O mais completo estudo sobre a população de plantas no mundo, publicado em junho de 2019 pela revista Nature Ecology & Evolution, revela riscos alarmantes de extinção para algumas espécies vegetais. Segundo a publicação, desde 1900, praticamente três espécies de plantas produtoras de sementes foram extintas por ano. Esse é um ritmo 500 vezes maior do que ocorreria se fossem consideradas apenas causas naturais. O projeto analisou mais de 330 mil espécies e descobriu que as plantas em ilhas e nos trópicos são as mais sensíveis a esse processo de extinção.
Para a diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a doutora em biologia Adriana Brondani, é necessário agir imediatamente para preservar a biodiversidade e adotar práticas conservacionistas. “Precisamos lançar mão de inovações como a biotecnologia para produzirmos mais alimento por área e para dar às plantas as características genéticas necessárias para que se desenvolvam nesse cenário adverso”, afirma.
O trabalho deriva de um banco de dados compilado pelo botânico Rafaël Govaerts no Royal Botanic Gardens, Kew, em Londres. Govaerts iniciou a catalogação em 1988 para rastrear os status de todas as espécies de plantas conhecidas. Quase três décadas depois, em 2015, o cientista se uniu à bióloga evolutiva de plantas Aelys Humphreys, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e a outros pesquisadores para analisar os dados. A equipe descobriu que cerca de 1.234 espécies haviam sido extintas desde a publicação do compêndio de espécies de plantas de Carl Linnaeus, Species Plantarum, em 1753. Mais da metade dessas espécies foram redescobertas ou reclassificadas como vivas mas, ainda assim, 571 são presumidas extintas.
Embora os pesquisadores tenham curado cuidadosamente o banco de dados de extinção de plantas, os números do estudo são quase certamente uma subestimativa do problema. Segundo Jurriaan de Vos, filogeneticista da Universidade de Basel, na Suíça, algumas espécies de plantas são “funcionalmente extintas”, e estão presentes apenas em jardins botânicos ou em números tão pequenos na natureza que os pesquisadores não esperam que a população sobreviva.
A solução está na Biotecnologia
Fenômenos como secas e ondas de calor podem afetar a produção de lúpulo. Nos Estados Unidos, a maior parte do ingrediente é cultivado no Yakima Valley (estado de Washington), região para a qual espera-se um aumento de temperatura e ocorrência de secas devidos às mudanças climáticas. A possível alternativa seria substituir o ingrediente da cerveja por leveduras transgênicas estudadas atualmente pelo cientista Davis Charles Denby, da Universidade da Califórnia. Segundo ele, a troca do tradicional ingrediente também viabilizaria a diminuição de impactos ambientais, uma vez que a produção de lúpulo demanda intenso consumo de água.
Cientistas acreditam que o alimento pode estar próximo de sua extinção e o motivo tem a ver com a forma de plantação da fruta, que é realizada por meio de clones de uma única planta mãe, e, portanto, suscetíveis às mesmas doenças. Uma, em especial, preocupa os produtores: a causada pelo fungo fusarium oxysporum, identificado em 1950 e responsável por atacar plantações do alimento. Ele evoluiu ao longo dos anos e agora ameaça também variedades da fruta que antes não eram afetadas. Segundo Adriana Brondani, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), “é possível aumentar a variabilidade genética da banana por meio do desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas”.
Especialmente sensível à temperatura, à erosão, à contaminação do solo e, sobretudo, ao ataque de pragas, a cultura de cacau tende a ficar cada vez mais rara. “Especialistas buscam, no mundo, soluções na biotecnologia, como estudar genes do próprio fruto que são responsáveis pela resistência a pragas, ou a introdução de genes de outras espécies, como alguns da mandioca que são responsáveis por inibir a produção de toxinas em altas temperaturas, minimizando os impactos”, explica a conselheira do CIB e doutora em Biologia Molecular Sulamita Franco.
A castanheira americana, conhecida como a madeira vermelha do oeste, chegou a ocupar extensas áreas florestais que iam desde o golfo do México até o Canadá. Porém, a partir de 1902, uma doença de origem chinesa, causada por um fungo, dizimou quase todas as 4 bilhões de árvores em 50 anos. Adriana Brondani comenta que, há muito tempo, diferentes técnicas de melhoramento genético tentam desenvolver uma planta resistente ao causador do problema. “Recentemente, uma abordagem biotecnológica cortou caminho: foi identificado o gene responsável pela imunidade natural da variedade chinesa da castanheira e esse gene foi transferido para a árvore americana”, explica a executiva.
A bactéria Xylella fastidiosa coloca as azeitonas em risco e é tema de discussão nos veículos de comunicação especializados na União Europeia. Surtos foram relatados no norte da Itália, no sul da França, na Córsega e nas Ilhas Baleares. Segundo especialistas, o aumento da biodiversidade nos olivais é a melhor maneira de mitigar os efeitos da doença causada pelo microorganismo. Segundo Paulo Camargo, doutor em biologia molecular e conselheiro do CIB, a biotecnologia também poderia colaborar nesse sentido, ao detectar os genes que indicam a suscetibilidade à enfermidade. “Ao serem identificados, eles poderiam ser editados geneticamente e até serem substituídos por outros que confiram proteção à planta”.
Fonte: Informações à Imprensa – Edelman – Giovana Iniesta | giovana.iniesta@edelman.com | Ana Sartor | ana.sartor@edelman.com