A antracnose, doença causada por diversos fungos do gênero Colletotrichum, com grande importância na pós-colheita, tem como um dos principais agentes a espécie Colletotrichum gloeosporioides. Este fungo tem uma extensa lista de plantas hospedeiras que abrange, por exemplo, abacate, cacau, coco, mamão, maracujá, cenoura, soja, feijão e manga – cultura para a qual é considerada a doença mais importante no mundo. Causando lesões necróticas nos frutos, a doença acarreta perdas que variam de 40 a 70% da produção.
Estudos mais detalhados têm revelado que mais de uma espécie de Colletotrichum podem estar envolvidas na infecção de uma mesma planta. Com o aprofundamento das análises, muitas outras espécies têm sido descritas fazendo necessária uma nova organização do gênero em complexos; o complexo C. gloeosporioides conta com 22 espécies.
Conhecida como a árvore da providência, a palmeira carnaúba (Copernicia prunifera) vem enfrentando problemas com a antracnose em três cidades do Ceará: Bela Cruz, Caucaia e Paraipaba. As amostras foram isoladas e cultivadas em estufa, e, após 4 dias, foram realizadas análises morfológicas e bioquímicas, já para confirmar a patogenicidade dos isolados, frutos de carnaúba, manga e plântulas de caju fora inoculadas e tiveram o desenvolvimento acompanhado.
As amostras de Caucaia e Paraipaba foram identificadas como C. tropicale e as de Bela Cruz como C. theobromicola, sendo este o primeiro registro destas espécies causando antracnose em carnaúba no país. Apenas os isolados de C. tropical e mostraram patogenicidade para os frutos de manga e plântulas de caju, indicando que a palmeira de carnaúba seria um hospedeiro alternativo de C. tropicale e fonte de inóculo de antracnose para mangueiras e cajueiros próximos às palmeiras.
Alguns dos principais fatores que favorecem a doença são a proximidade das plantas na área de cultivo, alta umidade por períodos prolongados e temperaturas elevadas, por isso é recomendado realizar drenagens, podas fitossanitárias, não ferir o fruto no momento de colheita nem permitir seu contato com o solo, eliminar restos culturais e aplicação de produtos para controle quando indicado por profissional responsável.
Para saber mais:Araújo et al. (2017)