A Embrapa, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Agência a Brasileira de Cooperação (ABC) realizam, no dia 19 de março, em Brasília, o Diálogo África-Brasil em PD&I na Agropecuária – levando a cooperação internacional ao próximo nível, onde estarão reunidos na sede da Embrapa embaixadores de países africanos com representação no País, ministros e autoridades, além do convidado de honra, o cientista Rattan Lal, referência mundial em saúde do solo e Prêmio Nobel da Paz.
O evento de assinatura acontece no auditório José Irineu Cabral, na sede da Embrapa (Brasília, DF).
Estarão presentes à sessão de abertura, às 9h, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o diretor do IICA, Manual Otero, o diretor da Agência Brasileira de Cooperação, embaixador Ruy Pereira, o diretor-executivo do Forum for Agricultural Research in África (FARA África), Aggrey Agumya, a diretora-executiva do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR), Ismahane Elouafi, além de representantes da Gates Fundation e da Alliance for a Green Revolution in África (Agra), todas instituições chaves e parceiras desta iniciativa.
No Diálogo África-Brasil, serão discutidas as estratégias para promover o intercâmbio de conhecimentos técnicos e de pesquisadores entre a África e o Brasil e a criação de uma rede sólida de cooperação internacional sustentável na África, com foco na segurança alimentar. No dia posterior ao evento, os parceiros farão uma oficina técnica para delinear as diretrizes do programa de intercâmbio. O resultado será apresentado em maio, na reunião de ministros da agricultura da África que acontecerá em Brasília.
“Sempre dizemos que o futuro da agricultura está nos trópicos e que esse futuro pertence à África, à América Latina e ao Caribe, que são espaços que devem se ajudar mutuamente e têm um longo caminho a percorrer no desenvolvimento e na inovação agrícola. O que é melhor do que construirmos pontes juntos, Embrapa, ABC e IICA, para colocar à disposição da África experiências e tecnologias que têm se mostrado muito úteis”, disse Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.
“A América Latina e o Caribe são os grandes garantidores da segurança alimentar mundial e devem assumir a responsabilidade de traçar modelos de desenvolvimento que levem em conta as limitações dos recursos naturais, compartilhando suas experiências e conhecimentos com a África, que possui uma enorme área agrícola subexplorada e com níveis de produtividade muito baixos”, acrescentou.
A cooperação internacional entre IICA, ABC e Embrapa estima a vinda ao Brasil de 30 pesquisadores de institutos científicos, universidades ou órgãos de governo de países africanos, por um período de tempo, para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao intercâmbio de conhecimentos e competências em tecnologias que promovam a segurança alimentar e nutricional, a agricultura regenerativa e a resiliência e a recuperação de áreas degradadas.
“Em conjunto com representações estrangeiras em pesquisa e desenvolvimento, voltada à agropecuária, será possível ouvir e compartilhar as demandas do continente africano, bem como identificar oportunidades, assim integrar pesquisadores, que permitirão a efetiva aplicação dos conhecimentos”, comentou a presidente da Embrapa. Segundo ela, por meio da parceria com o IICA, o compromisso das duas instituições ganha reforço, principalmente no contexto do cenário de mudanças climáticas, transição energética e combate à fome e à pobreza. “Estamos empenhados em contribuir com pequenos e médios produtores, oferecendo condições para que agreguem valor, com redução de custos de produção”, completou.
“Representantes dos mais diversos fóruns do continente africano terão papel importante no sentido de assegurar que os participantes selecionados possuam potencial e motivação para aplicar os conhecimentos construídos durante o intercâmbio em suas respectivas regiões de origem”, destaca o documento que consolida o acordo de cooperação.
A Embrapa atuará em processos de compartilhamento de conhecimentos e capacitações e o IICA, com sua atuação no continente americano e expertise em estabelecer conexões entre instituições de pesquisa e ministérios de agricultura, ampliará o seu compromisso ao passar a atuar com países africanos.
O projeto buscará apoio institucional de fundações internacionais como a Fundação Gates. Ao término do projeto, além dos processos formativos, espera-se a construção de uma rede de conhecimentos intracontinental, fortalecendo os laços Brasil e África.
Após a sessão de abertura com autoridades, de 9h30 às 10h45, acontecerá a palestra do cientista Rattan Lal, especialista em ciência do solo e diretor do Centro de Manejo e Sequestro de Carbono da Universidade de Ohio, Prêmio Nobel da Paz 2007, Prêmio Mundial de Alimentação 2020 e embaixador da Boa Vontade do IICA. No decorrer da programação, estão previstos painéis sobre os principais desafios e oportunidades para o desenvolvimento da agropecuária comuns à África e Brasil e debates para a execução do Acordo Geral de Cooperação IICA-Embrapa: Programa de Intercâmbio de Pesquisadores Africanos no Brasil.
O projeto está alinhado com os propósitos da Aliança Global de Combate à Fome, lançada em novembro de 2024 durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. Construída ao longo de um ano, a partir de um processo de diálogo e colaboração, a Aliança nasce com 148 membros fundadores, incluindo 82 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.
A iniciativa do G20 visa acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza.
Desde o começo do governo Lula, o Brasil voltou a priorizar uma política de maior aproximação com os países africanos, impulsionada por laços históricos, culturais e sociais profundos, como o legado da escravidão. No âmbito econômico, o Brasil também tem procurado aumentar o comércio com os países africanos, especialmente em setores como energia, agricultura e tecnologia, além de promover a transferência de conhecimento e capacitação.
Brasil e países africanos, além do clima predominantemente tropical, possuem semelhanças ecológicas, culturais e históricas. Tanto o continente africano quanto os países da América Latina e Caribe enfrentam desafios semelhantes relacionados aos sistemas agroalimentares, como segurança alimentar, sustentabilidade e resiliência frente às mudanças climáticas. Além disso, mais de 65% das terras aráveis não cultivadas encontram-se na África, além de 10% de recursos renováveis, segundo dados do IICA.
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