(Perguntas enviadas à redação do Globo Rural – jornalista João Mathias)ESPÉCIE DE PITANGA
Gostaria de saber: qual é a espécie de pitanga que dá a pitangueira mostrada na foto, como cuidar dela e quantas vezes dá frutos esse pé que frutificou apenas uma vez desde que eu o comprei há um ano e meio? Adam Lima, Belo Horizonte. MG.
RESPOSTA – A espécie mais comum de pitanga encontrada em pomares domésticos é a Eugenia uniflora L. Geralmente, é propagada por sementes, originando nas plantas obtidas uma grande variação, que é facilmente perceptível nas frutas, sobretudo na forma, no tamanho e na coloração. O gênero Eugenia também engloba uma série de outras frutíferas cujas características das plantas são muito similares. Por isso, para uma identificação precisa, o ideal é que o material seja avaliado por um especialista. Munido de mais informações sobre as partes distintas da planta, o profissional terá mais condições de realizar a identificação. Adubação, irrigação, manejo de pragas e doenças e podas são alguns dos cuidados que favorecem a fruteira e, consequentemente, a produção. A maturação das frutas da espécie ocorre, geralmente, de outubro a janeiro e a longevidade da planta se dá de acordo com as condições locais e o manejo empregado.
CONSULTOR: JOSÉ EMÍLIO BETTIOL NETO, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Apesar de dar muitas flores perfumadas, morreu a planta (mostrada na foto) que achei em um pneu na rua. Gostaria de saber o nome dela e onde é possível obter mudas. Maria Consolação – São Paulo, SP
RESPOSTA – Bastante usada em paisagismo, a Gomphrena globosa é uma planta conhecida popularmente como amaranto globoso e perpétua, dada sua longa durabilidade. Multiplica-se por sementes, levando uma a duas semanas para germinar, de preferência no verão, embora possa ser semeada em qualquer época do ano. Originalmente, tem coloração roxa, mas já existem diversas variedades híbridas da planta, o que deve facilitar a disponibilidade de exemplares dela em viveiros de espécies ornamentais.
CONSULTORA: LUCIA ROSSI, pesquisadora do núcleo de Curadoria do Herbário, Instituto de Botânica – São Paulo, SP.
Onde encontro sementes de maracujá gigante? Ana Lúcia Alves, via Facebook
RESPOSTA – Maracujá gigante é o nome popular do maracujá de quilo, ou ainda do maracujá-melão, por ter o mesmo tamanho dessa fruta, variando de 15 a 30 centímetros de comprimento. É o maior de todos os maracujás, com peso acima de 2 quilos, podendo em alguns casos atingir até 4 quilos. Há relatos de plantios em toda a América Tropical, especialmente na Amazônia e no Norte da América do Sul. Quando cultivado em clima quente e úmido, o fruto tem um desenvolvimento maior. O desmatamento dos trópicos e o curto período de viabilidade das suas sementes provocaram redução drástica dos pomares, que eram conduzidos sobre latadas rústicas. Na década de 1960, era bastante consumido in natura e na forma de doces e compotas, feitas a partir de sua casca espessa, macia e quase tão doce quanto a polpa. Atualmente, é difícil encontrá-lo em pomares domésticos, não havendo mais áreas com plantações comerciais, porque estraga rapidamente após a colheita. Também não há disponibilidade de sementes para comercialização, pois como são de espécie nativa daqui (Passiflora quadrangularis), a legislação brasileira não permite a venda. Além disso, não germinam mais se guardadas de um ano para outro. Há, contudo, a possibilidade de encontrar semente de algum plantio de fundo de quintal, especialmente na região nordeste do país.
CONSULTORA: LAURA MARIA MOLINA MELETTI, pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Gostaria de saber se esta planta (foto) é mesmo uma pimenteira e qual o seu nome correto? Regina Oliveira
RESPOSTA – É uma planta de pimenta Capsicum. Contudo, não é possível identificar com precisão a espécie e o grupo varietal ou tipo da hortaliça. Além da falta de nitidez das imagens, muitas espécies de pimentas apresentam frutos com formato arredondado como o da Capsicum. Também, porque o fruto está verde (imaturo), é difícil saber se já atingiu o seu tamanho máximo. A distinção de espécie e grupo baseia-se em vários aspectos, principalmente em relação às características de fruto e flores.
