De acordo com o pesquisador e entomologista do Incaper, José Salazar Zanúncio Junior, existem alternativas sustentáveis para o controle de pragas e doenças. “É preciso inverter o pensamento. O controle químico deve ser a última alternativa e não a primeira para controlar pragas e doenças na lavoura. Por meio do manejo do pomar e de outras ações simples, é possível controlar e até eliminar as pragas”, afirmou.
A mosca das frutas é uma praga que se alimenta de várias frutas, como a tangerina, a goiaba,a manga, o pêssego e, recentemente, tem sido encontrada também no café. A espécie que mais afeta os pomares de tangerina é Ceratitis capitata, que atinge o fruto no início da maturação. “A mosca penetra a casca e deposita o ovo dentro da fruta. Além de causar queda da tangerina, possibilita a entrada de microorganismos que causam doenças, como, por exemplo, o fungo cinzento”, explicou Salazar.
Para o controle dessa praga são indicadas algumas técnicas, como por exemplo, uma vespa parasitoide, inimigo natural da mosca da fruta. “Essa vespa já se encontra naturalmente no meio ambiente. Se o agricultor realizar as boas práticas agrícolas, terá a população do parasitoide aumentada, o que irá inibir o crescimento da mosca da fruta”, falou o pesquisador.
Outra orientação é enterrar os frutos atingidos pelas pragas e também por doenças em uma vala de 50 a 70 cm de profundidade e cobrir com uma malha fina. “Isso evita a proliferação da mosca das frutas e favorece a manutenção dos inimigos naturais”, comentou Salazar.
Outra indicação para evitar a proliferação da mosca das frutas é a instalação de armadilhas para monitorar e controlar a população. “Em uma garrafa PET com quatro furos, pode ser colocada proteína hidrolisada ou suco de fruta para atrair as moscas. Essa garrafa é pendurada na altura de 1,5 metro na planta. Outra opção é a armadilha delta, com sachê de feromônio para a atrair a mosca”, explicou Salazar. Ele também disse que, como essa é uma praga regional, os vizinhos precisam fazer o controle também.
O ácaro da leprose é uma praga que tem aparecido nos pomares de tangerina ponkan. Os primeiros registros no país foram feitos no Espírito Santo. Esse ácaro causa manchas, que deixa o fruto com aspecto que não agrada ao consumidor, além de sua queda. “O controle do ácaro da leprose é feito quando o fruto é pequeno, do tamanho de uma bola de pingue-pongue. Pode ser aplicada calda sulfocálcica com uma pulverização de proteção. Outra medida é a poda dos ramos velhos, que irá proporcionar uma maior aeração da planta, evitando a proliferação de pragas e doenças”, falou Salazar.
A mancha de alternária é uma doença causada por um fungo que inicialmente atinge as folhas mais novas onde se observam pequenas manchas marrons. Em caso de alta incidência da doença, pode ocorrer a queda dos frutos na sua fase inicial de desenvolvimento. Para saber mais sobre essa doença, consulte a publicação Mancha marrom de alternária em tangerina ponkan.
De acordo com o pesquisador e fitopatologista do Incaper, Hélcio Costa, a poda serve como um meio de diminuir as doenças, pois favorece a penetração de luz solar no interior da copa das plantas. “É preciso ter atenção para não utilizar fungicidas desnecessariamente”, falou Hélcio.
Ele disse que, caso haja alguma dúvida a respeito de qual praga ou doença atinge os pomares de tangerina, o agricultor pode entrar em contato com o laboratório de Entomologia e Fitopatologia do Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano, em Domingos Martins, ES, pelo telefone (27) 3248-1683 e (27) 3248-1701.