Selo reconhece apoio à conservação da biodiversidade
Para unir forças em prol da conservação das abelhas e outros polinizadores, a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) desenvolveu um selo para empresas, entidades e organizações que contribuem para a promoção da agricultura sustentável e a manutenção de uma relação harmoniosa entre o agronegócio e a conservação da biodiversidade.
O Selo Parceiros da A.B.E.L.H.A. reconhece as entidades e empresas que apoiam a missão da Associação e estão alinhadas ao compromisso com a conservação das abelhas e outros polinizadores.
Essa fauna, composta por insetos, aves, morcegos e outros vertebrados, é vital para o planeta. A polinização é um serviço ecossistêmico essencial para a produção de alimentos e manutenção das espécies naturais. Estudos científicos demonstraram que 87% das plantas com flores dependem da polinização animal e que cerca de 75% dos cultivos agrícolas usados pelo homem são beneficiados por polinizadores animais.
Ciência em prol das abelhas
Criada em 2015, a A.B.E.L.H.A. é uma associação civil, sem fins lucrativos, com o objetivo de liderar a criação de uma rede em prol da conservação de abelhas e outros polinizadores. Sua missão é reunir, produzir e divulgar informações, com base científica, que visem à conservação da biodiversidade brasileira e à convivência harmônica e sustentável da agricultura com as abelhas e outros polinizadores.
As empresas e instituições associadas da A.B.E.L.H.A. reconhecem a contribuição dos serviços ecossistêmicos promovidos pelos polinizadores para a conservação dos biomas e promoção da atividade agrícola.
O selo Parceiros da A.B.E.L.H.A. é um instrumento para conceder reconhecimento público do engajamento dessas corporações ou entidades com as diversas ações de sustentabilidade realizadas em conjunto com a Associação.
Empresas e entidades interessadas em se engajar na missão de conservação das abelhas e outros polinizadores e se tornar um Parceiro da A.B.E.L.H.A. devem entrar em contato por meio do e-mail: abelha@abelha.org.br.
Saiba mais sobre a iniciativa em https://abelha.org.br/parceirosdaabelha/
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Polinização aumenta produção agrícola, mas depende de áreas de vegetação natural
Foto: Cristiano Menezes - Abelha arapuá
(Trigona branneri) em flor do açaizeiro
- A polinização realizada por animais resulta em aumento de produção e retorno monetário para agricultura brasileira.
- A restauração da vegetação natural cumpre um papel importante na conservação de polinizadores e reflete na maior produtividade agrícola das áreas agrícolas do entorno.
- É importante desenhar políticas ambientais que integrem a conservação da biodiversidade e a polinização das culturas considerando as especificidades de cada localidade, como por exemplo, na escala de municipalidades.
No Brasil, estima-se que a polinização realizada por animais como abelhas, moscas e morcegos gere um valor econômico de 43 bilhões de reais por ano na agricultura. Em artigo publicado na revista Environmental Science & Technology, pesquisadores foram além e mapearam a importância dos polinizadores para a agricultura em cada um dos municípios brasileiros. O estudo considerou a área, a diversidade de culturas agrícolas e o quanto cada cultura depende de polinizadores. Além disso, identificaram a demanda de restauração de áreas naturais para garantir a presença de polinizadores nos cultivos agrícolas.
A presença de vegetação nativa próxima às áreas cultivadas maximiza a polinização e melhora a produtividade e a manutenção da cultura agrícola. “Dadas as projeções de aumento da demanda global por alimentos, há uma necessidade urgente de reverter a tendência atual de expansão agrícola, promovendo práticas agrícolas sustentáveis”, explicam os autores. Nesse contexto, é importante desenhar políticas ambientais que integrem a conservação da biodiversidade e a polinização das culturas considerando as especificidades de cada localidade, como por exemplo, na escala de municipalidades.
“Procuramos desenvolver alguns indicadores integrando polinização, usos da terra e o cumprimento da legislação ambiental e, neste contexto, os municípios são unidades administrativas importantes, e devem ser consideradas de acordo com suas especificidades”, destaca Pedro Bergamo, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um dos autores do estudo que envolve vinte e um colaboradores do Programa SinBiose/CNPq (Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). Pela Embrapa, a pesquisadora Márcia Maués também assina o artigo.
Primeiro os pesquisadores analisaram as principais culturas agrícolas brasileiras, identificando aquelas em que a polinização realizada por animais resulta em aumento da produção e retorno monetário. Esse conjunto envolve 90 cultivos diferentes que vão desde a abóbora e o cacau, cuja produção aumenta até 100% com a presença desses animais, até a uva (aumento de até 10%), passando pela soja, laranja e café, cuja produção pode aumentar entre 10 e 40%.
Usando dados de produção agrícola e área de cultivo, os pesquisadores estimaram esse aumento de produção e retorno monetário para cada município brasileiro, classificando-os em quatro faixas de demanda por polinização. Verificaram, também, a importância dos cultivos para cada município, incluindo a diversidade agrícola: dos locais caracterizados pela monocultura e grandes propriedades àqueles com maior diversidade de cultivos característicos de pequenas propriedades rurais.
