Autor: Wilson Goto, Gerente de Fertirrigação da Yara International
Uma das culturas mais relevantes para o agronegócio do Brasil é a de citrus. De acordo com o relatório do “Citrus World Statistics”, o país é o segundo maior produtor de citricultura mundial e tem na laranja sua maior protagonista. Na safra 2022/2023, considerando o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, principal região produtora do País, foram 314,21 milhões de caixas de 40,8 kg, segundo levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), com aumento de 20,53% em comparação à safra anterior.
Ricas em vitamina C e fibras, as frutas cítricas, como limão, lima, tangerina, além da laranja, são fontes indispensáveis para o fortalecimento dos ossos e no auxílio à digestão. Para garantir qualidade, frescor e sabor, essa cultura requer práticas de plantio que não apenas fortaleçam o crescimento e o desenvolvimento dos cultivos, mas também atuem de forma preditiva, principalmente nas questões de ordem climática, com sucessivos períodos de chuva ou de seca extrema.
As condições climáticas, aliás, cada vez mais dificultam trabalhar uma agricultura de forma mais tradicional. Em grande parte do Brasil, o volume anual de chuvas é insuficiente para atender as necessidades das plantas cítricas, e neste ano está sendo agravado em função do fenômeno El Niño. Para lidar com essas intempéries e evitar quebras de produção, a irrigação é fundamental.
Na citricultura, a planta demanda grande quantidade de água. É quase impossível o fruto se desenvolver sem um sistema de irrigação. Um quilo de laranja, por exemplo, necessita de 460 litros de água durante o processo produtivo, a depender da região. O líquido é vital para a planta transpirar, manter a temperatura adequada, hidratar-se e, não menos importante, absorver nutrientes. Ante essa dinâmica de clima, é preciso, portanto, ter a possibilidade de ajustar a nutrição.
Foto: Netafim
Fertirrigação
Uma das formas de se fazer esse ajustamento é por meio da fertirrigação, técnica de aplicação de fertilizantes junto com a água de irrigação para a nutrição da planta, seja por microaspersão ou por gotejamento. Isso permite que os nutrientes sejam aplicados de forma dinâmica, de acordo com as necessidades das plantas em diferentes estágios de crescimento e de acordo com as condições climáticas. Esta técnica é essencial para a citricultura e, entre outros benefícios, proporciona aumentos de produtividade e qualidade da produção, além de melhor uso de recursos.
Além das vantagens para o produtor, há ganhos para o ecossistema ambiental. Um deles, alinhado às práticas da agricultura regenerativa, é a preservação da saúde do solo, fundamental para um desenvolvimento sustentável, que atenda à demanda global por alimentos. Outro fator ambiental positivo está relacionado à redução das emissões de óxido nitroso (N2O) na atmosfera, visto que a fertirrigação usa o fertilizante de forma mais eficiente, em quantidade exata, aplicado no momento certo.
Contudo, para que os benefícios da fertirrigação sejam alcançados, um bom sistema de irrigação é determinante. Se o sistema ou o manejo não forem adequados, os resultados podem ser comprometidos, havendo ainda o risco de estresse hídrico por falta ou excesso de água. Por fim, um sistema não uniforme também tem influência na diferença de crescimento de plantas do mesmo talhão.
A fertirrigação é uma das formas de aplicação de nutrientes mais eficazes e, diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, tornou-se indispensável. Para tanto, em busca dos efeitos desejados em termos de produtividade, qualidade e aproveitamento de recursos, é essencial um projeto de irrigação que contemple situações críticas e seja eficiente na utilização da água e dos nutrientes, garantindo maior produtividade e qualidade aos frutos e, para os citricultores, segurança ao investir em recursos de nutrição vegetal.