Segundo a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho Patricia Ritschel, uma das coordenadoras do Programa de Melhoramento, a resistência da BRS Isis foi registrada em diversos experimentos. Em avaliações de campo, realizadas em 2008, na Estação Experimental de Viticultura Tropical (EVT) da Embrapa Uva e Vinho, em Jales (SP), sob condições de temperatura e umidade favoráveis à ocorrência da doença, a nova cultivar recebeu nota como altamente resistente. O mesmo sucedeu-se em teste realizado em casas de vegetação, também em ambiente propício à disseminação de míldio, de maio a junho deste ano, durante 57 dias de avaliação.
Outro atributo da BRS Isis é o tamanho grande de baga (18,5 milímetros de diâmetro por 28,5 milímetros de comprimento), “acima do mínimo exigido pelo mercado internacional”, assinala Patricia. Ela destaca que esse tamanho é obtido naturalmente, dispensando o uso de giberelina, um hormônio de crescimento – ou seja, também aqui a nova variedade alinha-se à perspectiva de agro sustentabilidade.
Afora isso, a nova variedade é extremamente produtiva, ressalta a pesquisadora: no Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil, a BRS Isis alcançou produtividade de 26 toneladas por hectare por safra, em quatro colheitas sucessivas. Isso se traduz em uma produção de 52 toneladas por hectare anuais, diante da possibilidade de se fazer, na região, duas safras da cultivar por ano. “E com um nível de doçura bastante bom – de 16º a 21º brix – e textura crocante”, acrescenta Patricia.
Outros dados técnicos
A BRS Isis adapta-se bem às condições de clima tropical do Brasil. Áreas de validação da cultivar foram implantadas em Curaçá (BA), em Petrolina (PE), em Jaíba (MG) e em Elias Fausto (SP).
Ela também tem altos níveis de compostos fenólicos, presentes naturalmente na uva, e que têm sido destacados na literatura especializada por contribuir na prevenção de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, foi feita análise do índice de polifenóis totais (IPT) e de antocianinas totais na película das variedades BRS Isis e Crimson Seedless, ambas produzidas no Vale do Submédio São Francisco. A nova cultivar apresentou cerca de duas vezes e meia mais antocianinas totais, o que se atribui à sua cor mais escura e uniforme, enquanto o IPT foi cerca de 30% superior em comparação à Crimson Seedless.