Nome científico: Plinia edulis (Berg) Nied.
Família: Myrtaceae
Nomes populares: cambucá, cambucazeiro, cambucá-verdadeiro.
Árvore frutífera endêmica do Brasil e nativa da zona litorânea da Mata Atlântica. Seu fruto fez parte do cotidiano dessa região até a primeira metade do século vinte, mas hoje é pouquíssimo conhecido. Da família à qual pertencem frutas populares, como goiaba, jabuticaba e pitanga e outras menos conhecidas, como cambuci, araçá e gabiroba ou guariroba, o cambucá (palavra indígena, que significa “fruta de mamar”) é considerado uma das frutas mais saborosas que há no Brasil e no mundo.
Flores: são brancas, nascem solitárias ou em grupos no caule, no qual, como as jabuticabas, os frutos da cambucá brotam direto.
Frutos: têm de 4 a 7 cm de diâmetro, são arredondados e achatados nos pólos, com a casca lisa, sulcos com leve relevo longitudinais e coloração intensamente amarelo-alaranjada. Sua polpa é suculenta e também amarelo-alaranjada. Seu sabor lembra o da jabuticaba, porém mais intenso e de um agridoce balanceado sem adstringência.
Considerada uma raridade da Mata Atlântica, a espécie está praticamente limitada ao que restou de seu ambiente natural, alguns pomares de produtores de frutas raras, jardins botânicos e poucas chácaras e quintais anônimos. Não há variedades de cambucá, apenas um tipo foi observado em Jaboticabal, de frutos maiores e de ótima qualidade, mas sua reprodução via mudas enxertadas é difícil.
Seus frutos são comestíveis e muito saborosos para o consumo “in natura” e são procurados por várias espécies de pássaros, podendo ser empregados em reflorestamentos mistos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente, devendo ser preservado, pois tem-se tornado cada vez mais raro. Sua safra principal ocorre no verão, no estado de São Paulo.
Usos do cambucá
O fruto do cambucá é consumido principalmente in natura de maneira semelhante à jabuticaba e é extremamente atrativo a várias espécies de pássaros e pequenos mamíferos.
Tanto a polpa quanto a parte carnosa da casca ainda podem ser aproveitadas no preparo de doces, sucos, sorvetes, geleias e licores.
A árvore tem aplicação paisagística: possui copa densa, tronco ornamental e na temporada de frutos adquire um impressionante efeito decorativo e serve, em especial, para a recuperação de matas ciliares, áreas degradadas de preservação permanente e poleiro para dispersores de sementes.
A madeira é resistente, elástica e bastante pesada (d=0,91 g/cm3) pode ser aproveitada na carpintaria e na marcenaria, sendo utilizada na fabricação de pequenas ferramentas e mobiliário.
Foto 1. Fruto cortado mostrando semente e polpa; esta chega a ter metade do peso do fruto
Foto 2. Frutos de cambucá mostrando ataque de pragas e doenças
Foto 3. Frutos, flores e folhas de cambucá
O cambucá tem valor medicinal. É utilizado pelos nativos e caboclos como medicamento para desordens estomacais, da garganta e diabetes, tendo sido avaliados e comprovados estes efeitos por pesquisas. Na medicina popular, folhas e sementes sob a forma de infusão são usadas em formulações homeopáticas contra a bronquite, tosse e coqueluche. Os benefícios à saúde promovidos pelos cambucazeiros são popularmente conhecidos por caiçaras dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Algumas pesquisas investigam o potencial medicinal da espécie e os resultados preliminares apontaram baixa toxicidade e eficiência na proteção do estômago contra úlceras não crônicas, quando se usa o extrato obtido das folhas. Também estão sendo avaliadas a ação contra tumores (câncer) e a atividade antioxidante (combate a radicais livres e ao envelhecimento).
A qualidade média do fruto foi avaliada na UNESP de Jaboticabal, em 1997, e deu cerca de 47% de polpa, 19% de casca e 33% de sementes, tendo a polpa 8 ºBrix, 0,36% de acidez e baixo nível de vitamina C. Outras análises de frutos foram relatadas, com até 73% de polpa, vitamina C de 15 a 27 mg por 100 g de polpa em frutos maduros, com bom teor de tiamina e riboflavina, e pouco de gordura.
Análises anteriores da ESALQ-USP, de Piracicaba, deram sólidos totais de 17 a 19 ºBrix, proteína de 1,36 a 2% e baixa porcentagem de gorduras, de 0,70 a 0,80 %; boa composição de minerais, com o potássio sendo o principal, seguido por fósforo e cálcio.
Minerais – 21 mg de cálcio; 22 mg de fósforo; 0,3 mg de ferro; potássio – 28 a 34 mg.
Vitaminas – 0,03 mg de vitamina A; 0,04 mg de vitamina B1 e B2 cada uma; 12 mg de vitamina C; 0,5 mg de B3.
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas.
O fruto é uma baga subglobosa, lisa, ligeiramente costada, ou seja, com estrias longitudinais, amarela ou amarelo-alaranjada quando bem maduro, medindo de 3 a 5 cm de diâmetro e 2 a 3 cm de altura. A casca é grossa, coriácea, e a polpa é abundante, com mais de 50% do fruto, doce a acidulada, sabor agradável, e cada fruto contém usualmente uma semente de 2 a 2,5 cm , ou duas menores, achatadas. O florescimento ocorre em setembro-outubro, para colheita de seus frutos no verão, em janeiro-fevereiro, podendo ir até março. Floradas temporãs são mais raras, ao contrário da jabuticabeira, e, diferentemente desta, também não tem floradas intensas, sendo as flores distribuídas esparsamente nos ramos. (DONADIO, L.C & CARVALHO, J.E.U de, 2010).