12/06/2013 – Embrapa Agroenergia
O tucumã (Astrocaryum aculeatum), encontrado principalmente no Amazonas, no Pará e no Amapá, é uma das frentes de estudos da Embrapa para se tornar uma alternativa de fonte de energia renovável. “Tucumã e seus coprodutos” é o tema do programa Prosa Rural, produzido pela Embrapa Informação Tecnológica, que vai ao ar de 03 a 09 de junho na região Norte.
Em uma grande rede, coordenada pela Embrapa, cientistas estão trabalhando para tornar o tucumã comercialmente viável. No Prosa Rural, pesquisadores da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), Amazônia Oriental (Belém/PA) e Amazônia Ocidental (Manaus/AM), falam sobre a produção de mudas, banco ativo de germoplasma, seleção de sementes, ponto de colheita e a qualidade do óleo.
O fruto do tucumanzeiro é tradicionalmente utilizado na alimentação humana, tanto in natura (consumo da polpa do fruto), quanto para fabricação de sorvetes, de cremes e de doces. Além disso, o azeite, rico em Vitamina A, é também utilizado na alimentação humana. Em algumas localidades no estado do Pará existe um uso bastante interessante do tucumã relacionado ao artesanato, pois o mesmo é usado na produção de cestas, de anéis e de outros adornos. Em suma, os usos dessa palmeira estão relacionados à alimentação principalmente no estado do Amazonas, e ao artesanato, no estado do Pará.
Tucumã para energia
“Dada à qualidade do óleo que é extraído do tucumã, pode-se também produzir biodiesel a partir desse óleo”, conta o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso. Além do óleo, outra alternativa para aproveitamento do tucumã para fins energéticos é a queima dos cachos do tucumã em caldeiras para a geração de energia elétrica (processo de cogeração).
Alonso explica que, para que a exploração do tucumã se torne realidade para fins agro-energéticos, deve-se investir em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação A espécie ainda está em domesticação e sua exploração atualmente ocorre de maneira extrativista. Nesse sentido, a Embrapa vem pesquisando o tucumã há alguns anos por meio de vários projetos. Um deles é a rede PROPALMA, financiada pela Finep, e que se concentra em quatro palmeiras: a macaúba, o inajá, o babaçu e o tucumã, selecionadas devido sua densidade energética. A rede tem por objetivo iniciar o processo de domesticação dessas espécies além de resolver gargalos tecnológicos para sua plena exploração.
A rede vem buscando soluções tanto para a questão da germinação quanto para a produção de mudas do tucumã do Amazonas. “De uma maneira geral todas as plantas de tucumã, têm um sério problema de germinação porque a semente é dura, além de apresentar um endocarpo muito grosso. Isso em condições naturais resulta em um baixo índice de germinação”, salienta Jéferson Macedo, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental. “Sem um sistema eficiente de produção de mudas não é possível disponibilizar material que possa ser plantado e efetivamente explorado pelos produtores,”, afirma Macedo.
No âmbito do PROPALMA vêm sendo desenvolvidas técnicas que o agricultor posteriormente poderá utilizar para produzir mudas a partir do tucumã do Amazonas. No Prosa Rural, Jéferson Macedo descreve o passo a passo.
As mudas
Da equipe da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, Walnice Nascimento, também fala sobre outra tecnologia (propagação por perfilho) que vem sendo desenvolvida para resolver a questão relacionada à produção de mudas. “Esta técnica de propagação de perfilho é a mais viável e é a que nós estamos recomendando para o produtor interessado em produzir mudas”, diz a pesquisadora. Cerca de 6 a 8 meses após a retirada do perfilho da base da planta matriz, pode-se conseguir uma muda, enquanto via sementes leva-se em torno de 2 anos.
A Embrapa Amazônia Oriental desenvolve também trabalhos relacionados à prospecção, enriquecimento e implantação de um banco de germoplasma para o Tucumã. O objetivo do estabelecimento desta coleção é permitir a seleção de tucumanzeiros adequados para o mercado de óleo.” relata a pesquisadora Maria do Socorro Padilha. Além da ampliação do banco e da seleção dos tucumanzeiros de maior interesse, os pesquisadores estão elaborando uma espécie de “álbum de família”, chamado de manual de caracterização.
A colheita
As pesquisas com o tucumã não estão concentradas somente em melhoramento genético. A Embrapa desenvolve também, por meio da rede PROPALMA, pesquisas na área de agroindústria. “Estamos atuando em duas linhas que são a determinação do ponto ótimo de colheita e da qualidade do óleo, após a colheita do fruto”, declara o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Marcos Enê de Oliveira.
No caso do ponto ótimo de colheita, o objetivo é determinar quando os frutos estão com o teor de óleo ótimo, de forma que quem colhe nessa condição maximiza a produção de óleo, evitando consequentemente prejuízos decorrentes da colheita de um cacho com pouco óleo. Em termos de pós-colheita, o objetivo dos trabalhos é determinar o período ótimo de processamento do cacho após a colheita. Uma vez que o processamento for otimizado, garante-se a extração de óleo de excelente qualidade.
Com o desenvolvimento dessas e de outras tecnologias, espera-se, em médio a longo prazo, que produção da do Tucumã possa ser realizada em de modo economicamente viável em larga escala, reforça Alexandre Alonso. Além disso, ao buscar alternativas de aproveitamento econômico para os coprodutos e resíduos dessa espécie, espera-se que o tucumã seja cultivado não apenas para suprir o atual mercado alimentício e o crescente mercado de biodiesel, mas também para suprir potenciais mercados de novos químicos de maior valor agregado.
Daniela Garcia Collares – Embrapa Agroenergia.