Nome científico: Platonia insignisMart.
Nome popular: bacuri, bacuri-guaçu, bacuri-grande, pacurinha, pacuru.
Família botânica: Clusiaceae (Guttiferae)
Distribuição geográfica e habitat: Brasil, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru. No Brasil, é característica da Floresta Pluvial, na Região Amazônica, principalmente no Pará, e no Nordeste. O barurizeiro é de origem brasileira, na Amazônia, com centro de origem no estado do Pará, mas sua dispersão vai das Guianas até o Norte Ocidental ou Meio-Norte, nos estados do Maranhão e do Piauí, até o centro do País, alcançando o Paraguai. Também há referência de sua ocorrência no Equador. DONADIO e ZACCARO escreveram um livro sobre o bacuri, publicado pela Sociedade Brasileira de Fruticultura.
Árvore grande de até 35 metros ou mais.
Tronco: cilíndrico, reto, subescamoso, casca espessa e recortada, podendo exsudar um látex de cor amarela.
Folhas: opostas, simples, não estipuladas, coriáceas, obovadas a elíptico-oblongas, glabras, concentradas no ápice dos ramos.
Flores: solitárias de coloração rosácea a amarelo-alaranjadas, apicais, vistosas.
Frutos: é uma baga, volumosa e de forma ovoide a arredondada, ou subglobosa, com diâmetro entre 7 e 15 cm e peso entre 350 e 400 g, chegando até a 1.000 g. Sua casca é de cor verde a amarelo-citrina, ou marrom-avermelhada, com 1 a 2 cm de espessura, lisa, lustrosa e rígida, coriácia, quebradiça, carnosa e resinosa. A polpa, macia e delicada, fibrosa-mucilaginosa, tem coloração branco-amarelada, aderida à semente, com um cheiro e sabor muito agradáveis. Usualmente tem lóculos ou segmentos, que contêm ou não as sementes, neste caso preferíveis para o consumo, chamadas de línguas. A semente é grande, superposta, oblongo-angulosa ou elipsoide, oleaginosa e recalcitrante.
Cada fruto pode ter de 1 a 4 sementes, a maioria tem duas, com 5 a 6 cm de comprimento e 3 a 4 cm de largura. O tegumento da semente é marrom, com feixes vasculares de cor mais clara, visíveis após a retirada da polpa. A frutificação ocorre entre setembro e fevereiro no Piauí e no Maranhão, com colheita de frutos entre dezembro e março, sendo que no Pará a colheita vai de dezembro a maio, com pico entre fevereiro e março. A casca perfaz cerca de 68% do fruto, a polpa 15% e as sementes cerca de outros 15%, com maior rendimento nos frutos de casca amarela em relação aos de casca verde.
Clima e solo: ocorre em regiões com chuvas desde 1.300 até 3.000 mm ao ano, com temperaturas de 25 a 26°C, com até oito meses sem chuvas. É indiferente as condições físicas do solo mas exigente em umidade no subsolo, suportando períodos de seca.
Um dos produtos mais valorizados do bacuri é sua polpa, congelada ou não, que é doce, aromática e muito procurada no mercado, ao qual não pode atender, pois a produção ainda é em boa parte extrativista. O fruto era ofertado no mercado do Piauí, entre novembro e março, com volume de 240 a 350 toneladas de polpa por ano, na década de 90. Da polpa pode-se fazer sorvete, muito apreciado na região amazônica, doces, licores e geleias.
A polpa tem entre 70% e 75% de água, 16,4% a 19,10% de sólidos solúveis totais, acidez de 0,32% a 2,6%, de 11% a 23% de açúcares totais, de 0,12 a 0,27% de pectina, vitamina C entre 10 e 35 mg e sólidos solúveis totais (SST) de 16 a 19°Brix, podendo chegar a 25°Brix.. Tem baixo teor de compostos fenólicos e acidez, o que dá ao fruto um sabor especial. O teor de proteínas varia de 1,46 a 3,88, considerado baixo. Os teores de vitaminas (B3 – 0,5 mg; B1 e B2 – 0,04 mg cada uma; e vitamina C – 10-33 mg) e pectinas são baixos, porém possui linalol e ácidos graxos livres. B3 – 0,5 mg; B1 e B2 – 0,04 mg cada uma; e vitamina C – 10-33 mg. Minerais – A polpa contém 36-154 mg de fósforo; 20-168 mg de cálcio; e 2,2 mg de ferro.
O mesocarpo do fruto, com sabor e qualidade semelhantes aos da polpa, é pouco consumido devido à presença de resina, com 1,45%.
As sementes são usadas para extração de óleo, ou “banha de bacuri”, de valor medicinal e cosmético. Têm cerca de 60% de óleo, sendo o palmítico, o ácido oleico, o esteárico e o linoleico os principais. Esse óleo ou banha também tem valor industrial.
Os resíduos do fruto são utilizados na alimentação animal.
A casca do bacuri apresenta 78% de água, 1,40% de resina, 0,58% de proteína bruta, 5% de pectina, 2,7% de açúcares redutores, 3,9% de celulose e 4,45 de acidez total.
O seu poder medicinal vem do óleo retirado de suas sementes, usado como anti-inflamatório e cicatrizante.
No estuário do rio Amazonas e na ilha de Marajó pode formar populações homogêneas chegando a ser considerada uma planta daninha invasora.
Curiosidades: seu nome, em tupi, significa “o que cai logo que amadurece”, e é por este motivo que o fruto é colhido somente quando é desprendido naturalmente da árvore.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.
Foto 1. Bacuri cortado ao meio mostrando sua polpa típica (Foto: J.E.U. de Carvalho)
Foto 2. Bacuri na forma como é vendido no mercado de Belém, PA (Foto: J.E.U. de Carvalho)
Foto 3. Fruto cortado mostrando látex na casca (Foto: J.E.U. de Carvalho)
O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.) é espécie nativa da Amazônia Brasileira com centro de origem no Estado do Pará. Nos primeiros dois séculos de colonização da Amazônia, essa Clusiaceae foi mais importante como planta madeireira que como planta produtora de frutos comestíveis. A exploração do bacurizeiro com finalidade madeireira persiste até os dias atuais, embora de forma menos intensa, em decorrência da valorização dos frutos e pela expressiva redução dos estoques naturais. Até meados da década de 1960, o bacuri era fruta mais consumida que o cupuaçu, situação essa que se inverteu, pois o cupuaçuzeiro conseguiu romper a barreira do extrativismo, enquanto o bacurizeiro, devido às dificuldades de propagação e ao fato de apresentar fase jovem longa, tem sua produção ainda oriunda de bacurizais nativos que já não são tão abundantes e frequentes como no passado
Dr. JOSÉ E. URANO DE CARVALHO, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.