15/07/2015 – Embrapa Acre
Realizar pesquisas e desenvolver tecnologias para a cadeia produtiva do açaí no Acre. Esse é o objetivo do Termo de Cooperação Técnica assinado, este mês, entre a Embrapa e o produtor rural José Augusto Araújo de Faria, da Fazenda Providência, localizada no município de Bujari.
A propriedade, única que cultiva o açaí em grande escala no estado, tem uma área de 200 hectares plantada com cerca de 400 mil pés do cultivar desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental, BRS Pará, açaí de touceira (E. oleracea), cultivados em sistema de monocultivo irrigado. Em outros 100 hectares, foi feito plantio consorciado de banana e açaí solteiro (E. precatória), espécie que ocorre na região da Amazônia Ocidental, principalmente do Acre.
A produção de açaí no Acre é extrativista. Seu consumo faz parte da dieta dos acreanos e já ganhou notoriedade em todo o Brasil, no entanto, a produção local não atende a demanda total do mercado. Para o pesquisador da Embrapa Acre, Romeu Andrade Neto, a parceria irá proporcionar conhecimento científico sobre as duas espécies de açaí plantadas na fazenda. “Com os estudos, poderemos verificar as melhores condições para o plantio do BRS Pará aqui no estado e, se possível, recomendá-lo para ser utilizado pelos produtores da região, uma vez que esse cultivar ainda não foi testado no Acre. Estudos sobre o açaí solteiro ainda são escassos”, enfatizou.
Nos cinco anos de vigência do Termo de Cooperação, serão realizados sete experimentos: avaliação de diferentes espaçamentos do açaizeiro em sistema de cultivo irrigado e sequeiro, consorciamento de açaizeiro com espécies frutíferas, adubação de açaí solteiro nas fases de plantio e produção, seleção de genótipos superiores de açaí solteiro, monitoramento da ocorrência e avaliação de métodos de controle do fungo da antracnose, prospecção de pragas em cultivo e forma de controle, levantamento de solos e avaliação dos estoques de carbono do solo.
Eufran Ferreira do Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre, diz que vem sendo demandados e articulados projetos de pesquisa para a cultura do açaí. “Todo mundo irá ganhar com essa parceria. A partir do momento em que as pesquisas são iniciadas, ocorre um ganho temporal nas etapas do processo. Nessa relação público-privada, o tempo de geração de novas tecnologias e validações tende a ser reduzidas e, assim, contribuímos em toda a cadeia produtiva de uma determinada cultura”, acrescentou
Para o produtor rural José Augusto, o açaí apresenta potencial para alavancar a economia do estado. “O Estado tem que se voltar para a produção de produtos viáveis economicamente, tanto de fácil plantio quanto para se exportar. Agora, com a excelência e qualidade técnica da Embrapa, temos tudo para efetivamente fazermos um grande trabalho e minimizarmos os riscos”, afirma.
O produtor rural conta, ainda, que, recentemente, adquiriu uma propriedade em Porto Acre, onde irá implementar uma agroindústria, com a realização do beneficiamento e processamento da fruta. “O açaí, depois de colhido, oxida em poucas horas. Se quisermos utilizar a polpa e o caroço, é preciso se instalar em uma região com boa estrada e rede de energia elétrica. Nesse local tem tudo isso e supre a questão logística do projeto”.
Principais experimentos – Pesquisas sobre o açaí solteiro serão de grande importância para estimular a implantação de áreas de cultivo com essa espécie. Neste sentido, a Embrapa Acre, em parceria com outras Unidades da Embrapa na Amazônia, vêm articulando projetos em rede, principalmente, na área de domesticação e sistema de cultivo dessa espécie e atualização do sistema de cultivo existente para o açaí de touceira. A área de 100 hectares do açaí solteiro consorciado com a cultura da banana comprida, cultivar d&39;Angola, para sombreamento do açaizal foi implementada em dezembro de 2014. Para controlar a incidência de sigatoka-negra no bananal, será feita a aplicação de pequenas doses de fungicida, tecnologia que está sendo testada pela Embrapa no Acre. A sobrevivência das fruteiras será avaliada a cada mês e, semestralmente, as variáveis de crescimento das plantas de açaizeiro (altura, diâmetro do caule, número de folhas emitidas e vigor).
Cultivar BRS Pará – A BRS Pará é o primeiro cultivar de açaizeiro desenvolvido pela Embrapa, selecionado para produção de frutos em condições de terra firme. Apresenta precocidade de produção, com os primeiros cachos colhidos aos três anos de plantio. No oitavo ano de idade, a produtividade é estimada em 10 toneladas hectares por ano. O rendimento para produção de polpa gira em torno de 15% e 25%. A estatura de planta baixa é um diferencial, que contribui na eficiência operacional no processo de colheita dos frutos.