Outra informação analisada diz respeito ao déficit de vegetação natural de cada município, isto é, a diferença entre a quantidade de vegetação natural existente e as áreas exigidas por lei. Os municípios foram classificados de acordo com esse déficit. De um lado, aqueles que têm poucas áreas de vegetação natural e precisam de maior esforço de restauração. Do outro, os que já contam com as áreas de vegetação natural e, portanto, precisam conservar tais áreas para garantir o excedente da produção agrícola resultante da presença de polinizadores
A partir da correlação entre essas métricas foi possível elaborar um ranking de prioridades para restauração e conservação da vegetação natural que tenham como foco a importância da polinização para cada localidade. Cidades como Anápolis (GO) e Alta Floresta (MT), que estão na zona de expansão da soja, Ilhéus (BA) na zona cacaueira ou Itapeva (MG) na zona produtora de café, são municípios com recomendação de alta prioridade para restauração de suas áreas de vegetação natural tendo como foco o aumento da polinização e, portanto, de suas produções agrícolas. Já Apuí (AM), Xique-xique (BA) e São Félix de Balsas (MA) são municípios cuja recomendação é a prioridade da conservação de suas áreas de vegetação para garantir, assim, a produção agrícola local.
“Esperamos que o estudo ajude a auxiliar no planejamento das iniciativas de restauração ecológica em sintonia com a agricultura e a polinização, reconciliando a conservação da biodiversidade e a produção agrícola”, finaliza Pedro Bergamo.
Açaí – Para a pesquisadora Márcia Maués, da Embrapa Amazônia Oriental, os dados apresentados no artigo vêm corroborar outros estudos que apontaram a importância da floresta nativa para a presença de polinizadores. Um deles indicou que o açaizeiro é potencialmente polinizado por mais de cem espécies de insetos. “Se não houver áreas de florestas, não haverá essa quantidade de espécies que são importantes para polinizar o açaizeiro”, conclui. De acordo com a pesquisadora, além da manutenção das áreas de vegetação nativa, uma medida importante seria que elas fossem conectadas, formando corredores ecológicos para melhor servir como repositório dos polinizadores.
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental.
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Fruticultura: Ceará tem 49 espécies de abelhas sem ferrão
PESQUISA DO DOUTORANDO EM ZOOTECNIA DA UFC JÂNIO ÂNGELO FÉLIX ABRE NOVAS PERSPECTIVAS PARA A FRUTICULTURA. SEM ABELHA NÃO HÁ PRODUÇÃO DE FRUTAS.
Uma inédita pesquisa, desenvolvida pelo aluno de doutorado em Zootecnia da UFC, Jânio Ângelo Felix, orientada pelo professor doutor Breno Magalhães Freitas, acaba de descobrir algo que interessará bastante aos empresários do agronegócio do Ceará, principalmente aos da fruticultura.
Há, nas diferentes regiões cearenses, 49 espécies de meliponíneos, as abelhas sem ferrão que fazem parte de um grupo que não consegue ferroar. Por esta razão, e por produzirem um mel delicado e saboroso, elas sempre foram valorizadas pelo produtor rural.
Embora esteja hoje mais organizada no Ceará, a meliponicultura, que é como se chama a criação racional dessas abelhas, ainda carece de mais informações técnicas a seu respeito, e a pesquisa que sustenta a tese de doutorado de Jânio Ângelo Félix chega no momento em que a produção de frutas aqui cresce em alta velocidade.
“Sem abelhas não há polinização. Sem polinização, não se produzem frutas”, lembra o empresário Tom Prado, CEO e sócio da Itaueira Agropecuária, que produz melão, melancia, uva sem semente, suco de frutas, pimentão colorido e… mel de abelha. Sua empresa tem cerca de 8 mil colmeias.
Prado ficou positivamente impressionado com a pesquisa, que é o primeiro levantamento abrangente mostrando espécies de abelhas sem ferrão em todo o estado do Ceará, considerando inclusive as formações vegetais e o relevo onde elas habitam.
A pesquisa é tão importante, que levou à revisão da lista de espécies conhecidas no estado, cujo número de espécies saltou de 29 para 49, o que revela que o Ceará é muito mais rico e diverso em abelhas do que se sabia até agora.
Além disso, a pesquisa constatou que a distribuição natural das espécies de abelha sem ferrão não é homogênea e está fortemente ligada às condições do meio ambiente e do tipo de vegetação, permitindo indicar quais espécies são mais adequadas à criação em cada região do estado, diminuindo os riscos de insucesso no criatório e orientando a transferência de espécies entre os diferentes ecossistemas e as consequências disso (não adaptação das espécies, hibridização com espécies locais, transmissão de doenças novas etc).
A pesquisa também indicou as espécies raras e atualmente ameaçadas, demonstrando a necessidade de esforços para a sua conversação e exploração sustentável em seus habitats por meio da meliponicultura.
As informações levantadas pela pesquisa já foram atualizadas na lista de abelhas que consta do Inventário de Invertebrados do Ceará lançado semana passada pela Secretaria de Meio Ambiente do estado.
As abelhas sem ferrão são fundamentais para a polinização de espécies de plantas nativas e cultivadas, mas a destruição das matas (seu habitat natural), as mudanças climáticas, o uso inadequado de defensivos agrícolas, dentre outras causas, estão ameaçando a sobrevivência de muitas espécies de abelhas.
Fonte: Diário do Nordeste.