Nome científico: Campomanesia adamantium (Cambess) O. Berg
Nomes populares: gabiroba, guabiroba, guabiroba-do-campo, guavira
Família botânica: Myrtaceae
Distribuição geográfica e habitat: Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. Pode ser encontrada na floresta estacional decidual, floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista, no cerrado e em ambiente fluvial ou ripário, em altitudes variando desde 50 metros nos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina, a 1.000 m, no Paraná.
Árvore de pequeno a médio porte, 5 a 8 metros de altura. Possui o tronco fendido longitudinalmente, com casca de coloração amarronzada, descamante.
Folhas: são cartáceas com nervura marginal pouco definida e margem subinteira, com pecíolo de 0,7-1,1 cm, pubescente; lâmina 9,4-13,1 cm x 3,1-5,7 cm, elíptica a obovada, base atenuada, ápice acuminado, glabras em ambas as faces, indumento presente somente na axila das nervuras secundárias na face abaxial.
Flores: com pedicelo de 2,6-6,2 mm, piloso; botões com 8,0-10,0 mm x 8,0 mm, globosos, pilosos somente na base, abertos; cálice com lobos triangulares, ápice agudo, glabros em ambas faces; hipanto pouco prolongado acima do ovário, glabro; ovário 10-locular.
Frutos: são do tipo baga globosa, com polpa carnosa, comestíveis e saborosos, sendo também uma fonte de alimento para a fauna. São imaturos, verdes com 1,5 cm, pubescentes.
A guabirobeira é de ampla distribuição no Cerrado e pode ser encontrada em vários estados brasileiros, com maior concentração em Goiás. Seu período de frutificação ocorre de setembro a dezembro, podendo se estender até fevereiro. Apesar da pouca exploração industrial e comercial dessa planta, seus frutos são bastante consumidos pelas comunidades da região.
A polpa e o resíduo da guabiroba possuem conteúdo elevado de umidade, baixo teor calórico e alta concentração de fibra alimentar, constituindo-se em um alimento que pode reduzir os níveis de triglicerídeos (gordura) e glicose (açúcar) no sangue. Além disso, essas duas frações da gabiroba apresentam um teor considerável de ferro, mineral essencial para o funcionamento do organismo dos seres humanos, pois atua na produção de células vermelhas do sangue e no transporte de oxigênio para todo o corpo. A polpa e o resíduo de guabiroba também são alimentos ricos em compostos fenólicos e possuem uma elevada capacidade antioxidante. No organismo humano, os compostos fenólicos atuam na eliminação de radicais livres e na proteção de antioxidantes alimentares, como as vitaminas C e E, promovendo benefícios adicionais à saúde. Entretanto, a presença de fatores antinutricionais e de compostos tóxicos, principalmente no resíduo (casca e semente), precisa ser avaliada para permitir o aproveitamento integral da guabiroba na dieta humana, na elaboração de produtos derivados, e sua possível aplicação no setor farmacêutico. Desde que esses fatores sejam avaliados, sugere-se a inserção da guabiroba na alimentação, uma vez que pode ser considerada fonte relevante de antioxidantes naturais.
Na medicina popular, folhas e frutos de guabirobeira são utilizados para o tratamento de doenças inflamatórias e perda de peso.
Também pode ser usada para arborização de praças e jardins e na recuperação de áreas degradadas de preservação permanente e restauração de ambientes fluviais ou ripários, por atrair animais.
Diante das perspectivas promissoras para exploração dessa espécie, estudos agronômicos têm contemplado a possibilidade de cultivo da guabiroba em escala comercial (domesticação).
Em geral, as partes não comestíveis de frutas e hortaliças, como cascas e sementes, são descartadas, gerando grandes quantidades de lixo orgânico. Evidências científicas mostram que esses resíduos podem ser fontes importantes de nutrientes e compostos bioativos. Partindo dessas premissas, pesquisadores da Faculdade de Nutrição e da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás realizaram o estudo citado ao final, nas fontes desta apresentação, com o objetivo de analisar a composição em nutrientes (umidade, proteína, lipídios, fibras e minerais), o teor de compostos fenólicos e a capacidade antioxidante da polpa e do resíduo (casca e semente) de guabiroba. O estudo foi desenvolvido com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).
O nome genérico Campomanesia é em memória ao naturalista espanhol P. Rodrigues de Campomanes; o epíteto específico guaviroba vem do tupi guavi ou guabi (para comer fruta) e roba (amarga), que significa fruta amarga. É polinizada principalmente por abelhas e pequenos insetos. A dispersão dos frutos é zoocórica, sendo feita notadamente pelo macaco bugio ou guariba (Alouatta guariba).
Fontes: livros Árvores Brasileiras, de Harri Lorenzi; Dicionário das Frutas, de Luiz Carlos Donadio; Espécies Arbóreas Brasileiras, de Paulo Ernani Ramalho Carvalho, e artigo “Caracterização física e química, fenólicos totais e atividade antioxidante da polpa e resíduo de gabiroba”, de autoria de Alves, A. M.; Alves, M. S. O; Fernandes, T. O.; Naves, R. V. e Naves, M. M. V., publicado na Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 35, n. 3, p. 837-844, 2013.
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Gabirobeira (Foto: Prof. Dr. Luiz Carlos Donadio)