CONSULTORA: CLÁUDIA RIBEIRO, pesquisadora da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças – Brasília, DF
Apesar de ter sido plantada como guaraná, qual a identificação correta dessa fruta? Ednilsia Rosa, via Facebook
Que fruta é essa que tem polpa pastosa, sabor que lembra chocolate e casca que passa da cor laranja para a vermelha quando amadurece? Antônio Álvaro – Ribeirão Preto, SP
RESPOSTA – A planta pertence à espécie Bunchosia armeniaca, da família Malpighiaceae, a mesma da acerola, DO murici, da lanterneira ou chuva-de-ouro-amazônica, do trialis ou resedá-amarelo e da jagabê ou caapi, entre outras. É nativa da região Norte do Brasil e de países vizinhos, sendo conhecida por muitos nomes diferentes, como caferana, café-do-Amazonas ou cafezinho, ameixa-brava, ameixa-do-Pará ou cereja-do-Pará, manteiga-de-amendoim, falso-guaraná, tártago e ciruela ou caramela. Tem sido utilizada como planta ornamental. Os frutos são utilizados no consumo humano ao natural ou como geleias e outros preparos, e também são apreciados pelos peixes.
CONSULTORES: LUÍS CARLOS BERNACCI e JOSÉ EMÍLIO BETTIOL NETO, pesquisadores do Instituto Agronômico se Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Que fruto é esse que tenho no quintal de minha casa? Patrícia Godoy, via Facebook
RESPOSTA – O fruto é conhecido como dovialis, groselha-do-Ceilão e quetembila ou quitambila. Raramente consumido ao natural por ser ácido, tem no processamento para elaboração de geleia a sua finalidade mais comum. É da espécie Dovyalis hebecarpa, nativa do sul da Índia e do Sri Lanka (antigo Ceilão). Por aqui, não é popular. Dovyalis é um gênero da família Salicaceae, a mesma dos salgueiros ou chorões (Salix), choupos ou álamos (Populus) e guaçatonga ou erva-de-lagarto (Casearia), entre muitas outras plantas nativas ou exóticas.]
CONSULTORES: LUÍS CARLOS BERNACCI e JOSÉ EMÍLIO BETTIOL NETO, pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Essas plantas que tenho em meu jardim são apenas “mato” ou espécies com alguma utilidade? Andressa Bigas, via Facebook
RESPOSTA – As mudas estão muito jovens para realizar a identificação. A que apresenta folhas maiores e arredondadas pode ser uma espécie nativa, como um arbusto do gênero Piper, pioneiro no estágio inicial de recuperação de matas. Não é ornamental, mas tem importância na ecologia para o restabelecimento de áreas desmatadas e para a fauna. Muitos chamam de mato por não terem o conhecimento da utilidade imediata dessas plantas. Também têm semelhanças com o tomate de árvore, fruto rico em vitamina A e de sabor agridoce usado no preparo de sucos, geleias, compotas e molhos para carnes. As demais mudas podem até ser oriundas de sementes de flores que germinaram espontaneamente no jardim.
CONSULTORA: LUCIA ROSSI, pesquisadora do núcleo de Curadoria do Herbário, Instituto de Botânica – São Paulo, SP.
Como usar e quais males pode combater a raiz medicinal de cor meio azulada por dentro chamada “gasute”? Gisele Silva, por email
RESPOSTA – A planta medicinal que tem raízes de coloração azulada e é também conhecida como “gajitsu” chama-se Curcuma zedoaria. Para confirmar de que se trata da mesma espécie, no entanto, é preciso de mais informações. Inclusive, um recurso que pode ajudar na identificação é o uso de imagens – o link http://www.plantnet-project.org/papyrus.php disponibiliza verificação por meio de fotos. Pertencente à família das Zingiberaceae, a mesma do gengibre, a Curcuma zedoaria é uma planta perene, tem rizoma alongado, ramificações laterais finas e odor agradável, que lembra o da cânfora e do alecrim. Nativa do Sul e Sudeste da Ásia, a planta tem atividade antiparasitária e é indicada para combater gengivite, herpes, bronquite, cálculos renais, entre outras doenças. Após lavar e fatiar os rizomas, deixe-os secar sob o sol em local arejado e sem umidade. Em seguida, acondicione-os em recipientes de vidros âmbar em ambiente escuro.
CONSULTOR: PEDRO MELILLO DE MAGALHÃES, pesquisador da divisão de agrotecnologia do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas Biológicas e Agrícolas da Universidade de Campinas (Unicamp).
Em minhas andanças pelo Cerrado do planalto central encontrei, em uma planta com cerca de 60 centímetros de altura, essa linda fruta que lembra bastante a pinha, ou fruta do conde, mas de sabor diferente. Será que é uma espécie da família Annonaceae? João Bruno Vidal Moreira – Brasília, DF
RESPOSTA – Nativa do Cerrado brasileiro, a biribá pertence à família Annonaceae e é do gênero Rollinia. Também conhecida com outros nomes regionais, possui uma grande diversidade de tipos que variam em relação ao peso, à quantidade de polpa e à forma do fruto. É produzida pelo biribazeiro (Rollinia mucosa), árvore originária do ocidente da Amazônia e da Mata Atlântica que gosta de temperaturas entre 20 ºC e 24 ºC e solos férteis e bem drenados.
CONSULTOR: FÁBIO GELAPE FALEIRO, pesquisador em genética e biotecnologia da Embrapa Cerrados – Planaltina, DF.