São Paulo – O mercado internacional está na mira da fazenda Olhos D’Água, produtora de lichias localizada em Mateus Leme, em Minas Gerais, que comercializa a fruta desde 2014 no mercado interno. Mas a colheita deste ano, em dezembro, deverá render frutos também para o exterior.
Segundo a CEO da fazenda, Patrícia Nogueira, os primeiros embarques de lichias devem ocorrer no último mês do ano, logo após a colheita, de avião para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Também devem ser enviados alguns pallets da fruta ao Reino Unido, França e Hong Kong, na China.
“Fui a Dubai em novembro do ano passado com um grupo de empresários mineiros, eram pequenos produtores de pão de queijo, pedras ornamentais, eu era a única do agronegócio, e visitamos supermercados, compradores e a uma zona franca. A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) organizou a visita, e foi muito interessante conhecer os incentivos que eles oferecem e a realidade do mercado”, contou Nogueira à ANBA.
A marca internacional da fazenda será Red Lychee, pela cor da fruta
Na ocasião, a empresária conheceu uma empresa familiar do emirado que ficou interessada em comprar o fruto brasileiro. “Eles nunca tinham visto uma lichia como a nossa, vermelha; conheciam a lichia amarelada, de cultivo selvagem, oriunda de Madagascar e Ilhas Maurício, sem pesquisa nutricional, sem nada. Esse contato nos deu várias informações para desbravar esse mercado e vamos vender para eles nesta safra”, falou. Com o apelido de “lichia vermelha”, Nogueira decidiu criar uma marca para as vendas internacionais. Será a Red Lychee, ainda a ser lançada.
“Este ano a safra será maravilhosa. Temos mais de cinco mil pés plantados e esperamos colher até 200 toneladas. Na última safra que rendeu frutos, em 2017, foram 135 toneladas líquidas, de fruta limpa e embalada”, contou. Nogueira informou que a fazenda controla solo, água, a nutrição da fruta e faz um monitoramento de pragas semanal.
Com os esforços da Fazenda Olhos D’Água voltados para a exportação, a empresária enfatizou os países árabes como potenciais parceiros de negócios por terem uma boa logística. “Os produtos irão de avião pela companhia aérea Emirates, e serão um a dois pallets da fruta por semana para este comprador, mas estamos em busca de mais parcerias”, disse.
Em Hong Kong, de acordo com Nogueira, há uma cultura de gift box e jewelry box, caixas especiais de frutas para presente, que mais parecem joias e servem até para presentear em ocasiões como casamentos. “Estamos desenvolvendo uma embalagem especial para este mercado”, contou.
Mais de cinco mil pés de lichias
Neste primeiro ano de vendas ao exterior, a fazenda estima exportar cerca de 30% da produção total. Para os próximos anos, a meta é cerca de 50%. “Nossa prioridade este ano é a exportação. Para o mercado interno, vendemos pelo Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), mas para o ano que vem, se as vendas internacionais continuarem numa crescente, pensamos em fazer venda direta a redes de supermercados no Brasil”, declarou.
A fazenda Olhos D’Água é de 1982, mas foi só em 2014 que começou a comercializar lichias. O primeiro pé da fruta foi plantado em 2008. Antes, a fazenda familiar cultivava uvas. “O pé de lichias demora em média cinco anos para começar a dar um volume de fruta que vale trabalhar comercialmente”, explicou.
O microclima da região mineira de Mateus Leme, segundo a empresária, é muito propício para as frutas vermelhas e adocicadas. “Os pés crescem muito, o terroir é muito favorável às lichias, estamos em um vale, temos a umidade, e no inverno o frio é intenso, o que é necessário para estressar a planta para sua floração”, contou.
Nogueira disse estar otimista sobre a empreitada em terras internacionais. “Temos uma perspectiva positiva da safra e vejo um grande potencial para o mercado externo. Nossos produtos são de alta qualidade, de excelência para o mercado externo e temos certeza que vai ser um sucesso”, concluiu.
Fonte: ANBA