Nome científico: Myrciaria dubia HBK Mc Vaugh
Nomes populares: Camu-camu, caçari, araçá-d’água, araçá-de-igapó, sarão, azedinha
Família Botânica: Myrtaceae
Características gerais: O camu-camu é um arbusto ou pequena árvore disperso em quase toda a Amazônia, encontrado no estado silvestre nas margens dos rios e lagos, geralmente de água preta. A planta frutifica nos meses de novembro a março, período da colheita, quando as frutas estão maduras, apresentando a coloração vermelho-escura. Pelo seu elevado teor de vitamina C, existe um costume na região de tomar o suco da fruta para prevenir gripes e resfriados. Processada a fruta, obtém-se a polpa utilizada na fabricação de sucos naturais, sorvetes, doces, geleias e licores.
CAMU-CAMU TEM 20 VEZES MAIS VITAMINA C QUE A ACEROLA, MAS AINDA É POUCO EXPLORADA
(matéria publicada pelo Globo Rural – autora: jornalista Karin Salomão)
A fruta camu-camu é pequena e pesa em média 8 g. Cresce nas várzeas dos rios, principalmente na época das cheias dos rios amazonenses. Só que é azeda demais e é consumida apenas na forma de sorvetes, geleias e compotas. Por isso, a produção do camu-camu (Myrciaria dubia) no Brasil ainda é baixa.
Foto 1. Fruto é comum nas várzeas de rios amazônicos em períodos de cheia
Dois pesquisadores da Embrapa querem alavancar a produção de camu-camu e tornar a cultura mais eficiente. Afinal, a fruta é grande fonte de vitamina C: supera o teor da acerola em 20 vezes e o do limão em 100 vezes. Os resultados foram compilados no livro de bolso A Cultura do Camu-Camu. O livro faz parte da Coleção Plantar da Embrapa (pode ser encontrado no posto de vendas da Embrapa Amazônia Oriental ou no site www.embrapa.br/liv), e trata de diversos aspectos que envolvem o manejo do camu-camu, tais como as condições adequadas de clima, solo, meios de propagação e tratos culturais. Há também informações sobre valor nutricional, colheita, beneficiamento, conservação e rendimento industrial. A edição traz ainda ilustrações de como identificar frutos e ramos atacados por insetos-pragas.
A fruta é muito utilizada pelas empresas farmacêuticas para fabricação de cápsulas de vitamina, segundo Walnice Nascimento, uma das coautoras do livro. “O camu-camu tem um grande potencial que ainda precisa ser explorado no Brasil”, diz ela, que divide a autoria da publicação com o pesquisador José Urano de Carvalho, ambos da Embrapa.
No Brasil, é cultivado principalmente no Pará, no Amazonas e em algumas fazendas de São Paulo, em Mirandópolis e Iguape. Ainda que no país a cultura seja incipiente, o Peru é grande produtor e exportador da fruta. De lá, o camu-camu é vendido para o Japão, os Estados Unidos e a União Européia, por meio da Holanda.
Ainda pouco domesticada, a planta não tem uma produção tão eficiente. Por ser uma planta de várzea, ela também não está plenamente adaptada ao solo firme. O melhoramento por seleção, no Brasil, começou apenas em 2008. Desde então, foram feitos diversos trabalhos de caracterização química da fruta em diversas universidades brasileiras. Atualmente, a Embrapa também está analisando variedades selecionadas geneticamente.
Dez cientistas da Embrapa – engenheiros químicos, melhoristas, fitotecnistas, fitopatologistas, nutricionistas e geneticistas – trabalham com essa produção. O livro foi resultado de diversos testes de cultivo e de compilações de outros trabalhos, principalmente peruanos.
VALOR NUTRICIONAL DO CAMU-CAMU
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas
Myrciaria dubia HBK Mc Vaugh, Myrtaceae, o camu-camu também é conhecido por araçá-da-água, araçá-de-igapó, caçari, sarão ou azedinha, conforme a região. Segundo alguns especialistas (KAORU et al., 2010), é uma das mais importantes mirtáceas nativas da Amazônia, onde pode ser encontrada nas zonas de várzeas da maioria dos rios da Bacia Amazônica, do Brasil e outros países.
O fruto é globoso, arredondado, com superfície brilhante e de cor vermelho-escura até negro-púrpura, quando maduro. Mede de 1,2 a 3,8 cm de diâmetro, com uma a quatro sementes por fruto; o peso médio do fruto é de 8,5 g, com variação entre 2 e 18 g. As sementes correspondem de 14 a 27% do peso do fruto, e a polpa e a casca os restantes, ou seja, de 73 a 65%. Como os frutos não são climatéricos, não devem ser colhidos em estágio verde, pois não amadurecem após a colheita. A cor da casca é devida à presença de antocianina, que pode dar cor ao suco, conforme for processado para retirar a polpa.
A partir da década de 70, o INPA da Amazônia fez cultivos em terra firme do camu-camuzeiro, e foram obtidos bons resultados de produção e qualidade do fruto, com bom valor de ácido ascórbico, acima de 3 mil mg/100 g de polpa. Nesse tipo de cultivo, há produções ao longo do ano, e a colheita é mais fácil do que nas plantas nativas em áreas alagadas. A época de produção depende da região e do regime de chuvas, assim vai de novembro a janeiro – fevereiro no Alto Solimões e Peru, até abril em Roraima (YUYAMA et al., 2010). O tempo usual de floração e frutificação é de 77 dias, mas em terra firme é no período de estiagem – agosto a novembro – e a produção de frutos vai de novembro a março.
Dados de diversos autores mostram o valor nutricional do camu-camu, tais como- 17 kcal; umidade de 91 a 92%; proteínas – de 0,29 a 0,50 g; amido – de 0,21 a 023 g; pectina – 224 mg; sólidos totais- 6,2 a 8,97 ºBrix; acidez – 2,43 a 4,4 %; flavonoides totais – 6 a 31 mg.
Minerais – Os mais encontrados no fruto são potássio e cálcio, em maior proporção, e, em menor, sódio, zinco, ferro e selênio.
Vitaminas – Ácido ascórbico (vitamina C) – 1.200 a 2.491 mg, com variação entre 800 a 6.000 mg.
As fibras têm boa fonte na casca do camu-camu, com fibra alimentar total, insolúvel e solúvel.
Os usos do fruto do camu-camu remontam aos feitos pelos indígenas e pela população amazônica, incluindo o consumo direto do fruto ou sua prensagem ou esmagamento para retirar as sementes e a casca em peneira, para, em seguida, fazer-se um suco ou refresco. O seu aproveitamento dá-se atualmente pelo congelamento de sua polpa, tendo sido mostrado que, com isso, há pequena perda da vitamina C, mesmo no suco engarrafado e pasteurizado. Em sorvetes e geleias, há, em média, de 450 a 710 mg de ácido ascórbico em 100 g do produto. Há potencial para seu uso em pó, cápsulas, bebidas e licores. Frutos colhidos na fase de semimaduros, com cor vermelha e pequena parte esverdeada, têm maior concentração de vitamina C e têm melhor consistência. Devido a sua alta acidez e médio conteúdo de açúcares, pode ser adicionado adoçante ou açúcar para seu suco ou refresco, o qual tem cor chamativa devido à antocianina.
Foto 1. Frutos em ramo muito produtivo
Foto 2. Frutos cortados mostrando sua polpa e suas sementes
Foto 3. Fruto cortado, mostrando a polpa, e outros em ramo de camu-camucazeiro