O livro “Tons de Verde”, publicado em 2018 pela Metalivros, apresenta um retrato pouco conhecido da sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro. Não se trata de um manifesto, mas de um documento. O autor é Evaristo de Miranda, engenheiro agrônomo, doutor em Ecologia e chefe da Embrapa Territorial. Por meio de dados precisos, atualizados há menos de dois anos pelo IBGE, pelo Ministério do Meio Ambiente e pela própria Embrapa, ele demonstra ser falsa a imagem de que a proteção do meio ambiente é insuficiente no meio rural do Brasil. Principalmente, comprova que o produtor brasileiro, em sua enorme maioria, ao contrário do que se tornou uma espécie de “verdade indiscutível” entre ambientalistas do Brasil e do exterior, não é um agressor da natureza, pois tem contribuído de forma significativa para a manutenção e a ampliação das áreas de preservação do país.
Além de mostrar em números a importância da agropecuária brasileira, Evaristo de Miranda revela que o Brasil, quinto colocado no mundo em extensão territorial, é o primeiro em áreas protegidas, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP – United Nations Environmental Programme).
Áreas protegidas
São consideradas áreas protegidas as unidades de conservação (UCs) e as terras de uso tradicional ou nativas (indígenas). As UCs (englobando reservas naturais, parques nacionais e estaduais, estações ecológicas, florestas nacionais e áreas de proteção ambiental) somam 1.871 unidades, totalizando 154,4 milhões de hectares ou 18% do Brasil. Até a promulgação da Constituição de 1988, havia no Brasil 248 UCs, ocupando 19,8 milhões de hectares ou 2,3% do território brasileiro.
As terras indígenas, que até 1988 eram 60 e ocupavam 16 milhões de hectares, somavam 600 em 2018, ocupando 118 milhões de hectares ou 14% do país.
Somadas (e descontadas as sobreposições), as áreas protegidas do Brasil cobrem 30,2% do território brasileiro. Nenhum outro país protege tanto. Em seguida, vêm Austrália (19,2%), China (17%), Estados Unidos (13%), Rússia (9,7%), Canadá (9,7%), Argentina (8,9%), Índia (6%) e Cazaquistão (3,3%).
O papel da agropecuária
Adicionalmente, afirma o autor, “os agricultores brasileiros dedicam à preservação da vegetação nativa e da biodiversidade 48% da área total de seus imóveis”. E acrescenta: “A soma dessas áreas representa 20,5% do território nacional e é fator determinante na compreensão da sustentabilidade efetiva da agropecuária no Brasil”.
Com base em todos os dados apresentados no livro, a conclusão é a de que o uso agropecuário cobre apenas 22,2% do território brasileiro, com 74,3% correspondendo à área destinada à proteção, preservação e conservação da vegetação nativa e 3,5% à ocupação por cidades e infraestrutura.
Nos Estados Unidos, o quadro é oposto: 74,3% do território são destinados ao uso agropecuário, 19,9% à proteção, preservação e conservação da vegetação nativa e 5,8% são ocupados por cidades e infraestrutura.