A determinação do teor de nutriente nos tecidos das folhas estrategicamente escolhidas em épocas adequadas serve para avaliar o estado nutricional das plantas. O método da análise foliar é a mais importante estratégia para diagnose de deficiências e excessos nutricionais e estabelecimento de recomendação de adubação para árvores frutíferas, devendo levar em consideração na interpretação vários fatores, tais como idade e posição da folha, estado de frutificação e estádio fenológico (SMITH, 1986).
Existem métodos científicos para estabelecer a melhor posição e idade da folha para representar o estado nutricional de uma cultura perene e anual. Esses métodos se baseiam no principio de que os tecidos são sensíveis à mudança de disponibilidade de nutrientes pelo solo e essa sensibilidade ocorre em um determinado período do ano. O tecido normalmente utilizado para avaliar o estado nutricional do caquizeiro é a folha recém madura de ramos não frutíferos, amostrado aproximadamente dois meses antes da colheita (AOBA & KONNO, 1984).
O objetivo deste trabalho foi estudar a variação da concentração de macronutrientes ao longo dos estádios de desenvolvimento nos órgãos que compõem os ramos frutíferos e sugerir valores de concentrações iniciais para interpretação do estado nutricional do caquizeiro cultivar Giombo cultivado em condições semelhantes à deste experimento.
Verifica-se que a massa seca de folhas e caule após 9 semanas após a brotação permaneceu constante e num percentual muito pequeno em relação à massa seca de frutos, enquanto a acumulação de massa seca dos frutos após 12 semanas continuou crescendo vertiginosamente até após o início do ponto de colheita, que ficou compreendido entre 30 e 33 semanas após início da brotação (Figura 1, que apresenta o peso da matéria seca nas folhas, frutos e caules de ramos frutíferos de caquizeiro cultivar Giombo ao longo do estádio de desenvolvimento).
Clark & Smith (1990b), na Nova Zelândia, com caqui Fuyu, observaram dois períodos de intenso crescimento, 10-12 semanas após polinização, e de 18 semanas após polinização até a colheita, separado por um período de menor crescimento que foi de 6-7 semanas. Essa tendência mostra que os fotossintetatos foram produzidos intensamente pelas folhas, transportados via caule e acumulados em grande quantidade nos frutos. Do ponto de vista da produtividade, o máximo acúmulo de massa seca de frutos nessas condições experimentais ocorreu no inicio da senescência e queda das folhas apesar de que a maioria dos produtores inicia a colheita no período mencionado anteriormente para ter um maior período de comercialização.
Cabe ressaltar que a absorção dos nutrientes é diferente de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura e do elemento, normalmente na maioria das espécies frutíferas intensificando-se a partir do início da formação dos frutos. Por isso, além da quantidade absorvida de nutrientes deve ser considerada também a sua concentração nos diferentes estádios de desenvolvimento (MALAVOLTA et al., 1997), servindo assim para monitorar a transferência de nutrientes entre os órgãos nos diferentes estádios bem como a época de maior necessidade de se ter esses elementos disponíveis no solo para a planta.
Na Tabela 1 encontram-se os resultados de teores médios de macronutrientes nas folhas de caqui amostrados em diferentes países com condições climáticas completamente diferentes e com manejo de solo provavelmente distintas além da cultivar, idade do pomar, etc. Mesmo assim os valores neste estádio de desenvolvimento apresentaram muito próximos uns dos outros, observando que no presente estudo os valores foram de N (20,30), P (1,25), K (30,55), Ca (23,45), Mg (3,85) e S (3,05) em g kg-1 de matéria seca, enquanto Sato et al. (1954), no Japão, relataram teores de N (26,90), P (1,35), K (26,70), Ca (18,50) e Mg (4,95) em g kg-1 de matéria seca e, Clark & Smith (1990a), na Nova Zelândia, citaram teores de N (15,40), P (1,26), K (30,41), Ca (21,64), Mg (4,62) e S (4,15) em g kg-1 de matéria seca.
Pelas informações geradas na Tabela 1, inferimos que as maiores diferenças foram verificados para os valores de Mg e S, além disso, os teores encontrados neste estudo foram relativamente menores do que os da literatura citada. Portanto, até que surjam dados mais regionais e particularizados para cada região de produção, os dados constantes na Tabela 1 podem ser utilizados para avaliação do estado nutricional de pomares de caqui no Brasil.
REFERÊNCIAS
AOBA, K.; KONNO, S. Studies on the minor metal elements in orchards. X. The relationship between greenish spot disorder of Japanese persimmon fruit and excess manganese absorption.Bull. Fruit Tree Res. Stn., Ser. A, n. 11, p. 55-68, 1984.
CLARK, C.J.; SMITH, G.S. Seasonal changes in the mineral nutrient content of persimmon leaves. Scientia Horticulturae, n. 42, p. 85-97, 1990a.
CLARK, C.J.; SMITH, G.S. Seasonal changes in the composition, distribution and accumulatioin of mineral nutrients in persimmon fruit. Scientia Horticulturae,n. 42, p. 99-111, 1990b.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafós, 1997. 319p.
SATO, K.; ISHIHARA, M.; HARADA, R. Studies on leaf analysis of fruit trees. 6. Leaf analysis in Japanese persimmon orchards. Bull. Natl. Inst. Agric. Sci., Ser. E, n. 3, p. 169-186, 1954.
SMITH, F.W. Interpretation of plant analysis concepts and principles. In: REUTER, D.J.; ROBINSON, J.B. Plant analysis, an intrepretation manual. Australia: Inkata Press, 1986. p. 1-12.
1 Eng° Agr°. Prof. Associado. Depto. Agronomia. UEL ? PR. C.P. 6001. CEP 86051-990 Londrina ? PR. *E-mail:hwilson@uel.br (autor para correspondência).
2 Eng° Agr°. M.Sc em Agronomia, Universidade Estadual de Londrina, PR.
3 Eng° Agr°., Universidade Estadual de Londrina, PR.
Para ler o trabalho na íntegra na Revista Brasileira de Fruticultura, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452010000400032