11/11/2015 – Agrolink
Em operação deflagrada nesta terça-feira (10.11) no Litoral Norte, o Ministério Público Estadual, desarticulou um esquema de extração clandestina de palmito oriundo da palmeira juçara, espécie ameaçada de extinção. Uma alternativa muito melhor seria o aproveitamento dos frutos deste tipo de palmeira, assunto que vem sendo estudado nos últimos anos pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
“A juçara produz frutos similares ao açaí, considerado energético e com grande valor nutricional”, destaca o pesquisador Rodrigo Favreto, da Fepagro Litoral Norte, em Maquiné. A Fepagro, junto com instituições como a UFRGS, Centro Ecológico, Anama, Emater-RS/Ascar e associações de agricultores, conduz pesquisas que avaliam métodos de uso sustentável dessa espécie. Em um estudo de 2010, a Fundação verificou que a palmeira juçara cresce cinco vezes mais rápido quando plantada em meio aos bananais do que nas florestas. “Esse resultado evidenciou o potencial de cultivo dessa espécie consorciada com os bananais, que ocupam cerca de 12 mil hectares no Estado”, frisa Rodrigo.
Segundo o pesquisador, o plantio consorciado da juçara possibilita a diversificação dos bananais, inserindo uma planta nativa da Mata Atlântica no sistema produtivo, contribuindo para a geração de renda e para a conservação da palmeira. “Em vez de cortar o palmito, causar a morte da palmeira e provocar uma série de impactos, a ideia é utilizar o fruto sem matar a planta, gerando mais renda do que com a extração do palmito”, detalha.
Atualmente, a Fepagro Litoral Norte, com apoio da UFRGS, da Emater-RS/Ascar e de um agricultor, busca determinar os espaçamentos adequados para o plantio da juçara em meio aos bananais. “Como essa planta ainda não está plenamente domesticada, existem dúvidas elementares de como deve ser feito o cultivo”, explica Favreto, que coordena o projeto de pesquisa.
Outra linha de trabalho busca identificar microorganismos presentes no solo que sejam benéficos para a palmeira juçara, promovendo o controle biológico de doenças, como a antracnose dos frutos, bem como o crescimento das plantas. Esses estudos são conduzidos pelas pesquisadoras Anelise Beneduzi da Silveira e Andréia Rotta de Oliveira na sede da Fepagro, em Porto Alegre.