Autores: Walnice Maria Oliveira do Nascimento (pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental); Carlos Hans Müller; Carolina dos Santos Araújo; e Bruno Calzavara Flores. O Toda Fruta agradece a colaboração dos autores em escrever um resumo mais jornalistico sobre o trabalho publicado na Revista Brasileira de Fruticultura, Vol. 33, Nº 01, p. 48-52.
O abieiro, Pouteria caimito, é planta pertencente à família Sapotaceae com provável centro de origem na Amazônia Ocidental. Embora pouco explorado comercialmente, o abiu é fruto bastante consumida nos trópicos na forma in natura, ao lado de outras sapotáceas, como o sapoti, o canistel, o caimito e o mamey. No Brasil seu consumo é mais difundido nos estados da região Norte, mais especificamente no Acre, Amapá e Pará.
Dentre os principais problemas que afetam a qualidade dos frutos de abiu, está o dano fisiológico, como o rachamento dos frutos, além dos danos causados por ataque de pragas. A mosca-das-frutas é considerada a praga de maior importância para a cultura do abieiro. Expressivos prejuízos vêm sendo registrado pelo ataque da larva da mosca em frutos de abiu. Os danos diretos aos frutos são verificados internamente pelo apodrecimento da polpa e externamente pela perfuração e exudação de látex coagulado que indicam a oviposição, reduzindo seu valor comercial e tornando-os impróprios para o consumo e comercialização, chegando a ocasionar 100% de perdas durante o período de safra. Além de danos indiretos, devido as restrição quarentenária imposta pelos países importadores, aos frutos cultivados em áreas comerciais onde ocorre a incidência da mosca-das-frutas.
Existem diversos gêneros de mosca que atacam as frutas, sendo o gênero Anastrepha, o de maior importância no Brasil, devido ao grande número de espécies e da ampla distribuição em todo o território nacional. As espécies que ocorrem na cultura do abieiro são Anastrepha fraterculus, A. leptozona, A. obliqua, A. striata e A. serpentina. Em 2003 foi feita a primeira ocorrência da mosca-das-frutas em frutos de abiu no Estado de S. Paulo, na ocasião foi verificado a ocorrência de duas espécies A. serpentina e A. leptozona. Essas mesmas espécies de mosca já foram identificadas atacando frutos de abiu, colhidos de plantas estabelecidas na microrregião de Belém, PA.
Existem várias medidas para o controle da mosca-das-frutas, sendo o uso de defensivos agrícolas, ainda, o principal método utilizado. Entretanto, embora este seja menos trabalhoso e oneroso ao produtor, os prejuízos causados ao meio ambiente e à saúde humana são severos. Entretanto, deve-se ressaltar que, ainda não há no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), produto registrado para o controle dessa praga.
Nos últimos anos com a mudança no perfil do consumidor, particularmente os que consomem frutos in natura, tem sido aumentada a exigência por alimentos com níveis reduzidos, ou mesmo isentos de agrotóxicos. O que vem motivando e merecendo destaque, é a realização de pesquisas com o aprimoramento da técnica do ensacamento de frutos para controle dessa praga em espécies frutíferas. Para tanto, diversos estudos tem sido conduzidos com objetivo de verificar o tipo de material mais apropriado para o ensacamento dos frutos. Estudos feitos com a cobertura de frutos com TNT, polipropileno, polietileno e papel impermeável, foram eficientes como barreiras mecânica ao ataque da mosca-das-frutas em frutos de pêssego, goiaba e nêspera. Devido às diferenças morfológicas entre as diversas espécies frutíferas, deve ser realizado estudo do tamanho mais indicado para se efetuar o ensacamento cada espécie, visando à proteção ao ataque da mosca-das-frutas.
Pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, desenvolveram trabalho para determinar o tamanho mais adequado para proteção do fruto de abiu como prática de proteção dos frutos contra o ataque da mosca-das-frutas.
Foi observado que o ensacamento de frutos de abiu no início do desenvolvimento, com diâmetro entre 1 a 2 cm, não é viável devido à grande porcentagem de frutos abortados. Por outro lado, quando os frutos são ensacados com diâmetro maior que 5 cm, a quantidade de frutos que já estavam infestados pela mosca foi relativamente alta, em 53,3% dos frutos colhidos foi encontrado lava da mosca-das-frutas.
Como alternativa para o controle eficaz da mosca-das-frutas, a pesquisa recomenda que a proteção com sacos de TNT, seja feita quando os frutinhos de abiu estiverem com diâmetro médio de 3 a 4 cm.