De aparência curiosa e formato alongado, o limão-caviar mede cerca de 5 centímetros de comprimento e 2 centímetros de largura. Seu interior guarda pequenas esferas que lembram ovas de peixe — daí o nome “caviar”.
O aroma e o sabor cítrico fazem com que o limão caviar seja usado como toque final em pratos refinados. Parente dos limões mais conhecidos
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Limão-caviar — Foto: Gustavo Wanderley/g1
O limão siciliano, por exemplo, é resultado do cruzamento entre uma laranja azeda e uma cidra — e é considerado um “limão verdadeiro”.
Já o taiti não tem essa origem, sendo classificado entre as limas ácidas. O caviar, por sua vez, não vem de cruzamento e, por isso, é ainda mais singular do ponto de vista biológico.
Adaptação difícil e produção baixa
Apesar de ter se adaptado ao clima brasileiro, o cultivo ainda é desafiador. A produtora Débora Orr, que mantém um sítio de 20 hectares em Cerquilho, no interior de São Paulo, começou a plantar o limão caviar em 2005, após conhecer a fruta por meio de um cliente.
“Quando vi o produto, fiquei maluca. Faz todo sentido para o meu público, para os meus clientes, dentro do nosso segmento de alta gastronomia”, conta ela.
Atualmente, Débora cultiva 300 pés da fruta, mas a produtividade é baixa. Cada planta frutifica apenas uma vez por ano e produz, em média, menos de 1 kg.
“Baseado em tantos anos de manejo e cuidado, ele produz muito pouco. Então, demora pra se pagar realmente”, explica a produtora.
A manutenção da lavoura também pesa no bolso. Um dos segredos do manejo está no uso do bokashi, um adubo orgânico fermentado feito com ingredientes como esterco bovino e equino, torta de mamona e gergelim. Cada pé de limão recebe mensalmente cerca de 5 kg de adubo, ao custo de R$ 2 por quilo.
A planta também exige irrigação três vezes por semana, preferencialmente nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde. Para manter a umidade do solo, Débora utiliza cobertura com capim braquiária, grama e feno triturado. O cultivo consorciado com outras espécies, como manjericão e cebolinha, contribui para um solo mais saudável.
A poda anual também é essencial para manter a planta produtiva. O ideal é deixá-la no formato de taça, para que todos os galhos recebam luz igualmente.
Visual sofisticado e explosão de sabor
Na cozinha, o limão caviar brilha. Com cascas que podem variar do verde ao roxo e polpa que vai do branco ao vermelho, a fruta é usada principalmente na finalização de pratos. As esferas que se soltam ao serem cortadas explodem na boca, oferecendo uma experiência sensorial única.
“O sabor é mais suave, refrescante. As esferas estouram na boca conforme a gente morde”, descreve Débora.
Apesar da aparência exótica e do alto valor, o limão caviar ainda é pouco conhecido entre o público geral. Mas a expectativa é que, com o tempo, a fruta rara conquiste um espaço ainda maior nas cozinhas brasileiras — e no paladar dos consumidores.