O Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do Instituto Agronômico (IAC) está sob nova direção. Do alto de seus 90 anos de atuação e referência para a citricultura mundial, o Centro está sendo dirigido pelo pesquisador Dirceu de Mattos Júnior, engenheiro agrônomo que ingressou no IAC em 1994. Mattos atuava como pesquisador da unidade junto do então diretor, Marcos Antônio Machado, que esteve à frente do Centro durante os últimos 15 anos.
“Estar à frente desta instituição é uma honra, como é uma responsabilidade ímpar, pois avançar sobre essa história de realizações se traduz na necessidade de dedicarmos enorme empenho pessoal e encontrarmos alta capacidade de trabalho coordenado, o que gera uma ansiedade muito boa”, afirma. Para o pesquisador, assumir a direção do Centro é também um marco profissional.
Ele destaca que a posição alcançada pelo Centro é fruto do trabalho de seus pesquisadores e corpo técnico, desde sua criação em 1928. A Unidade sempre foi direcionada a ser um difusor de material genético e de tecnologia, o que a levou a crescer junto com a citricultura brasileira.
Os desafios presentes para essa nova administração se resumem em fomentar o trabalho multidisciplinar de equipe e colaboradores do Centro de Citricultura, otimizando o retorno sobre investimentos em pesquisa e desenvolvimento, ampliando sua capacidade de transferência de informações, tecnologia, formação de recursos humanos, provimento de produtos e prestação de serviços requeridos pela citricultura.
O Centro também realiza serviços na área de análises para a própria pesquisa e para o setor citrícola. No Laboratório de Qualidade de Citros, onde são avaliados tamanho de fruta, concentração de sólidos solúveis, acidez e rendimento de suco, foram processadas 2.588 amostras, em 2018, que atenderam projetos de pesquisa internos. Na Clínica de Fitopatologia, que trata de diagnósticos de patógenos como Xylella, nematóides, Phythophthora, HLB, CTV (vírus da tristeza), Xanthomonas e pinta preta, foram processadas 10.907 amostras, no ano passado.
Para Mattos, a busca constante de recursos financeiros junto às agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), além de parcerias privadas também são necessárias. “Para isso, teremos que reinventar estratégias de trabalho para manter o Centro forte e apto a continuar sua missão”, completa o novo diretor.
Para ele, as expectativas para o Centro de Citricultura na próxima década serão voltadas para a divulgação de suas importantes pesquisas e contínua estruturação para superar cada desafio que o setor vier a enfrentar. Mattos ressalta que a citricultura brasileira, e em especial a paulista, constituem atividade econômica agrícola muito forte, comparada à rentabilidade de outras culturas.
Perfil – Dirceu de Mattos Júnior é doutor em Soil and Water Science pela University of Florida (2000), mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (Esalq, 1993) e graduado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990).
Em sua carreira profissional tem experiência na área de agronomia, com ênfase em fertilidade do solo e nutrição de plantas, atuando principalmente nos temas: fisiologia do estresse, nutrição mineral de plantas, eficiência de uso de nutrientes na agricultura, análises químicas de solo e plantas, manejo de nutrientes e qualidade de frutos de citros.
Publicou resultados de pesquisa em diversos periódicos acadêmicos e técnicos nacionais e internacionais, como também editou e publicou livros sobre a citricultura brasileira. Tem atuado como membro de comissões e conselhos ao nível de treinamento e pós-graduação, planejamento e programação científica e câmaras setoriais da citricultura, além de ser conselheiro da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária (Fundag). Também atua como professor e colaborador de programas de pós-graduação em ciências agrárias. Antes de ingressar no IAC, trabalhou em empresas privadas na área de citros.