19/01/2011 – Mapa
O biofungicida Tricovab, produto natural que evita agressões ao meio ambiente e aos aplicadores de defensivos, está sendo testado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) para combater a vassoura-de-bruxa na lavoura de cacau. A comissão, vinculada ao Mapa, desenvolve técnicas para amparar os produtores atingidos pela praga e fortalecer o setor e espera que novo produto entre no mercado ainda neste ano.
Desde a década de 1980, o Brasil luta contra a vassoura-de-bruxa, praga que atinge plantações de cacau. O fungo devastou a cultura no país em apenas cinco anos, fazendo a produção cair de 460 mil toneladas para menos de 120 mil por safra. De acordo com o diretor substituto da Ceplac, Elieser Correia, ações de melhoramento genético promovidas pela comissão resultaram na criação de 39 clones de plantas de cacau resistentes à vassoura-de-bruxa. E um arma com potencial para ajudar na recuperação das lavouras cacaueiras é o fungicida biológico Tricovab. O produto está sendo testado há quase oito anos por técnicos da Ceplac, que monitoram 473,6 mil hectares infestados pela praga na Bahia. Do total, 150 mil hectares já estão sendo recuperados pela introdução de clones e manejo adequado do solo.
O biofungicida é obtido por meio da fermentação de um fungo antagônico ao fungo causador da vassoura-de-bruxa. Por isso, é um produto natural que evita agressões ao meio ambiente e aos trabalhadores na lavoura. “O Tricovab é comprovadamente eficaz. Diluído em água e pulverizado na plantação, inibe a capacidade reprodutiva do fungo da vassoura-de-bruxa em 99% no solo e em quase 57% na copa das árvores”, explica Elieser Correia. Outros produtos utilizados para controlar a praga não são específicos e não têm eficácia definida.
O processo de registro do biofungicida está sendo analisado pelo Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), composto pelo Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e órgãos responsáveis pela regulamentação do setor de agrotóxicos no Brasil. “O grande esforço da Ceplac tem sido aprimorar o controle do fungo sem resíduos químicos. A expectativa é que o produto entre no mercado ainda neste ano”, conclui. A comissão pediu autorização para que o Tricovab seja empregado também em sistemas orgânicos de produção. O emprego do novo produto nos cacaueiros poderá reduzir gastos para os produtores. Segundo Elieser Correia, o Tricovab custará até um quinto do valor dos agrotóxicos utilizados para o controle da vassoura-de-bruxa nas lavouras.
Leilane Alves – Mapa imprensa@agricultura.gov.br