Na época do calor não existe fruta que faça mais sucesso. Típico da região amazônica, o açaí caiu no gosto daqueles que buscam por energia, vitalidade e rejuvenescimento, pois em sua pequena estrutura existem diversos benefícios para a saúde.
Considerado um superalimento, o açaí é um poderoso antioxidante e está à frente de várias frutas, como romãs, amoras pretas e vermelhas, mirtilos, uvas e morangos. Também possui proteínas, fibras, aminoácidos e gorduras saudáveis e é um excelente anti-inflamatório.
Além de ser benéfica para a saúde, a fruta traz ganhos econômicos para o país. O estado do Pará, por exemplo, é o maior produtor, com produção anual de mais de 1,3 milhão toneladas, em uma área superior a 219 mil hectares. Em seguida está o Amazonas (52 mil toneladas) e Roraima (com 3,5 mil).
De acordo com a Secretária de Estado Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), de 2010 a 2017, a produção paraense cresceu 80%. Em 2017, foram comercializadas 136,7 mil toneladas, correspondente a R$ 593,8 milhões. A estimativa do órgão é que em 2018, o mercado de açaí (polpa, mix e pó), tenha gerado em receita mais de R$ 684 milhões para o estado.
Segundo o gerente de Fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares, atualmente 70% da produção de açaí do estado é destinado ao mercado interno, 20% vai para outros estados e 10% para exportação. Em 2017, foram exportadas 13,1 mil toneladas para 42 países. Entretanto, de todos os países importadores, apenas três concentram o maior volume, sendo os Estados Unidos o principal destino da fruta paraense.
No Pará, a cultura contribui significativamente para a geração de emprego. São aproximadamente 70 indústrias de açaí, dentre as quais estão as empresas associadas a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) como a Nutrilatino, Petrus e outros.
Na Região Metropolitana de Belém, durante o período de safra, são mais de 5 mil pontos de vendas e neles são comercializados mais de 150 mil litros de açaí. Tavares afirma que no pico de safra, essa cultura chega a gerar mais de 150 mil empregos.
No município de Igarapé Miri, a 140 quilômetros da capital Belém, a Indústria de açaí Nutrilatino se destaca quando o assunto é comercialização e geração de emprego. Segundo o diretor executivo da Indústria, Reinaldo Mesquita, no início de safra, em meados de agosto, a empresa chega a empregar 90 funcionários. “A nossa expectativa é de um incremento de quase 50% nos próximos meses”.
Mesquita explica que mesmo com um crescimento de 100% na comercialização, a produção atual ainda é insuficiente para atender a demanda interna e externa. “O maior desafio é aumentar as áreas de produção. E apesar de existir o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado Pará (Pró-Açaí), a falta de incentivo governamental ainda é um desafio, além dos gargalos com autorizações, licenciamento ambiental e financiamentos bancários”.
Pró-Açaí – Criado em 2016, o programa tem por objetivo contribuir para o aumento da produção, através da melhoria do manejo e enriquecimento dos açaizais de várzeas e da implantação de açaizais irrigados em áreas de terra firme. Até 2020, o programa pretende incorporar 50 mil hectares de açaizeiros no estado.
Apesar dos desafios, o diretor executivo da Nutrilatino conta que a cultura os deixam animados, pois existem muitos mercados a serem alcançados, ainda mais após o acordo firmado entre Mercosul e União Europeia. “Queremos conquistar a Europa, o açaí é uma delícia, nutritivo e muitos ainda não o conhecem”.
Mesquita garante qualidade e segurança alimentar dos produtos oferecidos. Por ser um fruto altamente perecível, a retirada da polpa e o congelamento deve ser feito em até 24 horas pós-colheita, para que não se perca o sabor, o aroma e até mesmo a coloração vistosa que o açaí tem.
No que diz respeito à segurança alimentar, ele explica que na indústria o fruto passa por três etapas de higienização para depois ser retirada à polpa. Após esses processos é realizada a pasteurização para eliminação de qualquer possibilidade de sobrevivência de algum microorganismo. Além disso, dentro da indústria, realizam diariamente testes de laboratórios para garantir a segurança do produto.
A polpa do açaí pode ser consumida pura, ou mesmo acompanhada com outras frutas, cereais e grãos. Porém, os paraenses acreditam que a forma mais tradicional de consumir é pura, ou como acompanhamento em pratos feitos com peixe frito, ou camarão. Outra forma paraense de consumir é como lanche, acompanhados de açúcar, ou farinha de mandioca.