Saborosa para ser consumida in natura, em doces e bebidas, é resistente a variações climáticas, de crescimento lento e, a planta possui madeira útil para marcenaria. Foto: Caio Ferrari.
Brasileiríssima, mas pouco conhecida aqui, a grumixama é uma fruta com grande potencial para ser explorada comercialmente em todo o território nacional. Nativa da Mata Atlântica, tem polpa doce e levemente ácida, semelhante ao sabor da jabuticaba misturado com o da pitanga, ambas já há muito tempo presentes na alimentação da população por todo o país.
Além do consumo in natura, a pequena e redonda grumixama é matéria-prima para fazer sucos, geleias, compotas, doces, aguardentes, vinagre e licor, formando uma gama de derivados que pode gerar lucro ao produtor a partir de duas espécies. Uma delas é a grumixameira Eugenia brasiliensis, que é encontrada em mata pluvial desde o sul da Bahia até Santa Catarina. A outra é a Eugenia itaguahiensis, oriunda da restinga arbustiva do Estado do Rio de Janeiro.
Pertencentes à família Myrtaceae, a mesma de goiabeira, pitangueira e jabuticabeira, as espécies se distinguem pelo tamanho da árvore e período de safra, entre outras características. A E. brasiliensis tem porte médio, com altura variando entre 6 e 20 metros, possibilitando o plantio em sítios, chácaras e em quintais espaçosos de residências. Novembro e dezembro são os meses de colheita dos seus frutos, também conhecidos como grumixaba e cumbixaba. A E. itaguahiensis é uma versão anã destinada para cultivo em vasos, sendo setembro e outubro a época de frutificação da grumixama-mirim, ou grumixama-anã.
Apesar do crescimento lento, a grumixameira é resistente a variações climáticas, não apresenta dificuldades em seu cultivo e é muito usada em projetos de restauração florestal. De textura firme, a madeira da planta é outra opção rentável para o produtor aproveitar, devido à sua aplicação em trabalhos de marcenaria e carpintaria, embora seja esse o motivo para a drástica redução do número de suas árvores na natureza.
Na medicina popular, a casca da grumixameira tem uso na elaboração de xarope expectorante e a ingestão da fruta é considerada curativa para inflamações bucais e de garganta. Com elevados teores de vitaminas C, B1 e B2 e flavonoides, a grumixama ainda tem ação adstringente, diurética e estimulante – e, por ser rica em antioxidantes, protege as células do corpo contra os radicais livres, que provocam o envelhecimento precoce e causam vários tipos de doenças. Contudo, ressalte-se que são efeitos não comprovados cientificamente.
INÍCIO Da atividade requer do produtor analisar se o mercado local possui demanda para a grumixama. Faça contato com outros agricultores da fruteira para obter dicas de cultivo e venda. Para a compra das primeiras mudas, sempre prefira adquirir de viveiristas credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente (Mapa).
AMBIENTE Adequado para o cultivo da grumixameira é o de clima tropical e subtropical. Somente por curtos períodos a planta suporta temperaturas abaixo de 0 ºC. A fruteira se desenvolve tanto sob sol pleno quanto à meia-sombra, mas é importante que seja plantada em local com boa iluminação.
PROPAGAÇÃO Em geral, é por meio de sementes, que mantêm boa taxa de germinação quando secas à sombra por poucos dias. O tratamento térmico, com temperatura e tempo controlados, pode ser uma técnica promissora para aumentar o número de sementes germinadas. O uso de substratos de qualidade e livres de pragas e doenças deve ser priorizado na produção das mudas.
PLANTIO Deve ser em solo profundo, bem drenado e rico em matéria orgânica. Dê preferência para épocas chuvosas da região e dias nublados quando realizar o transplante em local definitivo.
ESPAÇAMENTO Sugerido é de 5 x 5 metros, uma vez que estudos sobre a grumixameira são incipientes. As dimensões de 50 x 50 x 50 centímetros são indicadas para as covas, que devem ser preparadas com, no mínimo, 30 dias de antecedência do plantio. Dos 50 centímetros de terra retirados, devolva para a cova os primeiros 20 centímetros misturados com 15 quilos de esterco de curral bem curtido, mais 500 gramas de superfosfato simples. Ao preencher a cova com os 30 centímetros do solo mais profundo, use uma pequena parte para fazer uma bacia ao redor dela.
ADUBAÇÃO Para cada planta, entre as recomendações sugeridas, é de, no primeiro ano, duas aplicações de 100 gramas de sulfato de amônio e 40 gramas de cloreto de potássio. No segundo ano, aumente para quatro aplicações de 150 gramas e 60 gramas dos mesmos produtos, respectivamente. No terceiro ano, repetir quatro aplicações, mas com 250 gramas de sulfato de amônio e 80 gramas de cloreto de potássio. A partir do quarto ano, são 300 gramas de sulfato de amônio e 100 gramas de cloreto de potássio, também em quatro aplicações. Para suplementar o fósforo, a dica é fornecer fosfato de rocha ou superfosfato simples. Faça as adubações na projeção da copa considerando a umidade do solo.
CUIDADOS Apesar de rústica, a grumixameira é vulnerável a infecções, principalmente à do fungo da ferrugem (Puccinia psidii) e da antracnose (Colletotrichum gloeosporioides). Quanto às pragas, os danos mais frequentes são devidos ao ataque da mosca-das-frutas (Anastrepha sp.).
PRODUÇÃO Se dá a partir do quarto ao quinto ano após o plantio. Em geral, as frutas são colhidas maduras e, como são frágeis, podem ser danificadas no transporte até a etapa de embalagem. Para evitar esmagamento ou outro dano, coloque as grumixamas colhidas em recipientes com água de boa qualidade.
Fonte: Globo Rural – POR JOÃO MATHIAS – 18 de Fevereiro de 2019.