03/04/2016 – Todafruta
Autores: Jairo Fernando Pereira Linhares; Maria Ivanilde de Araújo Rodrigues; José de Ribamar Viana dos Santos Filho
O muricizeiro (Byrsonima crassifolia (L.) Kunth – Malpighiaceae), fruteira tropical raramente cultivada e que geralmente é propagada por sementes. Originária do Norte e Nordeste do Brasil possui ampla distribuição: savanas da América do Sul, México, Paraguai e Bolívia. No Brasil, ocorre em toda a região Amazônica até a Bahia, Goiás e Mato Grosso, em tipologias vegetacionais de campos, restingas, tabuleiros, capoeiras ralas, entretanto, sua ocorrência é muito comum na região litorânea (restinga), numa faixa que se estende pelos estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará até o Estado do Acre. Fruteira de porte variando entre 3 – 15 metros de altura, dependendo das condições nutricionais do solo.
Apresenta folhas simples e coriáceas, de tronco e ramos retorcidos, com ramos tocando o solo e se desenvolvendo horizontalmente tal como os cajueiros do nordeste brasileiro que apresentam essa mesma característica de desenvolvimento. As flores são hermafroditas apresentando cinco pétalas de coloração amarela ou avermelhada, polinizadas por abelhas. Seus frutos são do tipo drupa globosa medindo 1-2 cm, de cor amarela e sabor agridoce característico, contém de 1 a 3 sementes (endosperma), dispostos em inflorescências (formando cachos). O mesocarpo (polpa) com rendimento de ± 70% do fruto, de consistência pastosa, apresenta teores consideráveis de lipídios, proteínas, carboidratos, vitamina C, além de minerais como cálcio, ferro e zinco.
Podem ser consumidos in natura, mas preferencialmente sob a forma de suco, sorvete, creme, picolé e licor. São comercializados somente no varejo, onde são acondicionados e vendidos em garrafas, pequenos cestos de palha, ou em bandejas de isopor. Os frutos são tolerantes ao transporte, entretanto, sensíveis a temperaturas elevadas, portanto, devem ser conservados sob-refrigeração. Além de ser uma espécie frutífera, é utilizada para outras finalidades como fornecimento de lenha e carvão. Na medicina popular, a sua casca adstringente (20% de tanino) é utilizada contra diarreia, tratamento da tuberculose, antifebril, e também fortificante.
Por ser uma fruteira que apresenta desenvolvimento rápido, rusticidade e boa produtividade, seu cultivo é recomendado para enriquecimento de pequenos pomares, sistemas agroecológicos e também é indicada na recuperação de áreas degradadas. Para obtenção de sementes para a produção de mudas, os frutos devem ser colhidos diretamente na planta após maduros, ou recolhidos após a queda dos mesmos, colocar os frutos em sacos plásticos até o apodrecimento parcial da polpa para facilitar a retirada das sementes após lavagem em água corrente utilizando uma peneira. As sementes devem ser postas para germinar logo após serem obtidas, e semeadas em canteiros semi-sombreados, pois se trata de sementes recalcitrantes, ou seja, perdem rápido a sua viabilidade. Relação peso x número de sementes: 1 kg de sementes corresponde a ± 2.800 unidades.
REFERÊNCIAS
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 3. 1º ed. São Paulo. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. 384p.
LORENZI, H. Frutas brasileiras e exóticas de consumo in natura. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006. 640p.
PINHEIRO, C.U.B.; ARAUJO, N.A.; AROUCHE, G. C. Plantas úteis do Maranhão: região da Baixada Maranhense. São Luís: Gráfica e Editora Aquarela, 2010. 260p.
RABELO, A. Frutos nativos da Amazônia: comercializados nas feiras de Manaus. Manaus: INPA, 2012. 390p.
O Todafruta agradece a colaboração dos autores
Jairo Fernando Pereira Linhares – Doutor em Agronomia (Horticultura)
Maria Ivanilde de Araújo Rodrigues – Doutoranda em Ciências Biológicas (Botânica), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
José de Ribamar Viana dos Santos Filho – Guia de turismo local / mateiro