Nome científico: Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.
Nomes populares: abiu, abiurana, caimito, abiurana-vermelha.
Família botânica: Sapotaceae
Distribuição geográfica e habitat: é característica da Amazônia Central e da Costa Leste do Brasil, de Pernambuco até o Rio de Janeiro.
Planta: é lactescente.
Tronco: ereto, canelado, com casca fissurada, parda amarelada com manchas mais claras.
Folhas: alternas, espiraladas, glabras, cartáceas, curto-pecioladas, concentradas na extremidade dos ramos e, quando destacadas da planta, exsudam látex típico da família, também presente no fruto.
Flores: pequenas, dispostas em inflorescências em fascículos axilares e abaixo das folhas. Fruto: baga globosa, de formato muito variável, podendo ser oval, elipsoide ou alongado, de coloração brilhante amarela, com polpa doce, gelatinosa, translúcida.
Clima e solo: prefere terrenos de várzeas periodicamente úmidas e margens de rios. Pode ser encontrado desde o nível do mar até 1.200 m de altitude. Prefere solos com boa umidade.
A polpa dos frutos é consumida ao natural quando o fruto está bem maduro, tomando-se cuidado com o látex.
O valor energético da polpa e baixo. Em 100 g, há os seguintes constituintes: calorias 95, proteínas 2,1 g, lipídios 1,1 g, carboidratos 27 g, fibras, 3 g. Tem bons teores de cálcio, vitamina A e C e açúcares.
Quanto ao valor medicinal, a fruta, ao natural, pode ser usada contra afecções pulmonares. A casca da planta é antidisentérica e baixa a febre. O azeite extraído das sementes abranda inflamações na pele e otites.
É melífera. Pode ser usada como ornamental e na recuperação de áreas degradadas por atrair a fauna.
Curiosidades: o nome abiu vem do tupi-guarani e significa “fruta bicuda”.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas
Pouteria caimito (Ruiz et Pav.) Radlk. Sapotaceae, o abiu, tem como centro de origem a Amazônia, com grande diversidade de tipos no oeste da Amazônia brasileira, conforme Carvalho et al. (2010), em seu livro organizado para a Sociedade Brasileira de Fruticultura.
O abiu é um fruto tipo baga, com casca lisa, amarela quando maduro, e polpa branca ou translúcida, doce e agradável, mas com látex nas bordas, junto à casca, com uma a 4 sementes pretas, alongadas.
Seus frutos começam a ser comercializados no estado de São Paulo, pela seleção de uma nova variedade oriunda da Amazônia, seu lugar de origem, e divulgado pela Unesp de Jaboticabal, denominada Graúdo. Tendo frutos maiores e mais saborosos que os antigos abius de fundo de quintal, de frutos pequenos e já conhecidos da população. Apesar de ter um látex em sua polpa e casca, pode ser consumido ao natural, se alguns cuidados forem observados, como o corte e a retirada da polpa com uma colher, logo após, para não escurecer, e no sentido longitudinal.
A produção, no estado de São Paulo, é no outono, diferente da Amazônia, onde produz mais durante o ano todo, com safras menores, mas principalmente de abril a setembro. No mercado paulista, é ofertado de janeiro a outubro, com pico de oferta de novembro a dezembro. O fruto é de tamanho variável, com 100 a até 1.800 g, tendo casca amarela quando maduro, ou esverdeada, com porção comestível de uma polpa gelatinosa, translúcida, com até 5 sementes negras. Há variedades oriundas das primeiras seleções feitas pelos índios Ticunas, com frutos graúdos e de ótima qualidade.
O abiu da Amazônia, colhido aos 66 a 87 dias após a florada, tem em média de 260 a 500 g, com 27 a 36 % de casca, 58 a 65 % de polpa e 3 a 7 % de semente, no Pará; em Manaus, foram obtidos dados médios de 100 a 200 g, com 30 a 57 % de polpa, 44 a 59 % de casca e de 6 a 17 % de semente. Tem baixa acidez, quando bem maduro, de 0,05 a 0,10 %, com açúcares de 11 a 15 oBrix; outras análises deram médias de 74 a 84 % de água, 6,5 a 22 % de carboidratos, 2,10 a 2,30 % de proteínas, 1,10 a 2 de lipídeos, 3 a 4 % de fibras. A variedade Graúdo, obtida pela Unesp de Jaboticabal, tem 8,45 cm de comprimento, com peso médio de 218 g, variando de 100 a 1.000, com teor de SST de 13 a 14 ºBrix, com 60 % de polpa. O abiu tem vida de pós-colheita pequena, até 7 dias, se se observarem cuidados na colheita, tais como não deixar o látex exsudar e cair sobre a casca do fruto, e embalagem em caixa em camada única, com fundo protegido por espuma; a armazenagem do fruto em condições de 15 oC, embalados em filme de PVC, prolonga a vida até 20 dias; o fruto é muito perecível e tem de ser colhido maduro, para evitar maior nível de látex; tem valor medicinal.
Outros dados médios obtidos são: 95 kcal, 1,25-2,1 g de proteína, 0,2 a 1,1 g de gordura, 22 g de carboidratos, 3 g de fibras.
Minerais – cálcio, com 54 mg; fósforo, com 28 mg; ferro, com 1,1 mg.
Vitaminas – B1 e B2, com 21-20 mcg; vitamina A, com 60 UI; vitamina C, com 49 mg e niacina com 2,45 mcg. Como o fruto é muito afetado pela mosca-da-fruta, que inutiliza seu consumo, antes de comprar, o consumidor pode cortar um fruto e ver se não tem ataque da mosca, que danifica toda a polpa. O ensacamento para proteger da mosca-da-fruta deve ser feito com frutos pequenos, de 3 a 5 cm de diâmetro, e assim mesmo a proteção é parcial.
Foto 1. Frutos típicos de abiu, dois no ponto de colheita, amarelos e um verde, impróprio ao consumo. O verde não deve ser colhido ou comprado no mercado, pois não amadurece após a colheita
Foto 2. Abiu graúdo, com bom tamanho, próximo a fruto de biribá (anonácea). Os abius estão maduros quando sua cor amarela é completa
Foto 3. Abiu com outras frutas nativas, como goiaba, abacaxi e maracujá, notando-se a sua polpa translúcida
A polpa do abiu, quando oriunda de frutos no ponto de maturação adequado para o consumo, apresenta baixa acidez total titulável, variando de acordo com o genótipo entre 0,05 e 0,10%. O pH é alto, com limites mínimo e máximo de 5,82 e 6,30. O teor de sólidos solúveis totais (oBrix) situa-se entre 11 e 15 oBrix. Ressalte-se que, independentemente do genótipo, o teor de sólidos solúveis totais varia acentuadamente nas diferentes porções da polpa, sendo maior no terço terminal do fruto e menor na parte basal, com valor intermediário na porção mediana. A parte comestível do abiu constitui-se em alimento com valor energético relativamente baixo. O valor calórico, em grande parte, é determinado pelos carboidratos, haja vista que os teores de proteínas e de lipídios são baixos.
Fonte: CARVALHO, J.E.U.; NASCIMENTO, W.M.O.; MÜLLER, C.H. Abieiro. Jaboticabal: Funep, 2010.