Com o agravamento do problema, novas regiões como Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e o Distrito Federal começam a integrar o chamado Cinturão Citrícola Expandido (CCE).
A Embrapa e o Fundecitrus têm intensificado pesquisas e ações para mapear os riscos climáticos e fitossanitários, buscando apoiar os produtores na adaptação para essas novas áreas. O objetivo é minimizar os impactos da doença e promover a sustentabilidade econômica dos pomares.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ferramenta desenvolvida pela Embrapa, tem sido fundamental no mapeamento dos riscos climáticos para os citricultores. O Zarc, que oferece dados detalhados sobre os riscos de perdas na produção, é um guia essencial para os produtores na hora de decidir sobre a migração dos pomares para regiões com menor risco de perda.
O estudo fornece análises que vão desde as fases iniciais de floração até a colheita, permitindo que os citricultores planejem melhor suas colheitas em um cenário de mudanças climáticas.
Maurício Coelho, pesquisador da Embrapa e coordenador do Zarc Citros, destaca a importância do zoneamento para a expansão da citricultura. O estudo mostrou que áreas limítrofes do atual Cinturão Citrícola apresentam riscos elevados de déficit hídrico, especialmente no Triângulo Mineiro e no oeste paulista, onde a falta de água pode comprometer a florada das árvores.
A publicação “Expansão do Cinturão Citrícola” traça um panorama sobre as aptidões das novas regiões e os riscos climáticos que envolvem essa migração.
Além dos fatores climáticos, o controle do HLB está atrelado ao controle do psilídeo-vetor (Diaphorina citri) da bactéria responsável pela doença. A Embrapa, em parceria com o Fundecitrus, está desenvolvendo um zoneamento específico para mapear a presença do psilídeo e a ocorrência de podridão floral, outra doença que prejudica os citros.
A partir de 2025, mapas de risco para essas pragas deverão ser disponibilizados, auxiliando os citricultores a tomarem decisões mais informadas sobre os locais para o plantio.
O controle do HLB exige uma abordagem contínua, que envolva monitoramento constante dos pomares e a adoção de técnicas de manejo integrado. O uso de modelos computacionais e matemáticos ajuda a prever a incidência de doenças e pragas, tornando o manejo mais preciso.
A migração dos pomares para novas regiões já é uma realidade. Desde 2023, os citricultores têm buscado áreas com menor incidência de HLB, especialmente em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
Em 2024, a procura por essas novas regiões aumentou consideravelmente, apesar dos desafios logísticos e da necessidade de infraestrutura. Para os produtores, a adaptação às novas regiões é uma forma de garantir a continuidade da produção e evitar o colapso econômico causado pela propagação do greening.
O Fundecitrus e a Embrapa também destacam a importância do zoneamento para o planejamento das novas áreas de plantio. Empresas como a Cambuhy Agrícola e a Agroterenas estão investindo na expansão para estados com clima mais favorável.
A Cambuhy, por exemplo, iniciou a migração para o Mato Grosso do Sul com a intenção de gerar 1.200 empregos diretos e expandir a produção. A Agroterenas projeta o plantio de 1.500 hectares até 2026, com base nas orientações de pesquisadores da Embrapa e do Fundecitrus.
Embora os desafios sejam numerosos, como o alto custo do transporte, a escassez de mão de obra e as altas temperaturas em algumas regiões, as pesquisas em andamento e as ações do governo têm sido um suporte fundamental para garantir o sucesso da migração. De acordo com Danilo Yamane, consultor da FortCitrus, as orientações sobre clima e risco fitossanitário são essenciais para reduzir o risco do investimento.
A expansão do Cinturão Citrícola é um reflexo das mudanças impostas pela evolução do HLB e uma tentativa de assegurar a viabilidade da citricultura no Brasil. Com as ações e pesquisas em andamento, a adaptação da cultura de citros a novas regiões e ao clima será fundamental para a sustentabilidade da cadeia produtiva e para o futuro do setor.
Fonte: Revista Cultivar