(Matéria publicada pela Folha de Pernambuco em novembro/2016 – Autora: Raquel Freitas)
Com o objetivo de melhorar a produtividade e otimizar os custos, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco fecharam parceria e, após quatro anos de pesquisa, testaram variedades de uva para plantio em escala comercial no Submédio São Francisco, em Petrolina, PE. “A quantidade de cultivares saltou de três para 11. Ou seja, agora, eles terão mais variedades para produzir uvas de qualidade. Pouco mais de 70 cultivares de todo o mundo foram testadas a partir de um investimento de R$ 3 milhões.
O plantio dessas variedades já causa impactos positivos aos fruticultores da região. Na prática, elas têm sabor diferenciado, alta produtividade, maior resistência às pragas, menor necessidade de manejo e boa resistência no pós-colheita. Conciliar essa equação, em tempos de arrocho financeiro, passou a ser também estratégia de mercado.
No ano passado, os perímetros irrigados foram os responsáveis pelas exportações de uva no Brasil, contribuindo com aproximadamente 99,87% do volume vendido para o exterior.
“Do total, onze variedades foram selecionadas para plantio em escala comercial, sendo que, deste montante, apenas uma contém semente”, explica Osnan Soares Ferreira, o engenheiro da Codevasf em Petrolina e responsável pelo projeto. Os tipos foram trazidos de todas as partes do mundo, e a principal característica observada foi a boa adaptação ao clima local. Apesar de ser do tipo exportação, a uva abastece, por enquanto, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porque ainda é desenvolvida em média escala a partir de 400 hectares. A produção chega a 1,250 milhão de toneladas por ano.
“Essa uva é mais crocante e doce. Resistente à chuva e com maior produtividade, o uso de insumos é reduzido, o que barateia o processo produtivo”, detalha Ferreira, destacando que resultados apontam para um aumento de produção de 10% a 15%, e redução nos custos de manejo estimada em 10%. Quanto ao valor agregado, o engenheiro afirma que os produtores podem obter uma lucratividade média de 20% a 25% no plantio das novas variedades.
Apesar dos órgãos terem testado essas uvas, a patente delas pertence a empresas americanas.“O produtor que desejar plantar deve procurar por essas empresas”, recomenda. As variedades selecionadas foram Cotton Candy, Jacks Salute, Sugar Crisp, Sweet Celebration, Sweet Globe, Sweet Jubillee, Sweet Mayabelle, Sweet Sapphire, Sweet Sunshine, Sweet Surprise e Timco.
A uva de mesa é o foco principal da viticultura do Vale, reunindo pequenos, médios e grandes produtores. A região se firmou como o polo produtor e exportador de uvas de mesa de alta qualidade, por meio do cultivo da uva ‘Itália’, que tem elevado padrão tecnológico. Antes do projeto, os produtores contavam apenas com as variedades comerciais sem semente, como Crimson Seedless, Thompson Seedless e Sugraone. “A mudança possibilitou também a produção de duas safras ao ano”, disse Ferreira. A aposta é que essas uvas conquistem, além da Europa e da América do Norte, a Ásia.
Na terceira semana de novembro de 2016, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, autorizou a venda da uva para a Coreia do Sul.