Nome Científico: Eugenia dysenterica DC.
Nomes populares: cagaita, cagaiteira, beba.
Família botânica: Myrtaceae
Distribuição geográfica e habitat: a cagaita é uma fruta nativa brasileira, originária do Cerrado. Ocorre no Brasil em vários estados brasileiros como planta nativa, principalmente no Centro, Sudeste, Norte e Nordeste, sendo comum em alguns estados, como Goiás, Minas Gerais e Bahia.
Características gerais: árvore de porte médio que pode atingir de 3 a 4 m de altura, com ramos tortuosos. Folhas verdes, brilhantes e quando jovens verde-claras, chegando a ser ligeiramente translúcidas. Flores brancas e aromáticas. O fruto é globoso e achatado, de coloração amarelo-pálida, com 1 a 3 sementes brancas envoltas em polpa de coloração creme, de sabor acidulado.
Clima e solo: ocorre preferencialmente em terrenos elevados, nos Cerrados de altitude, acima de 800 metros. Prefere solos bem drenados, argilosos ou arenosos. Ocorre de maneira silvestre em regiões de cerrado.
Usos: a polpa é consumida ao natural. Apesar do agradável sabor ácido e textura macia, a cagaita deve ser consumida observando alguns cuidados. Isso porque o fruto, se consumido aquecido pelo sol e em grande quantidade, tem um forte efeito laxativo. Já as folhas têm efeito constipador. Além das atribuições medicinais e de produzir um suco muito saboroso, o fruto é utilizado na fabricação de produtos beneficiados, como picolés e sorvetes. Pesquisas acadêmicas apontam que a cagaita é rica em vitamina C e antioxidantes. A polpa, com ou sem a casca, é energética, com baixo teor calórico.
Curiosidades: algumas das espécies deste gênero desempenham papel socioeconômico importante em determinadas regiões, por terem frutos utilizados na alimentação (Eugenia neonitida, E. rontifolia, E. uniflora, E. edulis, E. dysenterica e E. candolleana, dentre outras), serem empregadas em ornamentação, produzirem óleos essenciais de valor comercial e serem utilizadas na medicina popular no tratamento de diversas doenças.
Fruto na planta.
VALOR NUTRICIONAL DA CAGAITA
Eugenia dysenterica DC, Myrtaceae, é uma fruta muito apreciada, nativa nos cerrados brasileiros. A cagaita só é comercializada em pequeno volume e na sua região de origem, sendo coletada de plantas nativas, em vários estados brasileiros, mais na região central do País. Os frutos são bagas pequenas, amarelas quando maduros e têm de 14 a 20 g, medem de 3 a 4 cm de comprimento e 3 a 5 cm de diâmetro. A casca é brilhante, amarela e membranácea. A semente, de uma até três por fruto, de cor creme e oval, pesa, em média, 1,5 g. A polpa é suculenta, ácida, mas agradável, com efeito laxante quando comida quente ou em muita quantidade. Os frutos caem do pé, após amadurecerem, em 30 a 40 dias após a florada. Têm bom teor de riboflavina, com 421 mcg; niacina, com 0,13 a 0,137 mg e 72 mg de acido ascórbico; 0,42 mg de vitamina B2. Seu uso, além de ao natural, é para se fazer suco, geleia, doces e licores. Além disso, podem ser usadas sua madeira e casca, esta para curtume, além das folhas, para fins medicinais. Os frutos são muito perecíveis, devendo ser colhidos e colocados em caixas em pequenas camadas e consumidos logo ou colocados em geladeira. A produção ocorre entre outubro e dezembro.
Estudos da Universidade Federal de Goiás (SOUZA et al., 2008) mostram que há pouca diferença entre populações quanto à produção e que o fruto está apto para colher, em média, entre 30 e 40 dias após a florada, no período chuvoso.
Minerais – cálcio – 8-10 mg; ferro – 0,02 mg; fósforo – com 30 mg; sódio – com 2,9 mg.
Vitaminas – 0,42 mg de vitamina B2; 18-72 mg de vitamina C; 0,137 mg de B3; vitamina A- 44,3 mcg.
Conforme Silva et al. (2008), têm 20 kcal; 94% de umidade; 0,82 g de proteínas; 0,44 de lipídios; 3,08 g de carboidrato; 1,04 g de fibras; 8 mg de cálcio; 0,02 mg de ferro. Têm valor alto de ácidos graxos, poli-insaturados, linoleico e linolênico, com 10,5 e 11,8%, respectivamente.
Fonte: DONADIO, L.C. Dicionários das frutas (Fotos: C.F. Lima).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
A cagaita está entre as mais de 50 espécies nativas, fruteiras do bioma cerrado, que são obtidas praticamente através do extrativismo. Estes frutos são levemente ácidos, saborosos e muito apreciados para o consumo ao natural; entretanto, podem causar indisposições intestinais. Tanto o nome popular quanto o científico lembram o poder laxativo de seus frutos; entretanto, o chá das folhas tem efeito contrário, “prendendo” o intestino. Por isso, precauções devem ser tomadas em relação à quantidade ingerida, evitando-se o consumo de frutos in natura caídos no chão, que ficaram no sol sob a copa da árvore. Uma alternativa viável para o aproveitamento econômico desta espécie é a comercialização da polpa congelada, que pode ser mantida por até um ano sem perder o sabor, ou processada na forma de sorvetes, doces e geleias. Este procedimento assegura maior tempo na conservação do produto, além de agregar valor ao recurso natural e ainda contribuir na melhoria de renda das populações que vivem da biodiversidade do Cerrado.
RIBEIRO, J.F; SILVA, J.A da; FONSECA, C.E.L da. In: Espécies Frutíferas da Região do Cerrado, Fruticultura Tropical, 1992.