseado no teor de proteína, que varia de 1,31 a 3% no fruto maduro ao de vez, os açúcares vão de 75 a 13o Brix e a acidez de 0,42 a 0,85%. É usada em larga escala de atividades farmacológicas que incluem atividade antioxidante, antialérgica, anti-inflamatória, antitumoral, antibacteriana, efeitos gastroprotetivos e hepatoprotetivos e utilizado para fazer xarope. Pode ser usada como ornamental.
Clima e solo: Ocorre onde há chuvas de 750 a 1.400 mm e temperaturas entre 15 e 43 oC. Preferencialmente em solos arenosos e de baixa fertilidade.
Curiosidades: No estado do Ceará, há uma cidade (Lavras da Mangabeira) assim denominada devido à ocorrência natural dessa árvore na região, em área de cerrado. Seu nome, de origem tupi-guarani, significa “coisa boa de comer”.
Fonte: DONADIO, L.C. Dicionário das Frutas. LORENZI, H. Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas.
A composição média do fruto é de 83% de água; açúcares totais de 9 a 18%; acidez de 0,85%; com 0,87% de proteínas; 43-60 kcal; 1,2 g de proteínas; 10- 10,5 g de carboidratos; 0,7 a 3,2% de gorduras.
Minerais – fósforo – 2,18 mg; cálcio – 1,6 a 41 mg; rico em ferro, com 2,2 a 4,1 mg; potássio – 18 mg; pequenas quantidades de zinco, manganês, cobre e sódio.
Vitaminas – 102 a 145 mg de ácido ascórbico; vitamina A- 0,03 mg.
Contém cerca de 3 % de goma, é adequada para ser industrializada. A goma contém arabinose, frutose, glucose e sorbose. A polpa do fruto pode ser utilizada para néctar, sucos ou sorvetes, xaropes e confeitos. Para geleia, deve-se adicionar açúcar. O fruto é climatérico, com o pico climatérico ocorrendo em 39 horas após a colheita, para frutos nos estádios entre 4 e 9, quando ocorre degradação da clorofila, com alteração da cor da casca e aumento dos sólidos solúveis totais e teor de vitamina C.
Uma tabela em livro recente da Embrapa dá os dados médios de algumas características da mangaba: peso médio – 19,2 g; número de sementes – 13, %; casca mais polpa – 86,54 %; % de sementes – 13,23; comprimento do fruto – 3,37 cm; diâmetro – 3 cm; sólidos solúveis totais – 16,72 oBrix; acidez total – 1,77 %; amido – 0,52 %; pectina total – 0,54 %; vitamina C – 139,64 mg, com teor de até 400 mg em frutos da estádio 4; fenólicos solúveis em água – 0,29 %.
Outros dados de tipos indicam variação de peso entre 14 e 17 g, rendimento de polpa entre 71 e 76 %; número de sementes entre 14 e 16; sólidos solúveis totais entre 13 e 16 oBrix, e acidez entre 2 e 3 %.
Foto à esquerda, frutos maduros de mangaba. No centro, mangaba verde com exsudação de látex. À direita, frutos cortados mostrando sua polpa
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas
A mangaba possui formato ovalado ou arredondado e tamanho variável (entre 2,0 e 6,0 cm de diâmetro), com casca geralmente amarela, apresentando manchas avermelhadas, principalmente na variedade existente no litoral nordestino, o que lhe proporciona um forte atrativo visual. Sua polpa de coloração esbranquiçada e de consistência carnoso-viscosa possui um sabor exótico suave, doce e ácido ao mesmo tempo, devido ao alto teor de sólidos solúveis totais (pesquisas revelam valores de até 18,6 °Brix), combinado com uma acidez elevada, que pode chegar a 3,18%. Apresenta um rendimento de polpa que pode alcançar 90% do fruto, sendo bastante usada na fabricação de sucos e sorvetes. A mangaba, quando verde ou “de vez”, exsuda um látex de cor branca, o que faz com que deva ser consumida apenas quando estiver completamente madura. (Dr. JOSUÉ FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR. Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife, Recife, PE)
Não cultivada comercialmente, sua produção comercializada é de coleta em plantas nativas, aparece nas feiras e mercados de capitais do Nordeste, na época de sua produção, de janeiro a março, chamada de verão e outra de abril a junho, de inverno, com ciclo de produção entre 90 e 110 dias da florada à colheita, sendo possível colher, no mínimo, em 85 dias para transporte a longas distâncias. O fruto é uma drupa elipsoide, com até 6 cm de comprimento, de cor amarela, com estrias avermelhadas quando madura. Entre o fruto verde até o completamente maduro podem ser distinguidos 9 estádios, no último, com a casca totalmente avermelhada, com fundo amarelo. A polpa é branca e contém de 2 a 10 sementes pequenas, ovais, achatadas. Os frutos, quando amadurecem, caem da planta, sendo então coletados, ou no estádio de vez, direto da planta, com cuidado, devido ao látex que contém. Se colhidas no estádio 6, as frutas amadurecem em 2 a 4 dias, em condições ambientes. Pela sua perecibilidade, a compra de frutos nas feiras ou mercados deve ser preferencialmente em bandejas de PVC, com poucos frutos, em uma camada ou duas camadas apenas e maduras, ou seja, na cor avermelhada, que corresponde aos estádios de 6 a 9. A armazenagem, em refrigeração de 6 a 9 oC, pode estender a vida útil até 10 dias. Esses processos de armazenagem não interferem no teor de vitamina C do fruto e em sua firmeza e não causam danos pelo frio. Vários produtos de mangaba são comuns nas regiões produtoras, tais como polpas congeladas, sucos, doces, geleias, desidratados, cristalizados, licores. A borracha é um produto que também pode ser obtido da mangaba, mas não há exploração comercial.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas