Nome científico: Persea americana Mill.
Nome popular: abacate, avocado; alligator-pear, em inglês; aquacate, palta, aguacate, em espanhol.
Família Botânica: Lauraceae
Distribuição geográfica e habitat: a origem mais provável do abacateiro é o México, onde ainda é encontrado em estado selvagem. Outros autores também consideram a América Central e o Norte da América do Sul como centros de origem. É uma fruta típica americana. O Brasil é um dos principais produtores mundiais de abacate, ao lado de México, EUA e África do Sul. Os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os maiores produtores nacionais. O consumo de abacate em nosso país é diferente dos demais países consumidores, pois na maioria deles o abacate é consumido como salada, salgado, ao contrário daqui que se consome com açúcar e batido com leite. Como existem várias espécies e raças de abacate, nossas variedades são das raças guatemalense e antilhana, ou híbridos entre elas, enquanto em vários países, mais frios, os híbridos são da raça mexicana e guatemalense, usualmente chamados de avocado. Só recentemente foi aqui iniciada a produção do “avocado”, o qual é exportado em boa parte. As diferenças gerais entre as raças antilhana e guatemalense são as seguintes: as variedades antilhanas têm mais água, as guatemalenses mais energia, óleo e carboidratos, sendo os demais itens próximos.
A árvore tem casca aromática, rugosa na vertical e de cor cinza escuro, podendo ocorrer grandes variações de cor, formato, tamanho, casca, polpa e semente, dependendo das raças e variedades. Possui copa aberta com ramos bifurcados, principalmente em plantas enxertadas. Pode atingir até 20 metros de altura, com diâmetro do tronco, aos 30 anos, de até 1 m, porém apresentando menos da metade desta medida em culturas comerciais.
Folhas: são sem estipulas, de pecíolo curto e alternadas e podem ter vários formatos como oblongas, oblongo-lanceoladas, elíptico-lanceoladas ou ovais. Quando novas possuem uma coloração bronzeada que vai desaparecendo com o amadurecimento.
Flores: pequenas, hermafroditas, brancas ou verdes amareladas com 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, produzidas em grandes quantidades e dispostas em panículas terminais nos ramos mais novos. Apesar de ser hermafrodita, uma característica da flor do abacateiro é que a maturidade do pistilo (parte feminina) não ocorre no mesmo tempo da deiscência das anteras (parte masculina) de modo que para haver fecundação e consequentemente produção satisfatória de frutos, a flor precisa ser fecundada por pólen proveniente de outra árvore com comportamento floral distinto. De acordo com a abertura floral os abacateiros são agrupados em dois grupos: A e B. O grupo A compreende as variedades que apresentam a parte feminina receptiva no período da manhã e as anteras fechadas – sem liberação do pólen para a fecundação. Nas variedades do grupo B, a abertura da parte feminina ocorre após o meio dia e fecha no entardecer, quando as anteras estão fechadas e só abrirão na manhã seguinte. A alta produção de frutos exige que o pomar seja constituído por variedades dos grupos A e B para que o pólen de um grupo fecunde as flores das árvores do outro e vice versa.
Frutos: são do tipo drupa, com peso e forma muito variáveis, de 100 g até mais de 1 kg, possui uma casca que pode ser fina, quebradiça ou grossa, dependendo da raça, e uma semente, que também pode ser utilizada em culinária, como na América Central. A forma do fruto pode ser arredondada, piriforme, elíptica ou outras. O que se consome é o mesocarpo, que pode conter de 5% a 30% de óleo, o que diferencia variedades e raças. O abacate é um fruto climatérico, deve ser colhido em um ponto de colheita apropriado, senão não amadurece, podendo amolecer, mas ficando com péssima qualidade. Isso ocorre mais no início da safra, principalmente para as variedades precoces, ou mesmo para outras variedades. A
Variedades: as principais variedades são Fortuna e Quintal e outras mais tardias e precoces, enquanto os “avocados” mais cultivados são das variedades Hass e Fuerte, com frutos pequenos; o primeiro fica negro, quando maduro, e é originado da Califórnia e da raça guatemalense. O Fuerte é variedade originada no México e é um possível hibrido entre as raças mexicana e guatemalense. As variedades de abacate aqui consumidas ao natural ou usadas para se fazer “vitamina”, são de origem brasileira, de tamanho grande, variando de 300 g a 700 g, são produzidas de fevereiro até outubro, com oferta muito grande no meio do ano, com preços mais baixos. O “avocado” é produzido nas estações precoce e meia, mas o Hass pode ser conservado na planta por um longo período, e é vendido com maior valor agregado, para ser usado na culinária, em saladas ou na forma de guacamole, um típico prato mexicano.
Outras variedades: além das variedades Quintal e Fortuna, de meia-estação, outras como Geada (precoce) e Margarida, Ouro Verde, Reis, Campinas e Solano (tardias) perfazem a maior percentual do total de vendas no Ceagesp. O período de maior oferta cobre quase o ano todo, com apenas novembro e dezembro com menor oferta.
Clima e solo: adapta-se a vários tipos de clima, preferindo temperaturas médias em torno de 20⁰C, tolerando de -5⁰C a 0⁰C. De acordo com as três raças existentes, antilhana, guatemalense e mexicana, adapta-se a altitudes variadas, podendo ocorrer em altitudes de até 800 m (antilhana), até 2000 m (guatemalense) e acima de 2000 m (mexicana), que são os cultivares de climas mais frios. Adapta-se melhor em solos mistos, areno-argilosos, profundos e bem drenados.
Pelo sabor de sua polpa pouco açucarada, o abacate pode ser consumido como iguaria doce ou salgada, de acordo com os hábitos e a cultura dos povos das regiões em que é cultivado.
No Brasil é consumido com açúcar, mas em outros países é usado em saladas.
É rico em ácido fólico, prevenindo doenças congênitas; vitaminas A, E e C, beneficiando a pele; ajuda a melhorar o perfil do colesterol no sangue e o sistema circulatório porque contém gordura saudável, como os ômega 3. Além disso, pode proteger as células pela sua riqueza em antioxidantes.
Em razão da qualidade de seu óleo, é usado na fabricação de cosméticos.
É uma das 71 plantas medicinais autorizadas para uso pelo Ministério da Saúde. Algumas das propriedades medicinais do abacate são: diurético, analgésico, antitérmico, carminativo, emenagogo, anti-helmíntico, antiinflamatório, antidisentérico e no combate aos cálculos renais. O chá das folhas é indicado como excitante da vesícula biliar, com as folhas apresentando outras propriedades: carminativas, estomáquicas, emenagogas, vulnerárias, anti-sifilíticas, diuréticas, atuantes contra doenças renais, bronquites, caspa, reumatismo, amenorréia, flatulência e uremia e ainda como febrífugas. Normalmente são utilizados em infusão as folhas, os brotos e as flores.
Curiosidades: O nome abacate vem do espanhol aguacate que, por sua vez, de náhuati do idioma náutatle ou asteca que literalmente quer dizer testículo. Os incas do Peru o chamavam de palta ou palto e este ainda é seu nome mais comum no Peru e no Chile.
O abacate é considerado um dos principais frutos tropicais, pois possui as vitaminas lipossolúveis que, em geral, são deficientes nas outras frutas. Além destas, contém proteínas e elevados teores de potássio e ácidos graxos insaturados. Apresenta quantidade variável de óleo na polpa, sendo esta vastamente utilizada nas indústrias farmacêutica e de cosméticos, e na obtenção de óleos comerciais similares ao azeite de oliva. Esse fruto tem sido reconhecido por seus benefícios à saúde, especialmente em função dos compostos presentes na fração lipídica, como ácidos graxos ômega, fitoesteróis, tocoferóis e esqualeno.
Estudos têm demonstrado os benefícios do abacate associado a uma dieta balanceada, principalmente, na redução do colesterol e na prevenção de doenças cardiovasculares. A polpa do abacate na forma processada é uma alternativa para aproveitar os frutos, passível de ser utilizada em diversos produtos alimentícios de maior valor agregado. O extrato fluido das folhas do abacateiro é muito utilizado em produtos farmacêuticos, principalmente pelo caráter diurético de compostos presentes nessa parte da planta. Com o aumento das pesquisas que comprovam as características nutricionais e os benefícios do abacate, a tendência é aumentar sua produção e exploração no Brasil, a exemplo do que já ocorre em outros países.
O abacate, portanto, é um dos frutos de maior valor nutricional. Análises de diversas variedades deram em média os dados de minerais e vitaminas apresentados a seguir.
Minerais – de 8 a 18 mg de cálcio; 22 a 44 mg de fósforo; 0,2 a 1,03 mg de ferro; 89 a 599 mg de potássio; 10 mg de sódio; 0,42 mg de zinco; 0,23 mg de manganês.
Vitaminas – 0,03 mg de vitamina A, ou 61 de retinol equivalente; 0,1 a 0,3 mg de vitamina B1; 0,12 a 0,28 mg de vitamina B2; e 7,9 a 14 mg de vitamina C.
A análise do “avocado” deu, em média, os seguintes dados: 176 kcal, 6,94 g de carboidratos, 17,34 g de gordura total, 2,08 g de proteínas, 2,72 g de fibras, sendo apenas 2,44 g de gordura saturada para o abacate comum e 2,60 g para o “avocado”, ambos com zero de colesterol. O abacate tem sido indicado para uso medicinal e em regimes de dietas.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.