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A produção de azeite no Rio Grande do Sul bateu recorde em 2022, com a industrialização de 448.580 litros. O volume representa um aumento de 122% em relação ao ano passado (202 mil litros).
A competição italiana está em sua sétima edição e é uma das mais importantes do mundo da categoria. Os resultados foram divulgados no último sábado (21) em uma cerimônia no Castello Aragonese, na comuna de Bacoli, na região de Nápoles.
Depois do azeite Sabiá ter entrado para a lista dos 10 melhores do mundo em abril, outro produto brasileiro ganhou destaque em um concurso internacional.
Desta vez, o monovarietal Arbequina da Milonga, azeite extra virgem premium produzido em Triunfo (RS), foi eleito o melhor azeite do hemisfério sul no EVO IOOC Italy 2022.
Christian Vogt, sócio e sommelier da marca gaúcha, esteve na ocasião e recebeu o prêmio em mãos. “A Itália continua sendo uma meca do azeite, então estar no meio de tantos produtores e ser reconhecido como um azeite de excelência num país jovem como o Brasil neste mercado é fantástico”, revela Vogt à CNN Viagem & Gastronomia.
Estreante na competição, a Milonga também levou medalha de ouro com o corte Arbequina/Coratina e medalha de prata com sua varietal Koroneiki.
“Fiquei sem palavras, mas ao mesmo tempo sabia da qualidade e do potencial do nosso azeite.” Chris Vogt, sócio e sommelier da Milonga
A marca familiar foi fundada em 2019 nos pampas gaúchos e foca na qualidade do produto com uma produção reduzida. E qual o processo para um azeite premiado? Vogt comenta o passo a passo:
“Usamos as frutas ainda extremamente verdes, antes delas amadurecerem, e as colhemos rapidamente. O transporte entre o campo e o lagar tem que ser feito em caixas pequenas em pouco tempo. Refrigeramos a fruta para não subir sua temperatura em dias quentes, processamos o mais rápido possível em pouco tempo de batedeira e usamos equipamentos de última geração”.
O resultado a partir da Arbequina é um azeite suave, “bom para o paladar brasileiro e com a harmonização culinária”, diz Vogt. Assim, segundo o sommelier, ganhar o prêmio é sinônimo de autoridade e de que o produto possui muita qualidade.
Desde a divulgação dos resultados no último fim de semana, os pedidos aumentaram drasticamente. Vendidos a R$ 50 no site da marca, os azeites já se encontram esgotados e há pré-venda de kits com os três azeites premiados.
“Já estamos nos reestruturando e colocando mais pessoas para nos auxiliar neste despacho e no embalo de produtos para poder dar conta de tanta procura”, revela Chris Vogt.
A Milonga não foi a única marca brasileira premiada no concurso, o qual recebeu mais de 700 amostras de diversos países. Outros azeites nacionais também receberam destaque na premiação, como o Prosperato condimentado com pimenta jalapeño, azeite produzido em Caçapava do Sul (RS), premiado na categoria de “melhor aromatizado internacional”.
O Arbequina da Lagar H, de Cachoeira do Sul (RS), foi eleito o “melhor monovarietal do hemisfério sul” e o blend Arbequina/Arbosana da Casa Gabriel Rodrigues, de Porto Alegre (RS), ganhou a distinção de “melhor coupage internacional do hemisfério sul”, que indica a mistura de varietais.
Destacaram-se ainda o Orfeu Picual, produzido em São Sebastião da Grama (SP), que levou como o “melhor azeite do Brasil” nas categorias por país, e o Sabiá Arbequina, de Santo Antônio do Pinhal (SP), que foi condecorado com o prêmio especial “Raul C. Castellani, melhor da América do Sul”.
Medalhas de ouro e prata também foram distribuídas a outros azeites brasileiros. Confira a lista completa no site oficial do evento.
No último sábado (21), ele conquistou uma Medalha de Ouro no EVO International Olive Oil Contest (IOOC), realizado na Itália, disputado por azeites de mais de 30 países e considerado um dos cinco mais importantes prêmios do setor no planeta. É verdade que não foi o único azeite brasileiro premiado. Outros obtiveram reconhecimento ainda maior. Os grandes destaques foram Milonga Arbequina (Melhor do Hemisfério Sul),Casa Grabriel Rodrigues Blend (Melhor Coupage), Lagar H Arbequina (Melhor Monovarietal), Orfeu Picual (Melhor do País) e Sabiá Arbequina (Melhor da América do Sul). Ainda assim, o produtor comemorou a conquista do ouro, distribuído a um total de 29 rótulos nacionais. “Ter a qualidade e o sabor do 2h reconhecidos num evento de tanta importância mostra que todo o empenho valeu a pena”, disse.
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AGILIDADE Normalmente, as frutas são tiradas das árvores e levadas até a área industrial, na própria fazenda, em caminhões, que descem dos olivais totalmente abarrotados. Para agilizar esse processo, as azeitonas foram colocadas em pequenas caçambas acopladas a quadriciclos, muito mais leves e rápidos do que os caminhões. Outra sábia e fundamental decisão para que a ideia obtivesse êxito foi a de parar toda a fazenda em função do desafio. “Estávamos todos dedicados exclusivamente à produção do azeite mais rápido do mundo.” Moacir afirma, por exemplo, que no processo normal para a produção do seu azeite, 20 pessoas atuam na colheita. Já para o 2h, foram escalados 26 funcionários nessa etapa, um aumento de 30%. O próprio Moacir fez parte desse time, acompanhando todo o processo e, inclusive, ajudando na colheita, utilizando uma colhedora a bateria.
Segundo Sandro Marques, um dos maiores especialistas do País no assunto e autor do livro Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil, os grandes produtores mundiais precisam de 48 horas para concluir o processo. Ao todo, Moacir Dias envasou 800 garrafas do Irarema 2h, num total de 600 litros. O volume representa 7,5% da produção anual da fazenda, que fica em torno dos 8 mil litros. A quantidade é irrisória, se comparada à dos maiores produtores globais, que pode ultrapassar os 20 milhões de litros por ano.
Justamente por ter uma produção considerada pequena para os padrões globais, a Fazenda Irarema conseguiu um feito inédito. “Para um grande produtor, algo assim seria impensável. Mudar todo o processo e parar a empresa para produzir um azeite em tão curto espaço de tempo não compensa financeiramente”, disse Moacir. Devido a todas as mudanças adotadas, o Irarema 2h foi produzido a um custo 30% maior do que seus outros rótulos. Isso impacta no preço de venda. Com design robusto e 750 ml, cada garrafa do 2h custa R$ 179,90. Segundo Sandro Marques, “é um preço considerado justo por essa quantidade de um azeite tão especial”. Para o especialista, o Irarema 2h comprova a tese de que quanto mais fresco é o azeite, melhor e mais saboroso. Ele destaca notas aromáticas de couve, rúcula e kiwi, além da intensidade suave e dos baixos níveis de amargor e picância, adequado para ser consumido com saladas, pães, feijão branco e grão de bico. Seja qual for o resultado comercial da novidade, Moacir já decidiu que seguirá produzindo o 2h uma vez por ano. “É um processo muito complicado.” Mas que parece valer a pena.
Fonte: IstoÉ Dinheiro – Klester Cavalcanti –