Dados históricos revelam que em 1532, juntamente com a chegada dos colonizadores portugueses, foram introduzidas as primeiras videiras no Brasil. O cultivo de uva no Brasil inicialmente era mais restrito às regiões de clima temperado. Atualmente, está presente em vários Estados e regiões, porém se concentra especialmente no Sul, Sudeste, Vale do São Francisco e no Centro-Oeste.
Porém, há alguns entraves que interferem na produtividade, como por exemplo, a incidência de pragas, tais como a Drosophila suzukii. É uma espécie de origem asiática, polífaga e com elevada capacidade de dispersão. Há registro de sua presença em mais de 30 países. Sua disseminação pode se dar de maneira direta, como também associada à frutas frescas. Os sintomas típicos de seu ataque são orifícios nos frutos e colapso do fruto após postura dos ovos.
Algumas espécies de insetos podem ser atraídas pelas frutas danificadas. Além disso, doenças causadas por fungos e bactérias podem se estabelecer e desenvolver através dos orifícios causados pela oviposição. Sendo assim, pesquisadores de Fundação Fundação Edmund Mach e da Universidade Estadual de Oregon realizaram um estudo para descrever as interações de D. suzukii com microrganismos que causam podridão ácida e que podem contribuir para a deterioração e perdas na qualidade em uvas comerciais.
Para isso, experimentos laboratoriais e em campo foram feitos. Os resultados mostraram que a oviposição de D. suzukii aumentou significativamente a concentração das bactérias causadoras de podridão ácida, sendo que a concentração de bactérias foi bem maior em tratamentos infestados também com o inseto em relação ao tratamento que utilizou apenas os frutos infestados com os ovos. As bagas sadias mostraram-se menos suscetíveis ao desenvolvimento da doença e à deterioração. Outro ponto foi que as bactérias induziram a fermentação e produziram compostos voláteis que atraem tanto D. suzukii como outros drosofilídeos.
Por tanto, o monitoramento é fundamental para manter as videiras saudáveis e reduzir o impacto de pragas em campo – devendo ser iniciado dois meses antes do amadurecimento dos frutos. No Brasil, não há produtos químicos registrados para o controle de D. suzukii. Evitar o plantio de hospedeiros suscetíveis aos arredores da área do cultivo comercial, assim como eliminação de restos culturais são algumas alternativas de manejo dessa praga.
Para saber mais: Ioriatti et al. (2017)
Foto: Zarpellon Agricoltura (xxxx)/ DefesaVegetal.Net