Autores: João Paulo Tadeu Dias1, Keiko Takahashi1e Elizabeth Orika Ono2
Popularmente conhecida na região Nordeste como pau de seda ou calabura (Muntingia calabura L.) é uma espécie frutífera da família Tiliaceae, nativa da América tropical (do México à Colômbia) encontra-se amplamente distribuída pelo Brasil. A planta tem altura em torno de 14 m e caule de aproximadamente 20 cm de diâmetro, sua copa apresenta-se achatada e esparramada com longos ramos. Quando jovem o caule e os ramos possuem coloração escura com traços brancos. As flores são brancas com 2 cm de diâmetro, possuindo 5 sépalas e 5 pétalas, dispostas em cimeiras, com número livres de estames. O fruto é pequeno, do tipo baga arredondada e plurilocular de cor vermelha e com várias sementes por fruto, sendo sua colheita realizada geralmente, na primavera e início do verão. Os frutos são comestíveis, adocicados e ricos em vitamina C, ferro, cálcio, além de ser utilizada para a alimentação da ave-fauna, especialmente peixes (MARTINS et al., 2002). O peso médio dos frutos é de 1,42g, com composição de aproximadamente: 4,69% de cinzas, 13,88% de fibras brutas, 7,81% de proteína bruta e 5,7% de gordura bruta, além de 95,3% de matéria orgânica total e 67,89% de extrato de nitrogênio livre (Rahman et al., 2010).
Descobertas recentes sugerem alta capacidade antioxidante, inibição da atividade de peroxidação lipídica, além de ser um potente agente de clareamento de pele, provavelmente, decorrente da presença de compostos fenólicos, tornando-se candidato apropriado para correção de distúrbios de hiper-pigmentação (Balakrishnan et al., 2011), além de atividade cardioprotetora (Nivethetha et al., 2009). Extratos da planta são usados na medicina popular nordestina por possuir propriedades anti-bacterianas (RAMOS et al., 2009), apresentando atividade em extratos foliares para o controle de Corynebacterium diphtheria, Proteus vulgaris, Staphylococcus epidermidis e Aeromonas hydrophila (ZAKARIA et al., 2006) e Staphylococcus aureus(ZAKARIA et al., 2010),causadores de doenças como: difteria, cistite, infecções urinárias e gastroenterite, dentre outras.
Usualmente, adota-se para o cultivo, o espaçamento de 6 x 8 m, sendo seu crescimento rápido. Da planta é extraída uma madeira leve, firme, clara, fácil de ser trabalhada, que não empena e adquire lustro no acabamento, se prestando para o fabrico de tonéis (MARTINS et al., 2002).
A planta pode ser utilizada como ornamental, além do processo de restauração de áreas degradadas e que necessitam de sombreamento (MARTINS et al., 2002), sendo caracterizada com uma espécie pioneira, normalmente, multiplicada por sementes. Morcegos e periquitos são os principais dispersores das sementes de M. calabura e a maior atenção dessas espécies, ocorrem no período de pico de frutificação, tendo a germinação do embrião das sementes, acumuladas no solo da floresta, relativamente alta em áreas com alta atividade de animais frugívoros (Fleming et al., 1985). Figueiredo et al. (2008) revelaram que a planta é autocompatível e apresenta autopolinização espontânea, com flores visitadas por abelhas e frutos consumidos por morcegos e aves, em geral. Bredt et al. (2002) revelaram que a calabura sofre visitação de morcegos fitófagos, principalmente das espéciesArtibeus lituratus, Glossophaga soricina e Platyrrhinus lineatus, na região central do Brasil.
A germinação do embrião das sementes é rápida e elevada, sendo um vegetal altamente reprodutível sob cultivo, com possibilidade de ser uma opção para inclusão em reflorestamento urbano. Contudo, as características reprodutivas colocam a espécie como potencial e importante planta invasiva na região sudeste brasileira (Figueiredo et al., 2008).
Lopes et al. (2002) mostraram que, praticamente todas as sementes de calabura germinaram com temperatura alternada de 20-30ºC em areia e papel, utilizados como substrato. Também, pré-tratamentos de sementes embebidas com solução de cal (CaO) a 0,025 g/mL, durante cinco minutos, além de nitrato de potássio (KNO3) a 0,2%, melhoraram a capacidade germinativa das sementes com mucilagem. Há necessidade de luz para germinação das sementes da planta, sendo favorecida por dias longos, corroborando por tratar-se de uma espécie pioneira (Leite; Takaki, 2001).
REFERÊNCIAS
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Zakaria, z. a.; Sufian, A. S.; Ramasamy, K.; Ahmat, N.; Sulaiman, M. R.; Arifah, A. K.; Zuraini, A.; Somchit, M. N.In vitro antimicrobial activity of Muntingia calabura extracts and fractions.African Journal of Microbiology Research, v. 4, n. 4, p. 304-308, 2010.
O TodaFruta agradece a colaboração dos autores.
1Pós-graduando (a) em Agronomia (Horticultura), Universidade Estadual Paulista (UNESP), CEP 18603-970 – Botucatu-SP. e-mail: diasagro@fca.unesp.br
2Professora Adjunta – Depto. Botânica – IB, UNESP – Botucatu-SP.